O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) usou na tarde desta quarta-feira (05.10), a tribuna do Senado para saudar os 70% dos eleitores brasileiros que votaram em duas mulheres para presidente da República.
E ressaltou a possibilidade de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) se unirem no segundo turno. “É este o nosso desejo, mesmo diante do bombardeio, dos ataques e das agressões que foram produzidos no primeiro turno”, disse o Senador, ao criticar o uso da internet para "tentar diminuir a força da representação política"
Inácio aproveitou para fazer um balanço da participação do seu partido, o PCdoB, no pleito de domingo (3), comemorando a eleição de Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para o Senado e de 15 deputados federais. No Ceará, lembrou Inácio, o PCdoB elegeu dois deputados federais, João Ananias e Chico Lopes e um deputado estadual, Lula Morais.
O senador destacou ainda o papel de alguns candidatos comunistas que, embora não tenham obtido vitória, contribuíram para o fortalecimento do PCdoB nos estados, como Netinho de Paula e Edvaldo Magalhães, respectivamente candidatos a senador por São Paulo e Acre, e Flávio Dino, candidato a governador do Maranhão. Para o senador cearense, “Dino contribuiu para elevar demasiadamente o debate político no Estado”. Inácio ressaltou ainda a participação do PCdoB na coligação que reelegeu o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que "fez um trabalho bonito" e obteve 61% dos votos válidos.
Íntegra do pronunciamento:
Pronunciamento do senador Inácio Arruda sobre o resultado das eleições em 03 de outubro.
Srªs e Srs. Senadores, venho, em nome do meu partido, o Partido Comunista do Brasil, primeiramente anunciar que a nossa bancada no Senado da República cresceu 100%, Sr. Presidente. Esse crescimento é lento e gradual, mas muito consistente. Se nós formos usar a estatística, é evidente que V. Exª vai considerar: “Puxa vida, mas cresceu 100%?”. É isso mesmo. Nós elegemos a Senadora Vanessa Grazziotin em um dos Estados mais importantes da Federação. Trata-se de uma mulher destacada na política do seu Estado e do Brasil. Vanessa Grazziotin foi Vereadora em Manaus, elegeu-se, em 1994, Deputada Federal – assumiu em 1995 –, e teve de três a quatro mandatos de Deputada Federal, eleita legitimamente pelo seu Estado, e agora se elege Senadora da República.
Para nós tem grande significado. A força política do nosso partido vai-se avantajando, vai começando a aparecer, e isso é parte da consolidação do processo democrático no Brasil. Quanto mais democracia, melhor para a gente expor as nossas ideias, explicar ao povo quais são as nossas propostas, qual é o programa do nosso partido, por que nós defendemos com tanta força a necessidade do desenvolvimento, do crescimento econômico, da inclusão de milhões de brasileiros que têm ficado, durante largo período, à margem da produção das riquezas no nosso País. E, para consolidar essas posições que defendemos, é evidente que precisamos ter representação nessas esferas do poder político, especialmente no Congresso Nacional, que é uma Casa política proeminente.
Nós elegemos a Senadora Vanessa; elegemos 15 Deputados Federais, aumentando a representação do Partido Comunista na Câmara dos Deputados; aumentamos a nossa representação nas assembleias legislativas do Brasil, elegendo 19 Deputados Estaduais; tivemos uma participação ativa nas eleições majoritárias.
Em São Paulo, lançamos a candidatura de Netinho de Paula, que foi quase trucidado midiaticamente, não pelos defeitos, mas pelas qualidades especialmente. Prevaleceu, sobretudo, o preconceito em relação a Netinho de Paula, que já é hoje um parlamentar destacado no Município de São Paulo. Netinho é Vereador da cidade de São Paulo e sofreu vários ataques, principalmente pela trajetória como músico da Música Popular Brasileira. Eu me lembro de Chiquinha Gonzaga, uma mulher no final do século XIX, início do século XX: como foi discriminada por tocar chorinho! Primeiro, por ser música, por ser compositora; depois, por ser uma mulher que tocava a música brasileira, a música do nosso povo.
