O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou nesta quinta-feira que o plano de um pastor da Flórida de queimar cópias do Alcorão no dia 11 de setembro poderia provocar ataques suicidas da Al Qaeda. Países asiáticos fizeram um apelo a Washington para que impeça a queima.
"Isto é um incentivo para o recrutamento pela Al Qaeda", disse Obama em uma entrevista ao programa de televisão "Good Morning America", da TV ABC. "Pode haver grave violência em lugares como Paquistão e Afeganistão. Isto pode ampliar o recrutamento de pessoas que desejariam se explodir em cidades americanas ou cidades europeias."
Terry Jones, líder de uma igreja protestante de aproximadamente 30 membros em Gainesville, Flórida, está planejando queimar cópias do livro sagrado do Islã no sábado, no nono aniversário dos ataques de 11 de setembro contra Nova York e Washington.
Sua ameaça assustou o mundo e aumentou as tensões sobre o aniversário de 11 de setembro, que nesse ano coincide com o festival muçulmano de Eid al-Fitr, que encerra o mês de jejum, o Ramadã.
Os Estados Unidos também estão atualmente envolvidos no debate sobre a construção de um centro islâmico próximo ao local de ataque em Manhattan.
A Índia, país que sofre com conflitos sectários, pediu ao governo norte-americano nesta quinta-feira que impeçam Jones de realizar seu plano. O presidente da Indonésia, nação com a maior população muçulmana do mundo, solicitou uma intervenção pessoal de Obama.
"Esperamos que as autoridades dos EUA tomem ações decisivas para impedir que um escândalo seja cometido", disse em comunicado o ministro de Assuntos Domésticos da Índia, Palaniappan Chidambaram. Ele pediu à mídia que não publicasse fotos da queima dos livros.
Em Jacarta, um assessor do presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, disse que havia escrito para Obama pedindo sua intervenção.
Mas Obama disse que pouco poderia ser feito, segundo a lei norte-americana, para confrontar o pastor, além de colocá-lo sob leis locais contra queimadas em público.
Para Jones, a queima do Alcorão é uma forma de confrontar o terrorismo islâmico. Mas seus planos já receberam ampla condenação por parte de líderes religiosos, políticos e militares dos EUA, que afirmam que a decisão ameaça a segurança de soldados norte-americanos no exterior.