Piedad nega acusações e diz que continuará atuando pela paz


A senadora colombiana Piedad Córdoba afirmou nesta terça-feira () que o afastamento do cargo determinado um dia antes pela Justiça colombiana é o “preço pago por tentar mediar o processo de paz no país”.

No início da tarde, Piedad concedeu uma entrevista coletiva para se defender das acusações apresentadas pelo Ministério Público de que ela teria ligações com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

"É grave que quem trabalhe pela paz seja impedido e afetado. Isto vai fechar muito as possibilidade de continuar trabalhando pela paz na Colômbia”, afirmou.  Piedad é senadora desde 1994 e ficou conhecida na Colômbia pela mediação de libertação de 12 reféns da guerrilha.

Segundo o Ministério Público, a razão para afastar a senadora é ela ter “colaborado com as Farc no período entre 15 de agosto e 20 de novembro de 2007, e em alguns momentos nos anos seguintes”. Sendo assim, essa é a primeira condenação de um político por aproximação de guerrilha da história do país.

"Estão criminalizando o trabalho humanitário", disse em relação à decisão de destituí-la e afastá-la por 18 anos. Para ela, porém, a medida não fará com que ela deixe de lutar pela libertação dos 19 reféns que ainda estão na selva.

“Nenhuma das atuações que realizei foi feita de costas para o país, aos colombianos ou às autoridades. Minha primeira e única reunião com Raúl Reyes [chefe das Farc morto em 2008] foi conhecida por meio da entrega de um vídeo às autoridades do meu país”, argumentou referindo-se às acusações de que ela teria vínculos com a guerrilha.

Piedad afirmou também que se reuniu com os guerrilheiros colombianos Sonia e Simón Trinidad com autorização do governo da Colômbia.  Mais cedo, ela havia publicado em sua página na internet que a decisão do Ministério Público "é mais uma mostra da perseguição política" realizada contra ela e que vai contestar a decisão.

A destituição da senadora, anunciada na tarde de ontem, provocou diversas reações políticas na Colômbia.  O governista Partido de la U manifestou oficialmente seu apoio ao Ministério Público e à decisão adotada.

O senador e porta-voz do partido, Roy Barreras, chegou a afirmar que Piedad “por muito tempo maculou a imagem do país no exterior” referindo-se as afirmações que a senadora fez durante uma visita a União Européia, na qual disse que a Colômbia é uma fossa comum, já que, pouco tempo antes, corpos haviam sido encontrados na vala no município de La Macarena.

Já o ex-candidato de esquerda à presidencia Gustavo Petro, do Polo Democrático Alternativo disse estar preocupado com o afastamento da senadora. “A decisão é de excluir uma pessoa de sua função política por suas ideologías”, disse.