Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual


Rosemberg Cariry fala sobre o 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.
 

Qual a expectativa para esse 8º CBC?

– Queremos reunir o maior número possível de representantes do cinema e do audiovisual brasileiro. Acredito mesmo que sairemos com um documento importante, com resoluções que apontarão os novos caminhos do cinema brasileiro. É preciso compreender que este congresso é o resultante de muitos grupos de trabalhos e das discussões de muitas entidades e de muitos nomes do cinema brasileiro, que já vêm debatendo e propondo caminhos transformadores.

Por que está recebendo tratamento de Especial e sendo chamado de o “Congresso da Reunificação”?
– Por que esperamos reunir representações significativas do cinema e do audiovisual brasileiro em um amplo debate, o primeiro depois da profunda cisão da ANCINAV, que deixou marcas profundas. Esperamos reunir o cinema brasileiro em todo o seu vigor, em toda a sua diversidade, em todas as suas contradições e acertos. Um encontro de sonhos, de perspectivas, de gerações, de estéticas, de buscas… Serão trabalhados consensos, de forma a repactuar o cinema e o audiovisual brasileiro em torno de um amplo projeto de desenvolvimento sustentável. O cinema e o audiovisual brasileiros unidos serão grandes. Sou um otimista, acredito que, dentro de dez ou quinze anos, seremos um dos cinemas mais importantes do mundo. Assim como Darcy Ribeiro, penso que este país tem uma grande contribuição cultural a dar ao mundo, e esta contribuição nasce do que nos faz grande: o fato de sermos um encontro de mundos, de povos e de culturas. O povo brasileiro ensaia um projeto particular e universal, ao mesmo tempo. Tudo que o Brasil produz em termos de cultura é, ao mesmo tempo, brasileiro e universal, visto que nossa cultura é um encontro das principais vertentes culturais do mundo que se reinventam sob um novo signo de grandeza e generosidade.

O CBC já passou por muitos momentos, alguns históricos, como o 3º Congresso acontecido em Porto Alegre, em 2000. O que representa, de fato, o CBC hoje para o audiovisual brasileiro?

– O Congresso Brasileiro de Cinema é um exemplo da capacidade de organização e luta do povo brasileiro. Não sei se existem outros exemplos na América Latina ou mesmo no mundo. Temos assim uma instituição que se faz das representatividades de mais de sessenta instituições e associações do cinema e do audiovisual brasileiros, em todos os setores: cinematecas, escolas, centros de pesquisas, produtores, realizadores, festivais, infra-estrutura, TVs públicas e comunitárias, cineclubes, movimentos de minoria etc.. Isto é maravilhoso, poder reunir uma gama tão ampla de representações, apesar das diferenças de interesses e de visões.

O CBC tem realmente feito diferença nesses últimos anos? Qual o balanço que você faz desta gestão?
– Sim, acho que tem feito a diferença; o 1º CBC, na década de 50, nasceu da necessidade histórica de o cinema brasileiro elaborar um projeto amplo que determinasse as políticas públicas. A partir do 3º Congresso, em 2000, temos o audiovisual brasileiro marcado pelas resoluções que saíram daquele coletivo. Depois a grande função do CBC foi lutar pela aplicação destas resoluções e defender, em várias instâncias, os interesses acordados. Neste aspecto, acho que os presidentes do CBC Gustavo Dahl, Assunção Hernandez, Geraldo Moraes, Paulo Bocato, Paulo Rufino e Jorge Moreno tiveram papel fundamental na consolidação dessas políticas que encontraram, na época, em Orlando Senna e, posteriormente, em Silvio Da Rin, Newton Canito e Manuel Rangel, as representações governamentais que lutaram pela implementação das resoluções.

Quais as principais realizações do CBC?

