De olhos na economia e na escolha de um possível novo líder, o Partido Comunista da China (PCC) abriu nesta sexta-feira a sua reunião plenária anual que discutirá os rumos do país nos próximos cinco anos.
Os dois assuntos, o plano quinquenal que deitará as bases para a ação do governo na área econômica nos anos 2011-2015 e os indícios sobre quem poderia suceder o presidente Hu Jintao a partir de 2012, dominam a pauta da reunião, marcada para terminar na próxima segunda-feira.
Embora os detalhes do plano econômico permaneçam, como de praxe, cercados de segredo, as linhas gerais da estratégia da liderança chinesa na área econômica são conhecidas.
Autoridades chinesas têm deixado transparecer sua intenção de fazer com que o crescimento do país esteja menos atrelado às exportações e mais ao consumo interno.
A estratégia, de estimular a economia a partir do mercado doméstico, teria o benefício adicional de reduzir a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres – que cresceu nos últimos anos –, repartindo assim os proveitos da segunda maior economia global para uma fatia maior de pessoas.
Depois de anos de crescimento acelerado, analistas avaliam que o governo chinês estaria neste momento dando mais atenção à distribuição dos frutos dessa expansão.
Nova liderança
A reunião plenária do PCC também deverá dar indícios de quem será o próximo sucessor do presidente Hu Jintao, que encerrará seu segundo e último mandato em 2012.
Muitas fichas estão no nome do vice-presidente, Xi Jinping, 56, que poderia nos próximos dias ser eleito vice-presidente do comitê militar central do partido – uma espécie de "antessala" para o cargo de presidente.
Pouco se sabe das posições políticas de Xi, considerado um dos "príncipes" do regime, filho de um conhecido líder veterano chinês. Considerado pouco carismático, Xi é mais conhecido por sua esposa, Peng Lijuan, uma cantora popular na China nos anos 1980.
Ele é visto por analistas como favorável às reformas de mercado, mas cauteloso em termos de abertura política.
É tido como defensor da continuidade da hegemonia do partido comunista único na China, mas preocupado com possíveis distúrbios sociais que possam advir de insatisfações com a sua preponderância.
Para observadores da realidade chinesa, o encontro do PCC também é importante para se avaliar como está sendo tratado o tema da reforma política.
A concessão do prêmio Nobel da Paz para o dissidente Liu Xiaobo, que cumpre pena de prisão por pedir reformas democráticas, recolocou o debate no centro das preocupações internacionais.
Sobre isso, há divergências mesmo dentro do partido. Muitos delegados do PCC creem que a falta de democracia poderia acabar minando a credibilidade do partido e, assim, sua legitimidade.