O comércio varejista cearense cresceu em agosto deste ano, em relação a julho (com ajuste sazonal), 1,7% em volume de vendas e 1,5% em receita nominal. É o segundo mês de variação positiva nas vendas do varejo, após a retração de 0,5% verificada em junho sobre o volume das vendas de maio deste ano. Em comparação com agosto de 2009 foram contabilizados acréscimos de 14,8% no volume de vendas e 18% na receita nominal. No acumulado dos oito primeiros meses de 2010 face a igual período do ano passado o incremento é de 14,6% (vendas) e 18,7% (receita). Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgados ontem pelo IBGE.
No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, as variações face a agosto de 2009 foram 19,2%, para o volume de vendas, e 21,6%, em receita nominal. No acumulado do ano, as taxas foram 17,2% e 20,4% e nos últimos 12 meses, 16% e 18,6%, respectivamente.
Dentre todos os estados nordestinos, o Ceará ocupa o segundo lugar no ranking de volume de vendas, perdendo apenas para a Paraíba, que teve taxa de 31,3% sobre igual mês do ano passado. No ranking nacional, o varejo cearense ficou na oitava posição em relação às demais unidades da Federação, superando a média nacional
(10,4%). Considerando a receita nominal, o Ceará também se situou acima do País (12,8%) e detendo o terceiro melhor resultado da região nordestina, atrás somente da Paraíba (36,9%) e do Maranhão (24,9%).
Setores
Conforme o setor de atividade, o melhor desempenho nas vendas de agosto ficou com o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que cresceram 37,4%, sendo seguido de veículos, motocicletas, partes e peças (28,1%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (19,5%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (18,3%); móveis e eletrodomésticos (15,6%); material de construção (13,9%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (11,8%); equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação (11,1%); tecidos, vestuário e calçados (9,8%); e combustíveis e lubrificantes (3,6%).
Opinião do especialista
Esse desempenho indica que o varejo deverá ter o quarto melhor fim de ano depois de 1986, quando passou a vigorar o Plano Cruzado. Os outros anos de impacto positivo nas vendas do varejo foram 1994 e 1995 – dois primeiros anos do Plano Real. Os números mostram também que a indústria brasileira e, mais ainda a cearense, tem ainda uma capacidade ociosa razoável. O crescimento da receita, inferior ao incremento do volume de vendas, se deve ao fato de muitos produtos estarem com preços baixos devido à desvalorização de mercadorias que possuem componentes importados – resultado do câmbio. O motivo de termos crescido menos do que o Brasil se deve, provavelmente, à grande produção com consequente aumento do consumo de soja e outros grãos no Sul do País há cerca de três meses atrás. A elevação expressiva na comparação com o ano passado não é surpresa, pois em todos os setores houve crescimento nas vendas.