Irã convida embaixadores estrangeiros para visitar instalações nucleares


O Irã convidou os embaixadores de alguns países do grupo 5 1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), da União Europeia e dos países não-alinhados a visitar suas instalações nucleares, anunciou nesta terça-feira o porta-voz das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparasrt, durante seu encontro semanal com a imprensa.

"Esta visita terá lugar antes da reunião de Istambul" (final de janeiro entre o Irã e o grupo 5 1 sobre a questão tema nuclear), afirmou, acrescentando que este convite é "um novo sinal de boa vontade" do Irã e cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"A lista dos países convidados será divulgada mais tarde", declarou ainda, negando-se a dizer se os Estados Unidos figurava nesta relação.

Segundo alguns sites iranianos, o Estados Unidos não teriam sido convidados para esta visita.

Em sua reação à notícia, o governo americano afirmou que o convite feito se tratava de uma "palhaçada".

"Já vimos o Irã fazer essas palhaçadas", afirmou o porta-voz do departamento de Estado, Philip Crowley, à AFP.

"É uma tentativa de dispersar a atenção de sua falta de respeito em relação às obrigações para com a AIEA", acrescentou.

Segundo a imprensa, a carta-convite foi entregue pelo representante do Irã ante a AIEA, Ali Asghar Soltanieh.

Fontes diplomáticas próximas à AIEA também indicaram que o Irã convidou apenas dois países do Grupo 5 1 (China e Rússia), deixando, portanto, de fora os Estados Unidos, Alemanha, França e Grã-Bretanha.

A China confirmou nesta terça ter sido convidada, junto a outros países.

"A China recebeu o convite do Irã e continuará seus contatos com o Irã a este respeito", declarou em Pequim Hong Lei, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.

No momento, os outros países não confirmaram o convite.

Os países do grupo 5 1 e o Irã se reuniram em 6 e 7 de dezembro, em Genebra, para reiniciar negociações sobre a questão nuclear, estancadas há 14 meses, e decidiram reiniciar o diálogo no final de janeiro, em Istambul.

Mehmanparast declarou ainda que a data exata da reunião em Istambul não foi fixada, mas que acontecerá no início "do mês iraniano de Bahman", que começa em 21 de janeiro.

No final de dezembro, Ali Bagheri, adjunto de Said Jalili, negociador iraniano para o tema nuclear, se declarou otimista quanto às negociações de Istambul, afirmando que "poderão abrir caminho para uma solução dos problemas".

Em junho, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma nova resolução reforçando as sanções econômica contra o Irã para tentar convencer Teerã a suspender suas atividades nucleares sensíveis.

Os Estados Unidos, a União Europeia, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul adotaram depois suas próprias sanções.

Inúmeros países ocidentais suspeitam que Teerã tenta dotar-se de armas atômicas sob uma fachada de programa nuclear civil, o que o Irã nega formalmente.

Em 29 de dezembro, o ministro israelense das Relações Exteriores, Moshé Yaalon, afirmou que recentes dificuldades enfrentadas pelo programa nuclear iraniano atrasaram em vários anos a eventual obtenção por Teerã de uma bomba atômica.

"O programa nuclear iraniano topou com uma série de desafios tecnológicos e dificuldades, e por isso não foi bem sucedido", assinalou Yaalon à rádio pública israelense, e que foi anteriormente chefe do Estado-Maior.

"Estas dificuldades atrasaram o calendário", assinalou, sem dar maiores detalhes.

Teerã suspeita de Israel esteve envolvido em um ataque informático com o vírus Stuxnet, que afetou várias centrífugas iranianas que produziam urânio enriquecido.

O Irã também acusa o Estado hebreu de ter realizado, em conjunto com os Estados Unidos, os atentados que causaram a morte, em novembro, de um funcionário do programa nuclear iraniano e feriram outro.