A Copa 2014 será a primeira sob um novo regime global de governança no que diz respeito à mudança do clima. Até lá a comunidade internacional já terá resolvido como dará continuidade ao Protocolo de Quioto, tratado que obriga os países industrializados a reduzirem as emissões de gases causadores do efeito estufa, que termina em 2012. Embora não faça parte desse grupo de países, o Brasil assumiu publicamente o compromisso de reduzir as emissões e definiu uma política nacional para tratar do tema – Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC).
O Brasil possui um capítulo próprio nessa empreitada, no mundial da FIFA, que será realizado em 12 cidades brasileiras: minimizar e compensar as emissões de gases do efeito estufa, principalmente nessas cidades. Esse é justamente o principal objetivo do Núcleo Temático sobre Mudanças Climáticas, um dos cinco que constituem a Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CTMAS). Para discutir políticas públicas e soluções técnicas para as obras da Copa, o governo federal criou nove câmaras temáticas, que trabalharão sob a coordenação do Ministério do Esporte.
O núcleo já tem previstos aproximadamente R$ 300 milhões para investimentos, em 2011, em três linhas de projetos sobre clima relacionados à Copa. Com recursos provenientes do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, criado a partir da PNMC, as linhas preveem investimentos nas áreas de infraestrutura e energia com a finalidade de diminuir e minimizar as consequências das emissões de gases do efeito estufa. A ideia é garantir circulação e mobilidade sustentáveis, e o uso de combustível alternativo pelos ônibus das delegações e pelas frotas a serviço da Copa.
Os investimentos previstos são de até R$ 100 milhões em modais de transporte e melhoria da mobilidade urbana nas regiões metropolitanas; de até R$ 100 milhões para geração e distribuição local de energia renovável – eólica, solar, biomassa e de marés -, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; e de R$ 100 milhões para racionalização da limpeza urbana e disposição de resíduos, com aproveitamento para geração de energia, nas 12 cidades-sede e suas respectivas regiões metropolitanas.
O núcleo pretende ainda estimular a concretização dos planos locais de mudança do clima. “O Brasil já tem seu Plano Nacional sobre Mudança do Clima, mas apenas os estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco possuem planos estaduais”, contou Karen de Oliveira Silverwood-Cope, do Ministério do Meio Ambiente, na reunião da CTMAS que instalou os núcleos temáticos, dia 7 de abril. Além disso, também vai propor novas linhas de apoio à Copa ao Comitê Gestor do Fundo do Clima para o biênio 2012-2013, promover aproximação e articulação com as câmaras regionais de meio ambiente, e avaliar como pode avançar em relação aos requisitos mínimos de sustentabilidade impostos pela FIFA.
Compõem o núcleo de mudanças climáticas os ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Cidades, a Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas, o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, a Prefeitura de Belo Horizonte, e os governos de Bahia e Pernambuco. Além de “Mudanças Climáticas”, a CTMAS possui núcleos temáticos de trabalho sobre “Parques da Copa”, “Certificação de construção sustentável das arenas”, “Copa orgânica e sustentável” e “Resíduos e reciclagem”.