Haiti: após primeiros resultados, acusações de fraude persistem


O clima de tensão e de acusações de fraudes aumentou nesta terça-feira (5), assim que foram anunciados os resultados preliminares das eleições no Haiti, que deram a vitória presidencial ao cantor Michel Martelly.

Segundo a Comissão Eleitoral Provisória (CEP), o candidato pelo partido Resposta Camponesa, Michel Martelly, alcançou 67,57% de votos válidos, enquanto sua adversária, ex-primeira dama Mirlande Manigat, do Reagrupamento dos Democratas Nacionais Progressistas, registrou 31,74%.

As informações divulgadas pelo CEP serão definitivas até meados de abril e, a partir desta terça-feira, os candidatos poderão abrir pedidos para impugnar a apuração.

Autoridades haitianas temem que nesta terça-feira ocorram conflitos no país, já que equipes de profissionais da Polícia Nacional e das forças das Nações Unidas continuam sendo recrutadas para operações.

A publicação dos resultados do primeiro turno, em 7 de setembro de 2010, gerou um caos generalizado por mais de três dias. O conflito teve como consequência a morte de duas pessoas e diversos danos materiais na infraestrutura do país, conhecido por ser o mais pobre da região.

Apoiadores de Manigat e membros de uma equipe rechaçaram a apuração e asseguram que farão o possível apara anulá-lo.

Antes da divulgação oficial, já circulavam acusações de irregularidades e favoritismo entre membros do CEP. Manigat acusou o presidente do órgão eleitoral, Gaillot Dorsainvil, de influenciar no processo de computação dos votos a favor de Martelly e de incluir na apuração cédulas eleitorais descartadas previamente por fraudes.

O anúncio ocorrido três meses depois do primeiro turno foi precedido pela confirmação de um alto número de irregularidades.

Na semana passada, o órgão eleitoral informou a anulação de mais de 14% das 11.180 cédulas emitidas para presidente e outras 15.200, representando 60% do total, segundo as análises de peritos para confirmar sua autenticidade.

Os haitianos foram às urnas no último dia 20 de março para eleger sete senadores, 79 deputados e o novo presidente, depois da anulação das eleições de novembro de 010 por irregularidades e pressões de organismos internacionais.