Dirigentes estudantis do Chile criticaram o caráter privatizador e economicista da reforma educacional, projeto de lei que o governo aspira a implementar no início de 2011.
A proposta do Executivo encerra um processo de privatização e mercantilização no sistema de ensino iniciado na época da ditadura e continuado pelos governos da Concertação, opinou a presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile, Camila Vallejo.
Ela assegurou que a maioria dos estudantes rechaçam o enfoque gerencial da iniciativa por considerar que aponta mais para uma reforma trabalhista de corte empresarial do que a uma verdadeira transformação no âmbito educacional.
O Chile necessita de medidas que fortaleçam a educação pública e melhorem os sistemas de acesso e permanência dos estudantes nas aulas, sublinhou a jovem universitária.
Giorgio Jackson, presidente da Federação dos Estudantes da Universidade Católica, considerou de igual modo que a proposta governamental é segregadora e questionou a pretendida redução das horas de aulas de História e Ciências Sociais.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, reconheceu na véspera que "as grandes reformas estruturais" que seu governo prevê impulsionar em sete áreas, inclusive a saúde e a educação, podem parecer impopulares.
"Quando alguém é candidato o principal objetivo é ganhar as eleições e, portanto, a popularidade é tudo. Mas não sou candidato; já fui eleito presidente", afirmou o mandatário em entrevista ao jornal chileno El Mercúrio.
"Tenho meridianamente claro que minha tarefa é ser um bom presidente: cumprir nosso programa de governo, tomar decisões difíceis, fazer o que tenho que fazer. Nesse campo não tenho nenhuma dúvida nem tampouco minhas mãos tremem”, acrescentou.
"Nenhuma reforma de verdade, dessas que cortam os nós górdios, se faz em meio de abraços e brindes de champanhe”, disse Piñera.