Alguns se referiam, no plano nacional, alguns figurões do high society brasileiro: “Como é que é? Vão eleger esse pagodeiro paulista para cá?”. Quer dizer, é o ato da discriminação acovardada. Na verdade, eles não gostam da Música Popular Brasileira, eles não gostam do sentimento de povo. Esse cheiro de povo incomoda muita gente que tem poder, que detém meios, principalmente os que detêm os veículos de comunicação com mais inserção no meio do povo brasileiro. Não só em São Paulo, mas com repercussão nacional, porque São Paulo repercute no Brasil inteiro, meu caro Presidente Roberto Cavalcanti. Além disso, diziam: “Além do mais, é negro, pagodeiro e comunista!”. Esse é o preconceito exposto pela elite paulista em relação a Netinho de Paula. Mas ele saiu-se, posso dizer… E quero aqui dar-lhe os parabéns pela atuação. Ele não caiu nas provocações insistentes e permanentes de gente paga para fazê-las. Teve uma atuação destacada, honesta, honrada. Não fez campanha para terceiros candidatos ao Senado, mas para sua dupla: era ele e Marta do início ao fim. Não tergiversou, não fez aliança com adversários, não fez aliança com inimigo político eminente, fez uma campanha limpa, bonita.
Por isso, Netinho de Paula, você está de parabéns! Nós sentimos orgulho de sua presença no nosso partido e desejamos muito êxito à sua atuação na Câmara Municipal de São Paulo, à sua destacada atuação na Câmara Municipal de São Paulo. Tivemos, Sr. Presidente, outra candidatura especialíssima para nós: Edvaldo Magalhães, no Estado do Acre, que não conseguiu êxito na eleição. Mas quero destacar que Edvaldo Magalhães é uma liderança política no Estado do Acre, uma liderança com grande capacidade. Dirigiu a Assembleia Legislativa durante um largo período, um poder muito importante em todos os Estados, sendo respeitado, reconhecido.
Fez uma campanha também unida a Jorge Viana, que era o candidato da nossa chapa. Ajudou a eleger Jorge Viana. Em uma eleição muito disputada, muito acirrada, ajudou a eleger o Governador do Estado, Senador Tião Viana, que acaba de ser eleito Governador do Estado do Acre. Trata-se de um Estado pelo qual tenho especial apreço. Ali, temos milhares e milhares não só de descendentes, mas de cearenses que até hoje migram para aquele Estado, por sua relação íntima com o povo do Acre, que também é formado, especialmente, pelo povo cearense, que, precisando sobreviver, precisando garantir seu meio de subsistência e da família, muitas vezes teve de migrar para o Norte, onde havia água. O Acre foi um solo que recebeu milhares de cearenses, que construíram aquele Estado, com a ajuda de muitos outros de Estados vizinhos, mas sobretudo o povo cearense. Temos ali uma relação de grande intimidade.
Então, Edvaldo, receba nosso abraço. Você foi um bravo, um guerreiro do povo acreano, com essa relação forte com o povo cearense. Você está de parabéns! Você elevou o debate político no plano do seu Estado, mas também no plano nacional e fez repercutir a presença do nosso partido na cena política brasileira.
Sr. Presidente, nosso partido lançou candidatos majoritários também no Estado do Rio Grande do Norte, onde tivemos um candidato ao Senado. Tivemos candidato ao Senado no Estado do Rio Grande do Sul, uma mulher brava, que teve uma votação destacada, Abigail, que ajudou e contribuiu para que trouxéssemos de volta a esta Casa, numa eleição também extraordinária, o Senador Paulo Paim. Abigail, uma sindicalista de Caxias, teve uma destacada atuação na campanha eleitoral.
Quero destacar também a atuação de Eduardo Bomfim, em Alagoas, que fez dupla com o Senador Renan Calheiros. Ele não só contribuiu com Renan Calheiros, mas ajudou nosso partido ao debate político no Estado de Alagoas.
Quero destacar uma outra figura extraordinária, que chegou ao PCdoB, elegeu-se Deputado Federal, um jurista renomado, uma pessoa de grande capacidade, de percepção rápida na política, que, em três anos de mandato, apareceu como um dos mais destacados na Câmara dos Deputados, sendo, desde o início, um daqueles que ficam entre os 100 cabeças do Congresso Nacional, por esta instituição pertencente ao povo brasileiro, o Diap. Lá, em todas as edições, desde o início do seu mandato, está Flávio Dino, destacando-se entre os dez mais do Congresso Nacional, pela sua participação nos debates, pelo poder de convencimento, do argumento que ele tem utilizado para formular leis que representem o interesse maior do povo brasileiro.
