Teste da Orelhinha fortalece detecção precoce de doenças auditivas


"A obrigatoriedade do Teste da Orelhinha, em todos os hospitais públicos e privados do Brasil, antes da alta hospitalar, fortalece ações de detecção precoce das doenças auditivas congênitas".

Esta é a opinião da fonoaudióloga Maria Cecília Castelo Silva Pereira, coordenadora regional do Grupo de Triagem Auditiva Neonatal Universal (GATANU), ao comentar os benefícios da regulamentação do Teste da Orelhinha, projeto de lei de autoria do senador Inácio Arruda, já transformado na Lei Federal 12.303, de 02 de agosto de 2010.

"Agora é lutar pela implementação da triagem auditiva nos escolares e pré-escolares.", acrescentou a fonoaudióloga, lembrando que os estabelecimentos que já realizavam a Triagem Auditiva foram fortalecidos com esta nova lei, e os que ainda não têm esse serviço podem ter uma nova frente de trabalho aos fonoaudiólogos da área.

O GATANU é uma entidade sem fins lucrativos que existe desde 1998 e tem como objetivo aumentar a consciência coletiva para o problema da surdez infantil no Brasil e divulgar a necessidade da realização dos programas de triagem auditiva. Recentemente o grupo lançou a campanha "Teste da Orelhinha, cadê você?", com o objetivo de desenvolver um cadastro geográfico nacional dos locais que realizam Triagem Auditiva Neonatal, como maternidades, clínicas, instituições assistenciais ou de ensino.

Leia a seguir entrevista da coordenadora Regional do GATANU, Maria Cecília Pereira a revista “Fala Fono” sobre os benefícios da regulamentação do Teste da Orelhinha.

1. Recentemente os fonoaudiólogos tiveram uma importante vitória com a regulamentação do Teste da Orelhinha, através da Lei Federal 12.303, de 02 de agosto de 2010.
 
A obrigatoriedade do Teste da Orelhinha, em todos os hospitais públicos e privados do Brasil, antes da alta hospitalar, fortalece ações de detecção precoce das doenças auditivas congênitas. Os estabelecimentos que já realizavam a Triagem Auditiva foram fortalecidos com esta nova lei, e os que ainda não têm esse serviço podem ter uma nova frente de trabalho aos fonoaudiólogos da área. O desafio atual é lutar pela implementação da triagem auditiva nos escolares e pré-escolares.
 
2. Qual o atual cenário das triagens auditivas pelo Brasil?
 
A Triagem Auditiva Neonatal já é realizada no Brasil há mais de dez anos. Teve início nos hospitais privados expandindo-se para os hospitais públicos. Em Salvador, por exemplo, nossa equipe foi pioneira em utilizar as emissões otoacústicas. Iniciou há dez anos em uma maternidade privada nas UTIs neonatal e, posteriormente, no Berçário Comum, em Alojamento Conjunto. Atualmente, Muitos dos hospitais privados possuem programas de triagem auditiva, o que ainda não é realidade em todos os hospitais públicos.
 
3. Qual o objetivo do Grupo de apoio à triagem auditiva neonatal (GATANU)?
 
O GATANU é uma entidade sem fins lucrativos que existe desde 1998 e tem como objetivo aumentar a consciência coletiva para o problema da surdez infantil no Brasil e divulgar a necessidade da realização dos programas de triagem auditiva.

4. Vocês lançaram recentemente a campanha "Teste da Orelhinha, cadê você?" Qual objetivo desta campanha?

Essa campanha foi lançada em agosto deste ano com o objetivo de desenvolver um cadastro geográfico nacional dos locais que realizam Triagem Auditiva Neonatal, como maternidades, clínicas, instituições assistenciais ou de ensino. No IV Encontro Gatanu, que será realizado no mês de novembro, em São Paulo, faremos um levantamento dos locais disponíveis para a realização dos testes da Orelhinha.
 
5. Qual a importância da triagem auditiva neonatal?

As triagens auditivas são o inicio da intervenção na saúde auditiva em que é realizado um rigoroso levantamento dos neonatos com alteração auditiva, diagnosticando, protetizando, podendo chegar ao implante coclear nos casos de perdas auditivas profundas.
 
6. Nesse ponto, o acompanhamento aos bebês de risco é de extrema importância?

Certamente. Não basta apenas triar, é imprescindível o acompanhamento dos bebês de risco, com avaliação do comportamento (audiometria de reforço visual, observação comportamental) e orientação à família. A triagem auditiva sempre deve ser finalizada com as orientações aos pais sobre o desenvolvimento da audição e da linguagem principalmente nos dois primeiros anos de vida. Estes conhecimentos subsidiarão a família com parâmetros para que procure auxílio caso percebam alguma alteração.

7. Em novembro, o CREFONO 4 realizará a Campanha de Saúde Auditiva com ações que serão realizadas nas escolas. Qual a importância dessa conscientização?

Contribuir na educação da população, principalmente dos adolescentes, sobre os hábitos inadequados que podem prejudicar a audição é de extrema importância. Nas escolas os professores serão orientados a promover a saúde auditiva, a identificar esses hábitos e, caso percebam indicadores de alteração auditiva em seus alunos, possam direcioná-los para uma avaliação auditiva, principalmente os alunos que apresentem dificuldades escolares. Com isso, crianças, que, por exemplo, apresentem alterações no processamento auditivo poderão receber orientação adequada e terão maior rendimento escolar.
 
8. Como os fonoaudiólogos podem contribuir para conscientizar a sociedade a esse respeito?

Se todos se engajarem na divulgação dos cuidados com a audição, desde o neonato, passando pelos pré-escolares e escolares teremos adultos mais conscientes, mais saudáveis e com menos sequelas auditivas.