– Na cena do cinema brasileiro, cindida por motivos históricos que não nos cabe julgar neste momento, retomamos o diálogo amplo e sincero. Trouxemos de volta muitas entidades que se tinham afastado do CBC, reconquistamos a confiança destas e de novas entidades e estamos realizando o grande Congresso Brasileiro do cinema e do audiovisual. Abrimos um produtivo diálogo com o Ministério da Cultura, por meio das suas secretarias e agências especiais, notadamente com a SAV e a Ancine, além de todas as lutas que travamos no Congresso, em defesa das leis que favorecem o cinema e o audiovisual brasileiros. A lei de Renquadramento do Simples, o Fundo de Inovação Audiovisual, a provação do PL 29 na câmera, foram vitórias importantes do CBC, por meio das suas entidades. Na Conferência de Comunicação – Confecom, importante conquista do cidadão brasileiro, o CBC teve as suas propostas aprovadas, por meio de acordos realizados com a Abraço, a Intervozes e a CUT, visto que não tínhamos delegados na Confecom, mas tínhamos observadores e aliados que muito bem trabalharam e conquistaram a aprovação de praticamente todos os temas encaminhados. Mobilizamos as entidades do audiovisual brasileiro em torno da realização da Pré-conferência do audiovisual e da Conferência Nacional de Cultura. Estendemos a presença do CBC em todo o território nacional, inclusive no Norte e Nordeste, regiões, muitas vezes, marginalizadas nos processos políticos do audiovisual brasileiro, e conseguimos inserir o CBC nesse amplo painel de discussões e na cena ibero-latinoamericana. Participamos do Encontro Internacional da Coalizão da Diversidade Cultural, em Salvador, e do II Encontro de documentaristas do Século XXI – América Latina e Caribe, em Quayaquil, Equador, e agora estamos participando da organização do III Encontro, que acontecerá no Brasil, em São Paulo.
Estreitamos laços de cooperação com alguns países, notadamente pela ação do Conselho Nacional de Cineclubes e do Fórum dos Festivais. Estamos preparando, ainda para este ano, a realização do I Encontro de Jovens Realizadores da América Latina, com participação de 32 países da América Latina e Caribe. Estamos participando também do seminário “Curta & Mercado” que busca alternativas de exibição e de mercado, através de novas janelas, para o filme de curta duração.

Qual a realização mais importante, entre todas que você citou?

– Acho que a realização mais importante será o 8º Congresso, que promoverá um debate amplo e propositivo de novas políticas públicas e novos paradigmas para o cinema brasileiro. Todos foram chamados para pensar e realizar o evento. O CBC retoma assim o seu espírito inicial de congraçamento de todos os setores do cinema e do audiovisual brasileiros. O CBC pode ser traduzido como afirmação da diversidade audiovisual brasileira e busca de consenso dentro desta diversidade.

Como pensar o cinema brasileiro, com tanta diversidade e tantos interesses conflitantes?

– Por meio do encontro, do diálogo, do consenso. Jamais poderemos ter um cinema bonito e bem realizado se não lutarmos também pelo fortalecimento das produtoras e das distribuidoras nacionais. Jamais poderemos falar do cinema brasileiro enquanto ele não for a expressão de todas as regiões do País e não for discutida uma nova função para as TV Públicas e comunitárias, que deveriam ser espaços privilegiados da força, da beleza e da diversidade cultural do povo brasileiro. E, para não dizer que não sonhamos o bastante, queremos a ampliação dos editais para o desenvolvimento do audiovisual, em todos os níveis, da União, dos Estados e dos Municípios; queremos a ampliação dos recursos para as áreas de preservação e pesquisa; queremos a valorização, fortalecimento e sustentabilidade do circuito de festivais brasileiros; queremos a criação de pólos e complexos audiovisuais em todo o País; queremos o apoio para as empresas de infra-estrutura e para as programadoras independentes de conteúdo audiovisual brasileiro; queremos o fortalecimento e ampliação dos programas governamentais voltados para o desenvolvimento do cinema e do audiovisual brasileiro.

Quais são os novos desafios do CBC? Que foco sobre questões de mercado deverá ter esse 8º Congresso?

