Manifestantes voltam às ruas do Egito por punição a Mubarak


 Milhares de pessoas voltaram nesta sexta-feira (8) a ocupar a Praça Tahrir, na cidade do Cairo, capital do Egito, para exigir que o presidente deposto Hosni Mubarak e seu regime sejam processados e condenados.

 
A multidão clamava por justiça, cantando "O povo quer julgar o presidente deposto", enquanto mais manifestantes se reuniam na Praça, após as orações de sexta-feira.
 
Os movimentos denominaram o protesto de "Dia do Julgamento e da Limpeza", feito para pressionar o conselho militar, que rege o país, a realizar as reformas prometidas e julgar na justiça os ex-membros do regime.
 
Os protestos têm sido realizados de forma regular no Egito desde a queda de Mubarak, em 11 de fevereiro, no entanto a participação nas manifestações deverá aumentar consideravelmente, depois que a Irmandade Muçulmana — o maior e mais organizado grupo de oposição — ter prometido participar do protesto desta sexta-feira.
 
"Diferentemente de outras ocasiões, essa é a manifestação que se pode chamar de mais representativa dos movimentos políticos do Egito, já que inclui a poderosa Irmandade Muçulmana, que esteve ao largo das recentes manifestações afirmando que daria mais tempo ao conselho militar para que concretizasse as demandas populares", afirmou a emissora de televisão catariana al-Jazira.
 
Alguns ex-ministros e membros do Partido Nacional Democrático, de Mubarak, estão sendo investigados, como parte de uma grandiosa operação judicial contra a corrupção, mas ativistas da oposição contestam a real profundidade da operação, afirmando que muitas figuras chave do antigo regime ainda precisam ser trazidas à justiça.
 
Zakariya Azmi, chefe do gabinete de Mubarak, foi preso na última quinta-feira, acusado de utilizar seu posto para enriquecer de forma ilícita. Ele é o mais importante representante do regime de Mubarak preso até o momento.
 
Muitos egípcios consideram que os processos são uma das maiores conquistas do movimento de massas que derrubou Mubarak.
 
Uma comissão foi formada para investigar a origem da fortuna de Mubarak e seus colaboradores, uma vez que há suspeitas de corrupção. 
 
O ex-presidente e a família estão em Charm el-Cheikh, uma estância balneária no Mar Vermelho. Todos estão proibidos de abandonar o país e tiveram os seus bens congelados.
 
Alguns ministros de Mubarak e empresários próximos dele também estão proibidos de sair do Egito e tiveram os seus bens congelados. A previsão é que os processos de julgamento dos colaboradores do ex-presidente comecem ainda este semestre.