O exército israelense se isentou nos últimos anos de investigar a morte de civis palestinos por disparos de seus soldados, criando assim um clima de impunidade, afirma um relatório publicado nesta terça-feira pela organização israelense de direitos humanos B\’Tselem.
"Os soldados que matam palestinos nos territórios ocupados não têm no geral que responder sobre seus atos, inclusive quando as circunstâncias fazem pensar graves suspeitas de ações criminosas", critica o documento.
"Esta política (…) estimula uma atitude de negligência e demonstra um flagrante desprezo pela vida humana", estima esta ONG.
Segundo a B\’Tselem, de 2006 a 2009, o exército só abriu 23 investigações dos 148 casos assinalados pela ONG, nos quais 288 civis palestinos morreram, 41 casos foram descartados de cara e a decisão sobre outros 84 ainda não foi tomada.
O informe precisa que nenhum processo criminal foi aberto contra soldados que foram alvo de investigação. Acrescenta que, durante o período examinado, as tropas mataram 1.510 palestinos, dos quais 617 não estavam envolvidos em hostilidades.
Estas cifras não levam em conta as vítimas da ofensiva israelense contra o Hamas, que causou mais de 1.400 mortos palestinos no final de 2008 e início de 2009.
Segundo B\’Tselem, esta relativa impunidade dos soldados israelenses obedece ao fato de que Israel considera que se encontra em "conflito armado" nos territórios palestinos.
Indagado pela AFP, o exército israelense afirmou que "a maioria dos assuntos e queixas apresentados no informe da B\’Tselem está incluído num recurso interposto por esta organização ante a Suprema Corte" e convida a ONG "a esperar pela sentença".