– Os desafios do CBC são os desafios do cinema e do
audiovisual brasileiro, na perspectiva da revolução tecnológica contemporânea e toda uma luta pela conquista de espaço, de mercados internos e externos. Novas soluções estão sendo pensadas, estão sendo pactuadas, estão sendo ousadas. No Nordeste, por exemplo, num esforço conjunto do CBC, da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura (RRNE/MinC), com apoio da SaV, da Ancine e da Fundarpe, surgiu o Grupo Asterisco que reúne importantes nomes da universidade, do cinema, da TV, da economia, dos jogos eletrônicos e da criação de software, em busca de um plano de desenvolvimento sustentável do audiovisual no Nordeste e propõe uma ação inicial transformadora, com novos paradigmas para a região, que cada vez mais se integra ao mundo. Acredito que este modelo, com suas adaptações, usando os fundos de desenvolvimento constitucionais, deveriam ser pensadas nas diversas regiões. No Norte, a exemplo do nordeste, surge o 1º Fórum do Audiovisual da Amazônia Legal. Estes são caminhos idéias para rompermos com as desigualdades e fazer deste país uma potência audiovisual significativa. Esta é uma questão importante para o 8º Congresso.

Quais foram as grandes dificuldades enfrentadas pela sua gestão?

– Nós recebemos um CBC em crise, uma crise institucional que se estendia desde a ruptura que aconteceu por ocasião da Ancinave e foi se agravando. Em 2008, a situação era realmente difícil. Em janeiro deste mesmo ano, as entidades que fazem o CBC se reuniram em Atibaia, sem saber muito o que fazer, diante das muitas dificuldades. Resolveram ligar para mim, que sou fora do chamado eixo Rio e São Paulo. Pediram-me que eu aceitasse a presidência do CBC. Relutei. Tinha muitos compromissos profissionais e pessoais, inclusive alguns compromissos no exterior, que terminei cancelando. Aceitei ser presidente do CBC por uma compreensão básica: o CBC é resultante de importante processo de luta do cinema brasileiro e é uma entidade modelo em toda a América Latina, não poderíamos abandoná-la. Arregaçamos as mangas, eu, a diretoria, o conselho. Conseguimos novamente fazer uma grande articulação política, conseguimos nos fazer ouvir pelas instituições governamentais. Por fim, conseguimos articular o 8º congresso com grande participação do cinema e do audiovisual brasileiro. Agora, neste congresso, será discutido o novo modelo de CBC, que, acredito, deva funcionar como a Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência – SBPC, promovendo bienalmente um grande congresso, representativo de todos os setores do cinema e do audiovisual e agindo politicamente nas grandes questões em consenso com o conjunto das entidades representativas.

O CBC tem atuado firmemente no Congresso Nacional. Quais os projetos que o CBC apoia ou luta pela sua aprovação?

– É verdade, tentamos manter todas as entidades mobilizadas em torno de uma agenda legislativa, composta dos seguintes pontos: aprovação do PLC 116/2010 (antigo PL 29) no Senado, sem modificações no texto de lei aprovado na Câmara; aprovação da nova Lei Rouanet, segundo acordo pactuado; implementação da lei de Cristovão Buarque que propõe a inserção do audiovisual brasileiro na rede pública de ensino; aprovação da lei Vicentinho – que propôs inserção da animação brasileira na TV; aprovação da Lei Jandira – que propõe a regionalização da produção e a inserção dos produtos audiovisuais regionais nas programações de TV; aprovação da PEC 150, com a destinação de recursos orçamentários da União, Estados e Municípios para a cultura, à semelhança do que já acontece na Saúde e na Educação; democratização do Vale Cultura, levando em conta a convenção da UNESCO sobre a Diversidade Cultural; aprovação e implantação do Sistema Nacional de Cultura – FNC, adequação da Lei 8.666 à área da cultura; ampliação da cota de tela. Também propomos o imediato funcionamento do Fundo de Inovação audiovisual, que junto com a SAV e a ANCINE, junto às entidades representativas do cinema, ajudamos a construir.

