Brasil e China não se opõem ao pleito da Índia sobre ONU


Em visita à Índia nesta semana, o presidente dos EUA, Barack Obama, manifestou apoio à reivindicação indiana de uma vaga permanente em um eventual "Conselho de Segurança reformado". É uma clara jogada contra a China, numa astuciosa exploração por parte de Obama dos atritos diplomáticos entre os dois países mais populosos do mundo.

Mas, a China, também habilmente, disse nesta terça-feira que compreende o desejo da Índia de obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O Brasil, a Alemanha e o Japão, a África do Sul, a Nigéria, entre outros, também pleiteiam uma vaga permanente.

"A China apoia as reformas apropriadas e necessárias ao Conselho de Segurança da ONU", disse Hong Lei, porta-voz da chancelaria chinesa. "A China entende o desejo da Índia de entrar no Conselho de Segurança. A China está disposta a manter contatos com outros países, inclusive a Índia, e participar em negociações sobre a entrada de mais países em desenvolvimento."

A China e a Índia têm relações espinhosas em vários aspectos, incluindo disputas territoriais na cordilheira do Himalaia. EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China são hoje os países com vagas permanentes e poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite de segunda-feira esperar que Barack Obama faça do apoio declarado à Índia a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU uma "profissão de fé" para ajudar a promover a abertura do órgão.

Ao chegar em Maputo, capital de Moçambique, Lula avaliou que a declaração de apoio de Obama às pretensões indianas de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança não atrapalha a ambição do Brasil de também ocupar uma vaga no órgão.
"Não, não, pelo contrário", disse. "O Brasil defende a participação da Índia, a Índia faz parte do G-4, que reúne o Brasil, a Índia, a Alemanha e o Japão", disse o presidente, numa referência ao grupo de países que se uniu para reivindicar uma reforma da instituição que inclua sua entrada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Eu só espero que o presidente Obama faça agora, desse compromisso dele com a Índia, uma profissão de fé e consiga, efetivamente, abrir o Conselho de Segurança para que outros países possam participar", acrescentou.

O Conselho de Segurança é composto atualmente por 15 membros, sendo 10 rotativos e cinco permanentes e com poder de veto –Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia.
"Todos nós temos clareza de que a ONU não pode continuar sendo representada como se nós ainda tivéssemos saído da Segunda Guerra Mundial", disse Lula. "Eu acho que é impensável que você tenha reforma na ONU e não tenha os continentes representados."

Além de Índia, Alemanha, Japão e de si próprio, o Brasil defende um assento permanente para um país africano como forma de ampliar a representatividade do organismo responsável por decisões importantes.