Flávio Dino candidatou-se ao governo do Estado do Maranhão e colocou, então, o PCdoB no mapa da disputa eleitoral nacional, porque, quem disputa um governo de Estado tem presença permanente nas discussões, no Brasil. Examina-se, ali, a cada instante, a posição do nosso partido, se ele vai chegar, se vai ganhar, se vai ter uma participação efetiva, se é apenas coadjuvante. E Flávio Dino, ao contrário de tudo isso, foi um candidato extraordinário. Elevou demasiadamente o debate político no Estado do Maranhão, o que é necessário. Trata-se de um Estado irmão nosso.
Para V. Exª ter uma ideia, Sr. Presidente, há uma brincadeira no Ceará, no Maranhão e no Piauí, porque éramos considerados, até há pouco tempo, os Estados com piores índices. Em todos os índices em que se media a qualidade de vida do povo, éramos os piores. Então, dizia-se: “Pior serão ou pior será, tanto fazia ir como voltar”, porque esses eram os Estados com mais dificuldade da Federação. Esses Estados, então, precisam de um debate político, de um arejamento político forte, e o Flávio Dino deu essa contribuição.
A nossa Governadora, que foi reeleita, em primeiro turno, Roseana, é uma pessoa com a qual temos uma relação antiga, desde a Constituinte, com seu pai, Presidente da nossa Casa, mas isso não impediu que tivéssemos ali candidatos e agíssemos de forma respeitosa; a Senadora e Governadora agindo de forma respeitosa, assim como seu pai. Mas queremos destacar a atuação do Flávio Dino, queremos lhe dar os parabéns e também à militância do Maranhão. Que eleição extraordinária, que eleição bonita!
Eu estive no ultimo comício da campanha, às margens do rio Itapecuru, na cidade de Caxias. Um comício gigantesco, com mais de 20 mil pessoas, aclamando a figura de Flávio Dino como liderança especialíssima do povo maranhense. Parabéns, Flávio Dino! Parabéns a você! Parabéns ao povo maranhense, que soube fazer uma bonita campanha! Resolveu-se no primeiro turno, mas foi uma campanha disputada, foi uma campanha bonita, e tenho certeza de que o nosso partido e também o povo maranhense estão orgulhosos de sua participação nessa grande disputa eleitoral.
Sr. Presidente, no meu Estado, o Ceará, quero destacar também esta particularidade: ajudamos ali, dando nossa contribuição, do PCdoB, à eleição do Governador Cid Gomes. Foi reeleito com 61% dos votos válidos no nosso Estado. É uma eleição também destacada a do Cid Gomes. Foi um Governador que fez um trabalho bonito no Ceará. O Cid é daqueles que gostam de planejar, que gostam de ver as coisas no seu governo andando organizadamente; é daqueles que governam literalmente, que reúnem sua equipe, que discutem com sua equipe, e o resultado não podia ser outro. Cid se articulou o tempo inteiro com sua bancada, de Senadores e Deputados, discutiu os problemas do Estado do Ceará, discutiu com os prefeitos, discutiu com o Governo Federal, buscou os empreendimentos, buscou os investimentos para nosso Estado. Temos, ali, grandes investimentos federais que se estão materializando durante seu primeiro governo e que vão ser concluídos durante o seu segundo governo. Poderíamos citar as grandes obras que temos hoje no Estado do Ceará, com milhares de pessoas empregadas, repercutindo em toda a economia do Estado do Ceará.
Então, ali, tivemos um grande êxito: a reeleição do nosso Governador Cid Gomes em primeiro turno. Elegemos os dois Senadores da nossa coligação, dois Senadores destacados, Sr. Presidente: o Deputado Eunício Oliveira e o Deputado José Pimentel, que são dois Deputados destacados. Os dois ocuparam Pasta de Ministro do Governo Lula: o Ministério das Comunicações e o Ministério da Previdência. Não são Ministérios fáceis; são Ministérios difíceis, complicados, e eles deram conta das atribuições que estavam sob sua responsabilidade e também das determinações do Presidente da República, do Presidente Lula.
