A liberdade de organização partidária foi lembrada por todos os oradores na solenidade de comemoração dos 89 anos do PCdoB, na tarde/noite desta quarta-feira (23), na Câmara dos Deputados. No momento em que o Congresso Nacional discute a reforma política, deputados, senadores e lideranças partidárias destacaram a importância dos partidos políticos para a democracia. Presentes na solenidade o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e a vice-presidente, a deputada federal Luciana Santos (PE).
“No momento que se debate a reforma política, acentua-se o compromisso com a liberdade de organização partidária”, disse o líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI), o primeiro a falar, apontando o rumo dos discursos dos demais oradores.
O ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, presente ao evento, tentou minimizar o problema gerado pelo PT, que é favorável ao fim das coligações. “Esse é o momento em que todos os partidos do campo democrático e popular devem debater essa questão, porque a democracia é valor que devemos preservar, valor que deve ser garantido pelo conjunto da sociedade e não pelas forças econômicas.”
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a exemplo do petista, lembrou as lutas conjuntas do seu Partido com o PCdoB “pela democracia, na defesa das liberdades e na construção de um país rico, com distribuição de renda e felicidade.” Ele disse ainda, dirigindo-se ao presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo: “nós nos distinguimos dos demais democratas que abraçamos porque queremos um regime de verdade social, e não devemos abrir mão de nossa luta pela construção de um novo país, sem perder de vista a luta ideológica, que nós somos a esquerda, nós somos o avanço.”
Também como todos os demais oradores, Amaral lembrou “a liderança emocionante de João Amazonas” nessas lutas, principalmente na construção da Frente Brasil Popular. A trajetória de João Amazonas, contado no livro “Perfil Parlamentar de João Amazonas”, lançado no evento, marcou as comemorações de aniversário do Partido.
A obra, organizada pelo jornalista Pedro de Oliveira, publicada pela Câmara dos Deputados, resgata as contribuições de João Amazonas no âmbito do Congresso Nacional e na esfera do movimento social, intelectual e político.
Recomposição da memória
Renato Rabelo, que encerrou a solenidade, destacou em seu discurso a atuação do PCdoB nas lutas de conquistas democráticas e populares. “Por isso foi a instituição mais perseguida pelas ditaduras. Em seus 89 anos de existência, são menos de 28 anos de legalidade”, disse.
Rabelo destacou o esforço que vem sendo feito desde 1980 para recompor a memória do PCdoB nessa longa trajetória. “Muitos dos documentos foram destruídos, dispersos e perdidos”, lembrou.
Ele também falou sobre a ideologia do partido, inspirados nos ensinamentos de Karl Marx e Engels, que após a mais recente crise econômica mundial, se tornaram bem atuais. E lembrou que o PCdoB tem procurado aprender com os erros e que o modelo político de Marx e Engels deve ser adaptado para a realidade brasileira.
Compromisso com os brasileiros
A cada ano, o PCdoB realiza uma solenidade na Câmara para comemorar o seu aniversário. Segundo o líder Osmar Júnior, “todos os anos nós renovamos o nosso compromisso com o Brasil, com a democracia, sobretudo com o povo e trabalhadores brasileiros”.
O senador Inácio Arruda (CE) disse, em meio a críticas das teses do voto majoritário e do fim das coligações na discussão da reforma política, que os 89 anos do Partido, os preparativos para os 90 anos, o livro perfil de João Amazonas são demonstração de nossa trajetória de firmeza em defesa da democracia. E lembrou que “as ideias e programas partidários devem estar à frente e essa é a nossa marca”.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, também discursou. E sem fugir do tema presente, disse que “a história do PCdoB se confunde com a luta democrática do nosso País”, acrescentando que “um partido só sobrevive 89 anos tendo muita convicção, firmeza e coerência nessa trajetória”.
Sobre João Amazonas
O livro Perfil Parlamentar de João Amazonas, que foi distribuído entre os convidados ao final do evento, conta a história daquele que foi o principal dirigente do PCdoB após a reorganização do Partido, em 1962. Apontado pelo atual presidente do PCdoB, Renato Rabelo, como o grande ideólogo do Partido, Amazonas só finalizou sua militância com sua morte, em 2002, aos 90 anos, exercendo a presidência de Honra do PCdoB.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que assina um dos depoimentos sobre Amazonas no livro lembra que ele “dedicou sua vida à tarefa de compreender e buscar soluções para os graves problemas nacionais, tarefa para a qual considerava o Partido Comunista do Brasil um importante instrumento”, acrescentando que “nada mais justo que comemorar o início da celebração dos 90 anos do partido com o lançamento do seu perfil político”, afirmou.