Alencar e Lula se encontraram para o bem do Brasil, diz Inácio Arruda


O senador Inácio Arruda (PCdoB) prestou nesta terça-feira (), em discurso no Plenário, uma homenagem ao ex-vice-presidente da República, José Alencar, falecido em São Paulo em consequência de um câncer abdominal.

Inácio Arruda lembrou, principalmente, a parceria entre o empresário José Alencar e o ex-operário e líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que a aliança política entre eles "foi fantástica", tendo contribuído muito para o desenvolvimento do país.

O senador ressaltou que as diferenças eram apenas aparentes, pois os dois eram homens simples do povo, sem formação acadêmica, sem título de doutor que, mesmo assim, cumpriram um papel extraordinário na história do país.

– Dizem que os paralelos nunca se encontram, mas esses dois encontraram-se para o bem do Brasil – afirmou o senador.

 
Íntegra do pronunciamento:

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, é um dia que podemos dizer “daqueles”.

Primeiro, o Senado marcou homenagem a um dos mais íntegros homens da vida política brasileira, independente de suas posições em cada momento da vida: Deputado Federal, Senador, Prefeito, Governador. Em todos os momentos, Mário Covas foi um homem íntegro, de opinião, de posição e de coragem de enfrentamento.
Nesse sentido, peço que a Mesa acolha o pronunciamento que faria em sua homenagem, mas que foi tolhida pela realidade da vida nossa, porque José Alencar exatamente afirmava isso: “Não se preocupem, nenhum de vocês se preocupe! Eu vou morrer. Aliás, eu vou morrer e você vai morrer. Todos vamos morrer. Por isso, vamos viver todos os instantes intensamente”. E isto ele fez, viveu todos os instantes de forma intensa.

E que vida, Sr. Presidente! E que encontro fantástico do torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva com José Gomes Alencar da Silva! Os dois Silvas, de origem absolutamente idênticas, um, retirante, e o outro, homem simples do interior de Minas Gerais, que dá um “duro para burro” para vencer na vida, por outros meios, em um paralelo com Lula. Dizem que os paralelos nunca se encontram, mas esses dois encontraram-se, para o bem do nosso País, para o bem do Brasil, esses dois homens simples do povo; os dois sem formação acadêmica – nenhum dos dois tinha o título de doutor, e se tivessem ainda seriam maiores, evidente! Mas não tinham e cumpriram um papel extraordinário no nosso País.

O Lula, às vezes, na sua simplicidade, naquela vivacidade, parece que quando olhou para José Alencar, disse: “Puxa vida! Encontrei o meu candidato a Vice, se ele topar”. E o José Alencar, olhando para ele, disse: “Puxa! Parece que encontrei o meu candidato a Presidente. Se ele topar, eu sou o Vice”. Assim, casaram os dois e viveram felizes durante esses oito anos de Governo.

Quero falar, Sr. Presidente, da relação que o José Alencar estabeleceu com o seu País. E, ao estabelecer a relação com o seu País, olhando a política, o José Alencar disse: “Para construir a Nação, para soerguê-la, para fazê-la caminhar de pé, olhando de frente para todos no mundo inteiro, o meu papel é de uma relação íntima com todos”. Assim fez. José Alencar percorreu as federações de indústrias, mas ia às universidades, aos sindicatos de operários, de trabalhadores; se precisasse, ia à porta da fábrica, dialogava na rua, dialogava com os intelectuais, dialogava com o mercado.
Ele cumpria um papel extraordinário, porque – aqui estão o Presidente Sarney e o Presidente Itamar, dois Presidentes nesta Casa – muita coisa que os senhores, como Presidente da República, não poderiam jamais dizer, ele podia dizer como Vice-Presidente da República. E disse sempre! Ele denunciou o escândalo criminoso das taxas de juros para a economia nacional. Lula não podia; ele podia. Ele podia fazer isso. Ele podia dizer e disse, com força, com energia, com garra e com disposição.

Ele se relacionou com os partidos. Ele abraçou os partidos do campo popular. Ele dialogou com a esquerda, sentou com os comunistas.

Na cidade de Belo Horizonte, capital do seu Estado, na última batalha municipal, ele decidiu apoiar a candidata do Partido Comunista. Ele disse: “Não, eu vou apoiar o PCdoB”. E olhem que foi uma batalha, porque todos queriam o seu apoio, indistintamente todos queriam o seu apoio, mas José Alencar decidiu pelo PCdoB: “Pois eu vou apoiar o Partido Comunista”. Vejam que personalidade extraordinária!
Sr. Presidente, queremos registrar este momento que é de pesar, mas que é também do diálogo da estima que temos pela história deste homem que viveu entre nós, ajudando a construir este momento inigualável da história brasileira.

Que a sua família receba o nosso carinhoso abraço. Que os mineiros que aqui estão e que estão em Minas Gerais recebam o nosso abraço pelo filho que vocês entregaram ao Brasil e que, para sempre, será lembrado. Um abraço, mineiros daqui e de lá.

É o PCdoB homenageando esse velho guerreiro do povo brasileiro, José Alencar.

Um abraço!