E para nós foi de grande importância a eleição dos Ministros Pimentel e Eunício Oliveira, dois Deputados Federais que chegam ao Senado Federal. Foi muito importante para nós ter conseguido eleger, no primeiro turno, o Governador do Estado e os dois Senadores da República, sem prejuízo da disputa que se deu com o adversário difícil, respeitado, que buscamos tratar de forma honrada no Estado do Ceará, que foi o Senador Tasso Jereissati, que encerra seu mandato neste período.
Sr. Presidente, também nos alegrou, de forma demasiada, o crescimento do nosso Partido no Estado do Ceará. Tínhamos eleito um Deputado Federal também na última eleição. Agora, elegemos dois Deputados Federais, duas Lideranças.
O Deputado Estadual João Ananias foi Secretário de Saúde, fez um trabalho espetacular no nosso Estado. Ele estendeu a rede de proteção básica de saúde aos Municípios; ampliou a rede hospitalar juntamente com o Governador; construíram dois novos hospitais públicos de porte no interior do Estado; estão construindo 21 policlínicas, que são hospitais de médio porte, com todas as especialidades, em 21 regiões; estão construindo 31 unidades de pronto atendimento; reforçaram os CEOs para atendimento bucal à população do interior do estado do Ceará, alguns com grande expressão. Agora mesmo, inauguramos um CEO na cidade de Sobral, que é regional, para atender à população de uma região inteira, num consórcio municipal. É exatamente esse homem, com essa qualidade, com essa capacidade de trabalho que estamos trazendo para o Congresso Nacional, nesse caso, para a Câmara dos Deputados, com uma eleição também muito boa.
Estamos reelegendo um figura extraordinária do povo cearense, que é o Deputado Chico Lopes, para o seu segundo mandato de Deputado Federal. Era importantíssimo que conseguíssemos reelegê-lo pela simbologia, pelo que ele representa daquele homem simples do povo, preparado, capaz, honrado, honesto, uma pessoa que discute com qualidade com qualquer agente público. Reconduzi-lo para mais um mandato teve forma assim especial para todos nós. Consideramos, portanto, muito boa a sua reeleição.
Elegemos o nosso Deputado Estadual – tínhamos um Deputado Estadual e o reelegemos –, Deputado Lula Morais, para um segundo mandato como Deputado Estadual pelo Estado do Ceará. Sr. Presidente, quero também destacar a vitória da nossa candidata, Dilma Rousseff. É muito significativo o resultado eleitoral.
Imaginemos uma pessoa como Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua trajetória de homem respeitadíssimo no mundo inteiro. Antes de ser eleito, em 2002, já era respeitado por todos, já havia participado de uma eleição em segundo turno no Brasil e mais duas outras eleições – Lula foi candidato em 2002 e em 2006 –, conseguindo êxito nessas duas eleições. Dilma participa pela primeira vez de uma eleição no Brasil. Isso não é problema, porque grandes lideranças do Brasil conseguiram êxito também pela primeira vez em uma eleição. Mas o fato extraordinário é que Dilma, não tendo participado de nenhuma eleição, conseguiu uma importante vitória, que foi alcançar um índice de 47% dos votos no Brasil. Este é o índice que Lula conseguiu nas duas eleições para Presidência da República. Claro! São três por cento apenas para ter sido eleita no primeiro turno.
Trata-se de alguém que, no início do ano, há oito meses, não tinha disputado nenhuma eleição. Muitos olhavam e até ficavam na espreita para ver se, chegando em abril, aquela candidatura murchava para que outros surgissem como candidatos da nossa coligação. Mas, Sr. Presidente, o êxito de Dilma é muito grande, muito, muito grande, e reflete o êxito também da política desenvolvida em nosso País, o êxito da política de Lula. Há um desejo que surgiu na campanha. Vejam a situação: chegamos, no final da eleição em primeiro turno, com quase 70% do povo votando em duas mulheres para Presidente da Republica. Precisamos averiguar, precisamos observar isso. Duas mulheres do povo, com trajetórias políticas diferentes, mas de grande atuação no nosso País. Uma, mulher com uma formação extraordinária. Veja que, no Rio Grande do Sul, ela teve de governar, na área da energia, durante o apagão, sem apagar o Rio Grande do Sul. Ela deixou o Rio Grande do Sul aceso no apagão, durante aquele período do Governo Fernando Henrique, quando a economia estava em caos e não havia sequer energia para tocar qualquer coisa no nosso País.
