Petrobras perfurará dois poços no Ceará


O Ceará terá dois poços perfurados em águas profundas, no próximo ano, na cidade de Paracuru. O Plano de Negócios 2010-2014 da Petrobras prevê um montante de R$ 1 bilhão para o Estado. Desse total, em média 30% (R$ 300 milhões) devem ser aplicados na exploração de novas reservas e na ampliação das já existentes

Apesar de não estar contemplado pela natureza com as potencialidades da camada pré-sal, o Ceará vai continuar a receber investimentos na exploração do petróleo em águas profundas. No próximo ano, dois novos poços serão perfurados no Estado, segundo o gerente executivo de exploração e petróleo da Petrobras, Mario Carminatti, em coletiva à imprensa ontem na sede da estatal, no Rio de Janeiro. Os dois poços serão perfurados na cidade de Paracuru, de acordo com o senador e membro da Comissão de Infraestrutura do Senado, Inácio Arruda.
 
Os poços serão as primeiras experiências no Ceará de prospecção em águas profundas – que estão abaixo dos 800 metros de profundidade, dependendo da lâmina de água da região. Até então, por aqui, só realizava explorações em águas rasas. Segundo o pós-doutor em Geofísica, Raimundo Castelo Branco a profundidade pode influenciar na qualidade do petróleo encontrado. “Quanto mais fundo, mais tecnologia, mais investimento em investigação geofísica e maiores as possibilidades, devido ao tempo de maturação, de se tratar de um petróleo melhor”, explicou.

O executivo da Petrobras Mario Carminatti preferiu não divulgar valores de investimentos na perfuração. No entanto, o Plano de Negócios 2010-2014 da Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará (UN-RNCE) da Petrobras prevê um montante de R$ 1 bilhão para o Ceará. Desse total, em média 30% (R$ 300 milhões) devem ser aplicados na exploração de novas reservas e na ampliação das já existentes. Hoje, o Estado produz mais de 10 mil barris de petróleo por dia.

Para o senador Inácio Arruda o impacto dos novos poços na economia cearense é “muito grande”. Ele acredita que os poços aliados à refinaria deixam o “cliclo do petróleo no Estado mais consistente”. E completa: “Isso representa uma grande alavancagem do setor”.

Segundo Carminatti, a Petrobras tem adquirido poços exploratórios desde 2004 em Sergipe, na Bahia e em outras regiões do Nordeste. “A atividade na margem equatorial continua e vários poços serão perfurados a partir do próximo ano. Estudos exploratórios mostraram limites consideráveis da área prospectável do pós-sal”, destacou.

Ontem a Petrobras divulgou a perfuração do primeiro poço em águas ultraprofundas da Bacia de Sergipe-Alagoas. No estado foi identificada a presença de petróleo de qualidade semelhante ao das águas profundas da Bacia de Campos.

“A descoberta que nós anunciamos hoje (ontem) é muito relevante. É no pós-sal e abre uma enorme perspectiva para a exploração e desenvolvimento da produção em áreas aqui em Sergipe”, destacou o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli de Azevedo, ontem em Aracaju (SE), segundo informações da assessoria de imprensa.

A JORNALISTA Teresa Fernandes viajou à convite da Petrobras

> A assessoria de imprensa da Petrobras foi procurada pelo O POVO para comentar sobre a localização dos dois novos poços em Paracuru. Mas até o fechamento da edição, não comentou sobre o assunto.

E-Mais

De o gerente executivo de exploração da Petrobras, Mário Carminatti, no Nordeste há pouco histórico de atividade de exploração de petróleo, por conta do foco da Petrobras nas últimas décadas em ampliar a produção das províncias petrolíferas da região Sudeste.

A descoberta de petróleo anunciada ontem pelo presidente da Petrobras, Sérgio Gabrieli, fica no bloco exploratório SEAL-M-426, a 58 quilômetros da costa de Sergipe. Apesar da pouca distância, a lâmina d´água (distância entre a superfície e o fundo do mar) na área é de 2,34 mil metros, maior do que a de Tupi, na Bacia de Santos, que gira em torno dos 2,1 mil metros. O poço ainda está sendo perfurado, em busca de objetivos mais profundos.

Além da semelhança geológica com a Bacia de Campos, a Petrobras se animou com a qualidade do óleo encontrado no poço, que é do tipo leve, semelhante ao do pré-sal, com maior valor de venda no mercado internacional. A Petrobras é hoje importador de petróleo leve, que mistura ao pesado óleo nacional para maior produção de diesel em suas refinarias.
 
Atualmente, o Nordeste tem grande atividade petrolífera apenas em terra, em bacias já exploradas desde antes da descoberta das primeiras reservas gigantes de petróleo na Bacia de Campos. Além de Sergipe e Ceará, porém, é crescente a atividade em outras bacias marítimas, como Pará-Maranhão, onde Petrobras e OGX têm concessões.