Em tempos de acumulação crescente do capital é necessário que continuemos debatendo sobre a temática que unifica diferentes teóricos, militantes e trabalhadores: a redução da jornada de trabalho.
Os mais desavisados acreditam que queremos que as classes trabalhadoras trabalhem menos, produzam menos e fiquem desempregadas. Afirmam que queremos “quebrar” o nosso imenso e ainda jovem país.
Mas pergunto: como pensar a redução da jornada em um mundo que intensifica a produção até mesmo aumentando o tempo em que os trabalhadores dedicam às suas funções? Reduzir essa carga horária não significa perda de produção. Tal medida, representa a geração de mais empregos formais com tempo maior para o lazer, acesso aos bens culturais, direito de mulheres e homens com o cuidado dos filhos e com a própria saúde.
Trabalhar, as mulheres bem sabem, não é só estar na esfera da produção formal, mas também cuidar do mundo. As trabalhadoras formais das camadas mais populares de nosso país são as que mais cuidam e as que menos se cuidam, por isso morrem tanto por causas evitáveis como câncer de colo de útero e mama e são muito atingidas por transtornos mentais originados do ambiente de trabalho e pelo assédio moral e sexual, pela ocorrência de lesões por esforços repetitivos, distúrbios, diabetes e infecções.
Amanhã, 1º de maio, são necessários passos firmes nas políticas públicas direcionadas à saúde dos trabalhadores. A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas tem tudo para ser a propulsora dessas políticas.
Não somos meros produtores de mercadorias, como o capitalismo nos travestiu desde os seus primórdios. Produzimos vida e, para que esta seja plena, precisamos ter como horizonte a superação da sociedade do capital, ao mesmo tempo em que contribuímos para o aprofundamento de um novo projeto nacional que realize o desenvolvimento justo, solidário, sustentável e radicalmente humano.
Artigo da Vereadora de Fortaleza -Eliana Gomes (PCdoB)