Então, é uma mulher que tem uma trajetória. Ela tem trajetória política de grande atividade, uma militante de grande atividade, militante que resistiu à ditadura, que resistiu ao fascismo, uma mulher de luta, de disposição.Muitos, hoje, tentam tratar de forma pejorativa aqueles que resistiram ao arbítrio, à ditadura, que as enfrentaram. Não fossem esses, o arbítrio teria durado mais no nosso País. Não durou mais, porque teve gente como Dilma Rousseff. Então, essas duas mulheres, de trajetórias distintas, Dilma Rousseff e Marina, cada qual com o seu estilo, com as suas peculiaridades, têm grande participação política. Lembro-me dos embates de Chico Mendes, no Acre, para defender a floresta com um desenvolvimento sustentável. Não queria a floresta intocável, mas sustentável, porque o povo da floresta precisava sobreviver e, para sobreviver, precisava usar a floresta. Mas, como usá-la sem destruí-la de forma absoluta? Então, isso fez Chico Mendes. Chico Mendes, também como Marina, é da nossa terra. Suas raízes, suas origens são lá do Ceará.
Eu era vereador da cidade de Fortaleza quando levei para lá o primo de Chico Mendes, para fazermos uma grande homenagem a Chico Mendes e a sua família; Marina e a Lia, a família dela é de Messejana e de Paracuru. O povo do Ceará, evidentemente, está ansioso para que possamos unir essas forças, unir essas energias de duas mulheres, de duas lutadoras do povo, de duas mulheres que participaram do Governo Lula, que ajudaram o Governo de Lula, que construíram o Governo de Lula, que fizeram o maior programa de defesa do meio ambiente. Lá em Copenhague, não sei se V. Exª se lembra, Senador Roberto Cavalcanti, mas o Presidente Lula foi aplaudido de pé em Copenhague. Não foi aplaudido de pé porque o meio ambiente está um desastre no Brasil. Pelo contrário. Foi porque o Brasil, um País ainda em desenvolvimento, teve a capacidade de apresentar um programa e um projeto de defesa do seu meio ambiente, de apresentar um programa sustentável para o meio ambiente brasileiro. É por isso que ele foi aplaudido de pé na Conferência do Clima em Copenhague.
São todas essas questões que nos fazem olhar o processo eleitoral e perceber que se trata de duas mulheres de competência, de caráter e com cara própria, cada uma com suas peculiaridades, que têm condições de se juntar no segundo turno para eleger o Presidente da República, para manter o nosso Pais no rumo do desenvolvimento, no rumo do crescimento e da distribuição de renda de forma equilibrada, para o bem das atuais gerações e das futuras gerações. É este o nosso desejo. É este o nosso anseio, mesmo diante do bombardeio, mesmo diante dos ataques, mesmo diante das agressões que foram produzidas no primeiro turno.
Há coisas que não podemos ou não devemos falar aqui no microfone. Talvez, alguns até tenham coragem de fazer coisas indescritíveis que estão nas páginas da Internet, que foi um instrumento quase que sujo, utilizado na campanha eleitoral, durante todo esse período, para tentar diminuir a força da representação política, o caráter da pessoa, tentar desconstruir a imagem das pessoas, o que foi tentado aqui no nosso País, na disputa política eleitoral.
Portanto, Sr. Presidente, quero destacar que essa unidade pode se manifestar diretamente pela ação das candidatas e pelo povo, porque o povo está de olho, o povo quer o Brasil se desenvolvendo, o povo quer o Brasil crescendo, o povo quer manter a distribuição de renda, o povo quer a construção de mais escolas técnicas, o povo quer mais ProUni.
O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti PRB – PB) – Senador Inácio, peço permissão a V. Exª para prorrogar por mais 30 minutos a sessão, para que V. Exª e o Senador Valdir Raupp façam seus pronunciamentos. V. Exª já está há mais de 25 minutos na tribuna e há a expectativa de que Valdir Raupp o imite em menos de 25 minutos.
O SR. INÁCIO ARRUDA (PcdoB – CE) – Imaginei que V. Exª iria prorrogar por mais 30 minutos para que eu pudesse concluir. Mas ter de dividir com Valdir Raupp é um prazer.