Você acredita que o programa “Um Cinema Perto de Você” atenderá o problema da distribuição/exibição a curto ou médio prazo? Esse é a saída para o escoamento da produção audiovisual, que não para de crescer?

– Há, por parte do Ministério da Cultura, por meio da ANCINE e da SAV, um grande esforço para minorar o difícil quadro da exibição do Brasil. O projeto Cinema Perto de Você propõe e oferece recurso para criação de duas mil novas salas no Brasil, inclusive em pequenas cidades do interior. O programa Cine Mais Cultura , espalhou mais de 2.000 salas de vídeo por todo o país.  em trabalho conjunto com o Conselho Nacional de Cineclubes – CNC e a  Associação Brasileira de Documentaristas – ABD. Tudo isto é importante, mas precisamos ser ainda mais ousados precisamos de cinco mil salas de cinema em todo o País e não apenas salas, mas de salas multiusos, como propôs, de forma bastante lúcida, o presidente Lula, no lançamento do Programa Cinema Perto de Você. Estes centros, segundo o presidente da República, devem ter sala de exibição, biblioteca, pizzaria, correios, caixas eletrônicos, cybercafé etc. Um arranjo social, cultural e comercial, entre o público e o privado.  Seriam pontos de encontro, atrações bem vivas em pequenas cidades do interior ou mesmo em favelas e bairros das periferias dos grandes centros urbanos. Temos um bom desafio pela frente, mas temos capacidade e criatividade suficientes para vencer o desafio.

O problema da produção, que já foi uma grande preocupação, hoje é um assunto resolvido. Há muito dinheiro para se filmar. Mas a questão da distribuição e exibição, por que as questões nesse setor não andaram?

– Não acredito que exista muito dinheiro para filmar. O que se investe no Brasil no cinema e no audiovisual é muito pouco, se levarmos em conta as nossas potencialidades e o que pode representar o avanço do produto brasileiro nos mercados internos e externos. O presidente Lula, sempre com um impressionante senso prático, lançou a idéia de uma grande distribuidora de conteúdos audiovisuais nacionais, uma empresa pública, mas com participação do capital privado por meio de acionistas. Apoiamos esta ideia. Por outro lado, todos nós queremos a ampliação do parque nacional de exibidor, não apenas nos Shopping Centers, nos “templos do consumo” e nos bairros elegantes das grandes cidades, mas como uma rede viva de veias que irrigam com o oxigênio da arte e da cultura o corpo vivo da nação brasileira. Em todas as cidades, em todas as vilas, queremos a presença universal do cinema, sobretudo do cinema que nos traduz, enquanto povo herdeiro das culturas de mil povos que cotidianamente reinventamos na renovação do mundo. Salas de concreto armado, ferro, de vidro, de taipa, de palha – ousadas arquiteturas de barrocos mestiços, de pós-modernidade reinventada pelo gênio popular ou da modernidade tardia propostas pelos grandes arquitetos da burguesia brasileira; Tantos cinemas quanto bancos, tantos cinemas quanto igrejas das várias religiões, tantos cinemas quanto quartéis… Vamos lançar, no 8º CBC, a campanha: “um cinema em cada município brasileiro”. Temos 5.564 municípios no Brasil, então precisamos de no mínimo 5.564 salas de exibição ou centros de “cinemas multiuso” nas diversas regiões.  Não é muito para um país que já é a sétima economia do mundo.

A política cinematográfica brasileira tem atendido a diversidade do nosso audiovisual, a sua regionalização e os diferentes meios de produção?

