O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tende a desacelerar no segundo semestre, na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, mas, com o crescimento registrado na primeira metade do ano (9%), já é possível "assegurar pelo menos 7% de expansão" em 2010.
"Podendo ser até maior. Com essa variação, teríamos o maior crescimento do PIB em 24 anos", afirmou o titular da pasta nesta sexta-feira ao comentar o desempenho da economia brasileira. A projeção está em linha com a do mercado, mensurada pelo boletim Focus, que estima alta de 7,09%, de acordo com a pesquisa divulgada nesta semana.
Para Mantega, o segundo semestre deve ter um aumento menor, entre 5% e 5,5%, expansão que, fez questão de ressaltar, não gera inflação. "No ano, será um resultado excelente, com crescimento maior e inflação menor", disse.
Sobre o crescimento divulgado hoje de 1,2% no segundo trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, o ministro admitiu que houve uma desaceleração, mas ressaltou que a economia mantém "um patamar vigoroso de crescimento".
O titular da pasta citou como destaques do período os setores agrícola, de manufaturados e a construção civil e ressaltou também o crescimento de 26% na taxa de investimento.
Com a expansão no primeiro semestre, frisou ainda, o Brasil teve um dos maiores crescimentos do mundo, atrás apenas da China e da Índia.
Na sua avaliação, as medidas da autoridade monetária para conter a aceleração no primeiro trimestre foram eficazes. "O Banco Central fez uma gestão adequada da taxa [básica] de juros", afirmou, lembrando que, antes da manutenção da Selic na reunião de quarta-feira (º) em 10,75% ao ano, o Copom elevou a taxa em dois pontos percentuais neste ano.
Para Mantega, a inflação se mostrou baixa nos últimos meses, o que justifica a permanência da taxa no mesmo patamar.
O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país em um certo período –é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.
PÉ NO ACELERADOR
Depois de forte expansão no primeiro trimestre, a economia brasileira tirou o pé do acelerador e cresceu 1,2% no segundo trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, de acordo com dados relativos ao PIB.
No primeiro trimestre, o PIB havia apresentado incremento de 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2009, impulsionado principalmente pelo desempenho da indústria e investimentos. Em relação a igual período em 2009, a economia avançou 8,8%.
Ao todo, a economia movimentou R$ 900,7 bilhões no segundo trimestre.
No acumulado dos últimos 12 meses, a economia teve expansão de 5,1%, em relação a igual período imediatamente anterior.
ESTIMATIVA
O crescimento do PIB no segundo trimestre, de 1,2%, superou as estimativas do governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia afirmado que acreditava em uma alta entre 0,5% a 1%.
O resultado do trimestre passado ficou mais próximo do que havia indicado o Banco Central no IBC-Br (Índice de Atividade do BC), divulgado no início do mês, quando estimou que a atividade econômica havia crescido 1,32% no segundo trimestre de 2010 em relação ao trimestre anterior, no segundo trimestre seguido de desaceleração.
INVESTIMENTOS
O investimento, medido pela chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiu 26,2% de janeiro a junho frente os seis primeiros meses de 2009. No segundo trimestre, se comparado aos três meses imediatamente anteriores, houve crescimento de 2,4%; Em relação a igual trimestre em 2009, o IBGE aponta alta de 26,5%, a maior alta desde o início da série histórica em 1996.
A taxa de investimento representou 17,9% da formação do PIB no segundo trimestre.
SETORES
O setor industrial teve avanço de 14,2% no primeiro semestre. No segundo trimestre, apresentou aumento de 1,9% frente ao primeiro trimestre; na comparação com igual período em 2009, houve avanço de 13,8%.
Já o setor de serviços registrou incremento de 5,7% sobre o primeiro semestre de 2009. Em relação ao primeiro trimestre, o PIB dos serviços aumentou 1,2%; em relação ao segundo trimestre de 2009, observou-se incremento de 5,6%.
O setor agropecuário teve desempenho 8,6% superior nos primeiros seis meses deste ano, em relação a período correspondente no ano passado. No segundo trimestre, a elevação perante ao trimestre anterior foi de 2,1%; em relação ao período de abril a junho de 2009, a agropecuária teve alta de 11,4%.
O consumo das famílias registrou incremento de 8% no primeiro semestre. No segundo trimestre, quando confrontado com os três meses imediatamente anteriores, nota-se alta de 0,8%; na comparação com o mesmo intervalo no ano passado, foi verificada alta de 6,7%.
O consumo do governo cresceu 3,6% no primeiro semestre, segundo o IBGE. No segundo trimestre, foi notado avanço de 2,1% frente aos três meses imediatamente anteriores; na comparação com o mesmo intervalo no ano passado, houve alta de 5,1%.