A presidente Dilma Rousseff disse, em jantar com dirigentes e lideranças do PCdoB, que vai reunir o Conselho Político, no dia 23, para explicar as medidas econômicas adotadas pelo governo. O objetivo é justificar a opção por um salário mínimo (R$ 545) mais baixo, o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento Geral da União e a elevação da taxa básica de juros (Selic), que já subiu um ponto percentual este ano – de 10,75% para 11,75% ao ano.
Foi da presidente a iniciativa de convidar integrantes do PCdoB para jantar, na quarta-feira (), no Palácio da Alvorada. Do lado do partido, participaram do encontro no Palácio da Alvorada o presidente Renato Rabelo, os líderes na Câmara dos Deputados, Osmar Júnior (BA), e no Senado, Inácio Arruda (CE), e o ministro do Esporte, Orlando Silva. “Foi um encontro informal, mas muito produtivo”, resumiu Renato Rabelo, em seu blog. “Pudemos trocar opiniões sobre a situação do país, a economia e o desenvolvimento.”
Segundo o presidente do PCdoB, o governo vislumbra um crescimento do PIB entre 4,5% e 5% em 2011. “Outra ênfase dada pela presidenta foi na manutenção dos investimentos sociais. O reajuste dos benefícios do Bolsa Família mostram esta disposição”, afirma Renato.
Durante o evento – que contou com a presença dos ministros Antônio Palocci (Casa Civil) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais) –, Dilma afirmou que as medidas adotadas até agora visaram a combater a alta da inflação, sua maior preocupação neste momento. Na opinião de Dilma, os cortes no orçamento foram "inevitáveis". O propósito do ajuste nas contas públicas, de acordo com Dilma, é ajudar a conter a demanda da economia, que, mesmo com a recente desaceleração, já constatada pelo governo, ainda está muito aquecida.
Comandado pelo PCdoB, o Ministério do Esporte, por exemplo, sofreu corte de 64,1% – a maioria em emendas feitas por parlamentares – na dotação aprovada pelo Congresso. Dilma revelou aos comunistas que, apenas na rubrica "restos a pagar" do orçamento, recebeu R$ 60 bilhões. São despesas, explicou, que terão de ser pagas pelo menos em parte até o fim do ano.
Demonstrando otimismo, a presidente comentou que as medidas adotadas até agora estão começando a produzir resultado. Disse, por exemplo, que dados preliminares obtidos pelo governo mostram a inflação de alimentos – que pressionou os índices de preços no início do ano – "embicando" no segundo trimestre.
Relações com partidos
Aos representantes do PCdoB, Dilma afirmou que não quer ficar isolada no Palácio do Planalto, longe dos partidos que a apoiam. Por essa razão, deve fazer de encontros como o da noite de quarta-feira uma rotina. Ela pretende convocar o Conselho Político, que reúne os presidentes dos partidos da base aliada ao governo, toda vez que julgar necessário esclarecer os rumos do governo.
“A presidenta também fez questão de ressaltar que deseja estabelecer este diálogo com o PCdoB de forma regular. Este é nosso objetivo também – buscar junto à presidenta Dilma o crescimento e o desenvolvimento social, econômico e soberano de que o Brasil precisa”, sublinha Renato Rabelo.
Ainda no jantar, Dilma disse que a iniciativa da reforma política – diferentemente do que ocorreu no governo Lula, quando foi enviada uma proposta ao Congresso – deve ser dos partidos e parlamentares. O governo, esclareceu ela, não participará diretamente desse debate.