Inácio pede engajamento de cearenses no combate à dengue


Ao registrar em Plenário, nesta terça-feira (1), a visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao Ceará, para discutir medidas para o enfrentamento de uma possível epidemia de dengue no estado, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) fez um apelo aos seus conterrâneos pedindo seu apoio para o controle do mosquito transmissor da doença.

O parlamentar frisou que a ajuda da população é fundamental para o enfrentamento da dengue, devido ao fato de o mosquito transmissor ser "do tipo democrático, que atinge a todos sem distinção".

– O trabalho principal a ser feito [pela população] está ligado às ações preventivas, que são fundamentais. Às vezes são coisas simples, como limpar a caixa d\’água e fechá-la – disse.

Em seu pronunciamento, Inácio Arruda defendeu também o aumento dos investimentos na área de infraestrutura e saneamento ambiental como forma de combater a dengue.De acordo com o parlamentar, são questões-chave para o enfrentamento do problema a ampliação da rede de esgotamento sanitário nas cidades brasileiras e o tratamento dos lixões.

Em sua visita ao Ceará, Padilha se reuniu com políticos locais e anunciou a liberação de mais de R$ 43 milhões para a área de saúde pública.
 

Leia íntegra do pronunciamento:

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto à tribuna neste dia, após uma belíssima sessão em homenagem às mulheres premiadas com o Bertha Lutz e ao seu Dia Internacional, abrindo o mês de março como praticamente agora não o dia, mas o mês das mulheres.

Quero registrar, na verdade, Sr. Presidente, a presença do Ministro da Saúde, Padilha, no nosso Estado, Ceará, que tem sofrido seguidamente com a presença da dengue, do mosquito da dengue, que tem feito sucessivamente vítimas em nosso Estado, ano a ano.

É um trabalho muito bem feito, entre Governo Federal, Estado e município, que tem que se materializar, porque diz respeito à cultura do povo. O povo tem que compreender que precisa ajudar no combate ao mosquito da dengue, porque ele é daquele tipo democrático, que atinge a todos, não escolhe apenas o pobre. Ele escolhe o rico, o pobre, o remediado, qualquer um.

O trabalho central, eu tenho observado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, está ligado às ações preventivas, que são fundamentais. Às vezes, são coisas simples, como limpar a caixa d’água, fechar a caixa d’água da nossa casa. Isso foi dito pelo nosso Ministro Padilha, foi dito pelo nosso Secretário de Saúde, Arruda Bastos, no Estado do Ceará. Tivemos a presença do prefeito em exercício da cidade, que é o Presidente da Câmara e está exercendo a função de prefeito, devido ao afastamento da prefeita no momento. Todos esses agentes públicos estão convencidos, empenhados, mas nós precisamos ir além.
Além de mobilizar a população, além de convencê-la a adotar hábitos de prevenção e de caráter público, porque limpar a própria caixa d’água, tapá-la, fechá-la, significa contribuir com todos e não só com a prevenção para si, é para toda a cidade, para todo o Estado, é preciso ir além.
Isso significa que temos de colocar na ordem do dia do Congresso Nacional. Dentro do debate sobre os rumos do Brasil, nós temos de incluir uma questão chave, que se chama saneamento ambiental, que trata da drenagem do esgotamento sanitário, dos lixões espalhados pelas cidades brasileiras. Então, este conjunto, como tratar resíduos sólidos, como tratar o esgoto, como tratar o lixo urbano, a dragagem, os mananciais, como atuar nesse cenário das grandes cidades, das regiões metropolitanas, das médias e pequenas cidades brasileiras, é um esforço coletivo.

Lembro, mais uma vez, de um pequeno livreto, meu caro Presidente, já como algo sintético para que todos possam compreender os desafios do Brasil, de um grande economista, Celso Furtado.
Em seu texto O Longo Amanhecer, ele se refere ao desenvolvimento do Brasil, trata das questões fundiária rural e macroeconômica, depois desce para questões que ele considera que podem contribuir muito para o nosso País. E ele diz: “Temos que fazer mais habitações, temos que fazer mais transporte público, mas temos que fazer saneamento básico”. Isso, ao mesmo tempo, economiza na área da Saúde e gera progresso e desenvolvimento.
Ao lado desse debate, nós temos que ter suficiente coragem para criar as condições no Congresso Nacional que permitam ao setor de Saúde no Brasil que recomponha minimamente aquilo que era previsão durante o ano de 2007 e que nós perdemos por uma decisão do Senado brasileiro. Por um voto, Sr. Presidente, nós deixamos de ter uma quantia próxima de R$200 bilhões nos quatro anos seguintes. Eram os recursos da CPMF, um tributo de alíquota pequena, quase irrisória, mas que causou uma comoção em determinados setores da atividade econômica no País.

Eu sou daqueles que acreditam que, para cumprir essa missão de pegar o saneamento ambiental, de cuidar dos lixões, do esgotamento sanitário, das dragagens urbanas, de obra de grande envergadura no nosso País, que tem interface direta com a saúde, nós precisamos retomar esse debate. Nós perdemos R$200 bilhões aqui, exatamente nesta Casa, por um voto apenas nós deixamos de ter R$200 bilhões.

Sr. Presidente, vou concluir.

Foi retirado (fora do microfone), Sr. Presidente, por um voto, algo aproximado de R$220 bilhões da saúde pública brasileira. É um ato, podemos dizer, quase criminoso contra as pessoas mais carentes, contra os mais pobres e contra as possibilidades de desenvolvimento nessa área tão especial no nosso País.

Por isso, quero congratular-me com o circuito que realiza o Ministro Padilha, buscando os Secretários de Saúde estaduais, os Secretários municipais, mobilizando a sociedade, empresários, lideranças comunitárias e sindicais e os trabalhadores, para que todos se envolvam no sentido de combater as epidemias que grassam pelo Brasil, o que só é possível com consciência coletiva. Não é só o Ministro, não é só o Secretário, é uma consciência de todos para que possamos conquistar esse direito de ter uma saúde pública adequada às necessidades do nosso povo.

Registro, Sr. Presidente, a passagem do nosso Ministro no Estado do Ceará, que recebo como um fator a mais de motivação para que o nosso Estado esteja com o Governador do Estado, a Prefeita de Fortaleza, todos os Prefeitos municipais e todos os Secretários de Saúde e população envolvidos no combate a esse mosquito tão pernicioso que é o mosquito da dengue. Iremos encontrar também nesse campo solução para uma questão tão grave como é a epidemia de dengue em nosso País.

Obrigado, Sr. Presidente.