Há pouco mais de uma semana, as autoridades chilenas iniciaram as investigações preliminares sobre a morte do ex-presidente Salvador Allende (-1973). Reportagem exibida pela rede estatal de televisão do país, a TVN, informa que Allende morreu com dois tiros no cérebro.
As informações são de um relatório da Promotoria Militar do Chile, localizado em uma casa em demolição, a que a emissora teve acesso. No último dia 23, os restos mortais de Allende foram exumados do mausoléu da família no Cemitério Geral de Santiago. As investigações sobre a morte de Allende são comandadas pelo representante do Ministério Público do Chile, ministro Mario Carroza.
Uma equipe de 11 profissionais trabalha nas análises de antropologia e exames de sangue. A série especial sobre a morte de Allende foi produzida pela jornalista Paulina Allende-Salazar. Independentemente dessas informações, uma equipe formada por médicos, antropólogos e biológos, entre outros profissionais, sob o comando do Ministério Público e do Serviço Médico-Legal, examina os restos mortais do ex-presidente.
A operação é acompanhada pela família Allende, que acredita na hipótese de suicídio, versão dada para a morte do ex-presidente. Na sociedade chilena, há dúvidas sobre a causa da morte de Allende, ocorrida há quase 38 anos.
Em 1990, os restos mortais de Allende foram exumados para receber as honras de chefe de Estado. Mas é a primeira vez que a Justiça do Chile abre um inquérito para investigar as circunstâncias da morte do ex-presidente — último chefe de Estado democraticamente eleito no país antes do golpe militar de 1973.
Allende morreu em 11 de setembro de 1973, quando as forças do general Augusto Pinochet invadiram a sede do governo, o Palácio de La Moneda, onde estava o então presidente. Durante o golpe militar, a informação divulgada sobre a morte de Allende era de que ele se matou com um tiro.
O caso do ex-presidente está entre 726 processos envolvendo vítimas de violação de direitos humanos durante o período militar no Chile — de 1973 a 1990. A ditadura do ex-presidente Augusto Pinochet é considerada por historiadores uma das mais violentas da América Latina.