O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) defendeu o Estado como o vetor do crescimento econômico do país. Em pronunciamento nesta quinta-feira (), o parlamentar lembrou que, no dia anterior, durante a instalação da 54ª Legislatura, a presidente Dilma Rousseff anunciou investimentos em infraestrutura, até 2014, no valor de R$ 955 bilhões. Os investimentos serão feitos por meio da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2).
O senador conclamou os colegas a participarem da discussão que opõe, de um lado, o Estado como principal vetor de crescimento brasileiro, e, de outro, "aquela tese que foi derrotada nas eleições seguidamente, em 2002, 2006 e 2010, que é a máxima da ortodoxia neoliberal", a qual, para Inácio Arruda, determina que o crescimento da economia de países em desenvolvimento tem de ser limitado.
– É aqui que definiremos se teremos um longo período de crescimento, de desenvolvimento, ou se faremos a velha política do dábliu [referência ao chamado Consenso de Washington, que propõe a aplicação de princípios liberais na economia]: cresce, cai, cresce, cai, e isso não ajuda o nosso país. Claro, temos a nossa comissão específica para tratar desse assunto, a Comissão de Assuntos Econômicos, mas o Plenário é o centro, é a base. É aqui que temos de discutir a questão mais importante do Brasil, que é manter o rumo do seu desenvolvimento, do seu crescimento – afirmou o parlamentar.
O senador exemplificou a importância de se desenvolver a infraestrutura no Brasil com o fato de o país vender para a China uma tonelada de ferro por R$100,00 e comprar uma tonelada de trilhos por R$800,00.
– É uma barbaridade que isso ocorra! Vou até falar com o produtor de arames farpados do Ceará para ver se ele não resolve produzir trilhos e assim resolvemos essa questão – afirmou.
Leia íntegra do pronunciamento:
Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero cumprimentar, inicialmente, a nossa querida camarada e amiga por cuja eleição lutamos. Parabenizo nossa Presidente Marta Suplicy pela eleição em São Paulo e pela eleição para a 1ª Vice-Presidência da nossa Casa.
Quero cumprimentar nossa camarada Vanessa Grazziotin por ser a primeira mulher comunista a ter assento no Senado Federal e também por sua eleição para a Mesa Diretora dos trabalhos como suplente. É uma honra e uma alegria podermos tê-la como uma das dirigentes desta Casa.
Quero cumprimentar a todos os colegas novos que chegam ao Senado Federal, especialmente os colegas Eunício Oliveira, do PMDB do Estado do Ceará, e José Pimentel, do Partido dos Trabalhadores.
Trabalhamos intensamente e o resultado foi positivo com relação às suas eleições.
Quero me irmanar com o Senador Suplicy por suas palavras e pela leitura da carta de Césare Battisti. A questão é de natureza política. O embate é aqui. O embate não é propriamente no Direito Romano ou Germânico, da velha pax romana que ainda está em voga nas escolas de Direito do nosso País. Esta não é a questão central. É a política! É aqui que nós vamos debater, com certeza, Senador Suplicy, essa questão de Césare Battisti.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero rapidamente levantar duas questões que penso serem o centro das discussões e debates no nosso País, são os rumos da nossa Nação. Ontem tivemos a felicidade de abrir os trabalhos do Congresso Nacional com a presença do Presidente Sarney, da Presidenta Dilma Rousseff e do Presidente do Supremo, Ministro Peluso.
A nossa Presidenta anunciou que vai consolidar o caminho do desenvolvimento e do crescimento; para isso, investirá no Programa de Aceleração do Crescimento Dois – PAC 2 – R$955.000.000.000,00 (novecentos e cinquenta e cinco bilhões de reais). São investimentos em infraestrutura – portos, aeroportos, ferrovias.
Dou um dado para compreendermos o que é o desenvolvimento e investimento em infraestrutura no nosso País. Até pouco tempo, sequer dormentes nós tínhamos para as ferrovias. Hoje temos a fábrica que produz a maior quantidade de dormentes do mundo, mas, infelizmente, ainda vendemos uma tonelada de ferro por R$100,00 e compramos uma tonelada de trilhos da China por R$800,00. É uma barbaridade que isso ocorra! Vou até falar com o produtor de arames farpados do Ceará para ver se ele não resolve produzir trilhos e assim resolvemos essa questão.
Por que levanto, Srª Presidente,
de forma rápida, breve, essa batalha entre o investimento do Estado, a ideia de aprofundar o desenvolvimento, de buscar o crescimento econômico versus uma pressão enorme daquela tese que foi derrotada nas eleições, seguidamente, em 2002, 2006 e 2010, que é a máxima da ortodoxia neoliberal de manter para países em desenvolvimento, em países chamados periféricos, que não é mais o caso do Brasil, mas manter num país como o Brasil a ideia de que não é possível crescer, que o crescimento tem de ser limitado. O que deve prevalecer são os juros altos, um câmbio que impede as nossas exportações e ajuste fiscal que impede o Estado de cumprir o seu papel de ser o vetor do crescimento e do desenvolvimento.
Por isso, Srª Presidente, proponho a esta Casa que no centro do debate coloque a discussão da política macroeconômica, porque aqui…
(Interrupção do som.)
Já vou concluir, Srª Presidente.
É aqui que definiremos se teremos um longo período de crescimento, de desenvolvimento, ou se faremos a velha política do w, cresce, cai, cresce, cai, e isso não ajuda o nosso País.
Claro, temos a nossa comissão específica para tratar desse assunto, a Comissão de Assuntos Econômicos, mas o plenário é o centro, é a base. É aqui que temos de discutir a questão mais importante do Brasil, que é manter o rumo do seu desenvolvimento, do seu crescimento.
Convido nossos colegas, mulheres, doze mulheres, Senadora Marta Suplicy, nesta Casa – acho que é um recorde e a parabenizo por isso –, e convido os nossos colegas todos para encetarmos um grande debate em torno da política macroeconômica.
Obrigado.