O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti PRB – PB) – V. Exª tem o poder de síntese.
O SR. INÁCIO ARRUDA (PcdoB – CE) – É que nessa hora, Sr. Presidente, eu quero dizer que eu não estou absolutamente desejoso do poder de síntese, estou querendo extravasar as emoções que tivemos durante todo esse tempo da batalha político-eleitoral. O Senador Valdir Raupp é um homem merecedor de mais de 30 minutos, em função da batalha que ele travou no importante Estado de Rondônia. Quero destacar este aspecto, Sr. Presidente: Dilma Rousseff mostrou capacidade que ela tem de governar o nosso País não somente ajudando o Lula, mas mostrando ao povo brasileiro, durante a campanha eleitoral, o seu desempenho como candidata, o seu aprendizado, porque, sendo a primeira vez que participa de uma eleição, não tinha a obrigação de ter aquele traquejo.
Eu já participei de dez eleições como candidato. Dez eleições! Participo da política, na disputa eleitoral, já há mais de quinze eleições. Há mais de quinze eleições que participo de comitê, que estou à frente de campanhas de amigos para governador, para prefeito de Fortaleza. De quantas campanhas participei! Agora, você participar pela primeira vez e ter esse desempenho… Puxa, não é fácil, no Brasil, com muitos órgãos pesados de comunicação num ataque ferrenho.
Talvez as pessoas tivessem que olhar… Sugiro aos especialistas que examinem a edição do Jornal Nacional de sábado e vejam, na edição para os três candidatos, a sutileza do ataque, vejam como se pode desmontar uma pessoa, ainda que dizendo que ela é linda e maravilhosa. Olhem como foi feita. Olhem a sutileza do bombardeio que se trava numa candidatura no plano nacional quando esta representa o progresso, o desenvolvimento e a distribuição da riqueza para o povo e para as regiões no nosso País. Nós, como nordestinos, sabemos e sentimos muito isso. Sabemos o que é isso, sabemos o que isso representa.
Por isso, Sr. Presidente, estou confiante de chegar ao Ceará com a convicção de que as forças políticas que se elegeram no nosso Estado e alguns setores que até disputaram conosco poderão estar unidos numa grande frente para ampliar muito a votação de Dilma no Estado do Ceará. E o que vamos fazer por Dilma no Estado do Ceará, eu tenho a convicção de que poderemos, Sr. Presidente, fazer no Brasil inteiro.
Por isso, agradeço a V. Exª a paciência, bem como ao nosso amigo reeleito Senador da República, Valdir Raupp, pelo nosso entendimento ao fazer esse balanço da disputa eleitoral, ao fazer esse balanço de que, no Brasil, a democracia se aprofunda, e, ao aprofundar a democracia, temos condições também de tornar o poder mais próximo do que chamamos de uma democracia popular, com mais gente do povo chegando ao Congresso Nacional, com mais gente do povo chegando aos governos estaduais, com mais lideranças populares, com mais sentimento de nacionalidade, com mais sentimento de Brasil.
Por que lá fora, hoje, em todos os lugares, Sr. Presidente, por onde se anda, o Brasil é respeitado e o Lula é um homem admirado? Por quê? Porque o nosso País se pôs de pé; porque agora nós estamos mais vivazes na ação da construção da sociedade brasileira; porque os projetos estão respondendo com geração de emprego. Emprego gera renda, renda gera vontade de aprender mais, de ir à escola, de ir à universidade, e ganha o nosso País essa condição. Lula abriu esses caminhos. Como diria Guimarães Rosa, veredas foram abertas, veredas nacionais, para que a gente possa se manter no rumo do crescimento e do desenvolvimento.
Sr. Presidente, tenho certeza e convicção de que o povo brasileiro está desejoso não só de eleger uma mulher, não só de eleger uma mulher Presidente, mas uma mulher capaz de conduzir o projeto a que Lula deu início, colocando a nossa Nação efetivamente de pé.
Agradeço, Sr. Presidente, essa oportunidade de fazer esse pequeno balanço da disputa eleitoral no nosso País, que vai, digamos assim, se materializar, tenho certeza, com a vitória de Dilma, no dia 31 de outubro.
Obrigado.