As taxas de juros cobradas pelos bancos sobre empréstimos de pessoas físicas e jurídicas aumentaram sensivelmente nas últimas semanas, refletindo a elevação da taxa básica (Selic). O Spread bancário médio em fevereiro (diferente entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram nas operações financeiras), de 26,1 pontos porcentuais, foi o mais alto desde agosto de 2009.
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, disse há pouco que a inadimplência ainda deve mostrar mais algum crescimento ao longo do tempo, mas sem provocar riscos relevantes para a saúde do sistema financeiro. Segundo ele, o movimento de alta na inadimplência é parte natural do processo de aperto das condições de crédito (prazo de financiamento menor e juros mais altos), mas, de acordo com Maciel, não preocupa o BC de forma "significativa".
"É possível que haja aumento da inadimplência. Mas isso ocorrerá em condições favoráveis da economia, de aumento de renda e emprego", destacou. Nesse cenário, as condições de pagamento dos financiamentos são favoráveis. Na avaliação do chefe-adjunto do BC, a inadimplência tem crescido de forma marginal e discreta, depois das adoção das medidas macroprudenciais adotadas pelo BC e de aumento da taxa Selic. Ele disse que o BC não vê risco de problemas de insolvência do crédito no País. "A inadimplência, tanto de pessoa física como jurídica, está bem comportada em termos históricos", avaliou Maciel. (Fabio Graner e Adriana Fernandes)
Juro do crédito livre
Túlio Maciel informou que o juro médio do crédito livre em fevereiro (1% ao ano) foi o mais alto desde abril de 2009. A taxa média cobrada nas operações com pessoa jurídica, de 30,7% ao ano, foi a mais alta desde fevereiro de 2009.
O spread bancário médio em fevereiro, de 26,1 pontos porcentuais, foi o mais alto desde agosto de 2009, enquanto, para pessoa jurídica, cuja diferença foi de 19,2 pontos porcentuais, atingiu o nível mais alto da série, iniciada em junho de 2000.
Juro para PJ
Maciel destacou na entrevista o aumento de 4,7 pontos porcentuais no trimestre encerrado em fevereiro da taxa de juros média dos empréstimos concedidos para pessoas física. No mesmo período, a taxa de juros média para os empréstimos de pessoa jurídica teve um aumento menor, de 2,1 ponto porcentual. Para ele, é natural que o movimento das taxas de juros para empréstimos de pessoa jurídica "reaja mais tardiamente" aos efeitos das medidas de restrição de crédito adotadas pelo Banco Central
A consequência dos juros mais altos é a redução da demanda interna para consumo e investimentos, o que significa desaceleração das atividades econômicas. O Brasil vai crescer menos neste ano do que cresceria sem os cortes no orçamento do governo e a alta das taxas de juros. Resta saber quem vai ganhar com isto.