O primeiro-ministro interino da Tunísia, Mohamed Al-Ghannouchi, renunciou neste domingo () em meio a protestos populares que, pelo segundo dia, desembocaram em violentos enfrentamentos entre efetivos da polícia e manifestantes.
Al-Ghannouchi anunciou sua decisão de deixar o posto em um pronunciamento feito de surpresa na televisão estatal, apesar de anteriormente ter reiterado que se manteria no cargo até as eleições gerais previstas para dentro de cinco meses.
Ele declarou que como cidadão comum instava aqueles que protagonizaram a revolta que derrocou Ben Ali a permitir o fortalecimento da Constituição para garantir a estabilidade e o marco legal em face das eleições parlamentares e presidenciais.
Milhares de tunisinos se lançaram às ruas da capital Túnis neste domingo para reiniciar as passeatas em favor da demissão do ex-chefe de governo, que foi criticado por sua estreita relação com o ex-presidente Zine El-Abidine Ben Ali, derrubado em 14 de janeiro último.
O político tentou contornar as exigências das ruas e realizou duas mudanças ministeriais em seu gabinete, mas foram insuficientes para todos os que acreditam que estava sendo traído o espírito da revolta popular iniciada em meados de dezembro e que derrubou Ben Ali.
Desde as primeiras horas do domingo as forças policiais lançaram gás lacrimogêneo e golpearam alguns manifestantes na avenida Habib Burguiba e outras ruas do centro da capital onde era proibida a circulação de pessoas e veículos.
Os manifestantes exigiam a renuncia de todo o Executivo, inclusive de Al-Ghannouchi, e removeram os obstáculos instalados nas ruas pelas forças de segurança que estavam armadas e apoiadas por blindados do Exército e da Guarda Nacional.
No confronto com a polícia os manifestantes se defenderam lançando pedras, enquanto alguns queimaram pneus e incendiaram veículos, ergueram barricadas e impediram o tráfego em algumas ruas.
As tensões na Tunísia desde a fuga de Ben Ali para a Arábia Saudita aumentaram depois que fontes médicas e do Ministério do Interior admitiram que três pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas nos choques com a repressão.
Segundo as autoridades, mais de 100 manifestantes foeram presos no sábado () sob a acusação de cometer "atos de vandalismo” tanto na capital como em outras localidades do interior como Kef, Kasserine e Tozeur.