– Uma política não nasce pronta, ela se constrói, e as entidades terminam por jogar um papel significativo nas transformações destas políticas. Muitos dos aperfeiçoamentos dos editais da SAV ou do fundo Setorial da ANCINE, para citarmos dois exemplos, nasceram das reivindicações das entidades de cinema e audiovisual. A sociedade civil trabalha para aperfeiçoar as instituições governamentais. A produção regional é preciso ser tratada não apenas como uma questão de quotas ou de indutores regionais, mas como uma política séria profunda, transformadora, a partir de novos paradigmas, em que o cinema e audiovisual passam a jogar importante papel no desenvolvimento regional. Afinal de contas, se, em Recife, por exemplo, com o Porto Digital, encontra-se o grupo de excelência da América Latina em produção de jogos eletrônicos, o que impediria que cada região tivesse também seus arranjos produtivos para o cinema e para o audiovisual?  Na música, no turismo, na indústria, na produção cultural, o Nordeste já mostrou do que é capaz. Precisamos das outras regiões brasileiras juntas neste mesmo esforço de transformação o Centro-oeste, o Sul, o Sudeste. O Norte é um caso à parte, que tem que ser pensado prioritariamente. Se o cinema brasileiro fosse um corpo, eu diria que está faltando um coração, uma cabeça, um braço… Não sei que parte do corpo, mas sei que está faltando o norte, a região Norte. Defendo inclusive, em um primeiro momento, a criação de editais próprios para o desenvolvimento audiovisual do Norte. Por enquanto, a região é tomada pela produção internacional, que faz uso da paisagem e de um profundo sentimento de abandono.

O audiovisual está fazendo alguma coisa pelos jovens, formação de mão de obra, diretores e no ensino?

– O CBC tem apoiado todas as iniciativas de projetos e programas de formação e de educação de jovens nas áreas do audiovisual. Entidades como o Fórum dos Festivais, Forcine, ABD, CNC, CANNE, têm incentivado os cursos e as oficinas técnicas. Em quase todos os Estados brasileiros, estão surgindo cursos superiores de cinema e novas mídias, só no Ceará, temos dois cursos superiores de cinema e em vários cursos técnicos, além dos grupos e dos coletivos de jovens. Acho que estamos bem de cursos técnicos, mas precisamos de cursos de audiovisual que formem também estes jovens sobre o Brasil e sobre o mundo, que promovam reflexões a partir de Euclides da Cunha, Darcy Ribeiro, Câmara Cascudo, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Glauber Rocha, Gilberto Gil e Juca Ferreira (o conjunto das suas produções intelectuais, à frente do MinC), Roberto da Mata, Firmino Holanda, Marilena Chauí, Ismail Xavier e Arlindo Machado, entre tantos outros.  Uma busca de construção de um pensamento brasileiro integrado ao mundo, precisamos gerar pensamento críticos e inovações estéticas mais ousadas.  Uma busca como esta não nega os grande pensadores de outros países, notadamente os pensadores europeus e asiáticos contemporâneos. Há hoje uma preocupação técnica por demais exagerada em detrimento do pensamento e da reflexão. Um cineasta precisa ter como base o pensamento do pensador e dramaturgo romano Terêncio, que foi depois reformulada por Marx: “nada do que é humano me é estranho”. Neste aspecto, o cineasta precisa da psicologia, da antropologia, da história, da sociologia, da literatura, da dança, do teatro, das artes plásticas… Também da árida seara econômica.

Além destes cursos e oficinas no Brasil, existe alguma preocupação de integração com a América latina?

– Além dos cursos e oficinas regionais, promovidas pelas entidades que fazem o CBC estamos também em estreito contato com outras entidades da América Latina buscando promover o intercâmbio entre os jovens realizadores da América Latina e do Caribe, por meio de um evento, que acontecerá em novembro, em Atibaia – SP, chamado: NOSSAS AMÉRICAS: NOSSOS CINEMAS – I Encontro de jovens realizadores das América Latina e do Caribe. A ideia é reunir jovens de toda a América Latina e do Caribe para intercâmbios culturais e estéticos, visões e descobertas de novas formas de organizações solidárias; difundir e estudar as novas produções audiovisuais da América Latina e do Caribe; contribuir para elevar o debate teórico e possibilitar o intercâmbio técnico entre jovens realizadores da América Latina e do Caribe; criar uma rede de intercâmbios, cineclubes e co-produções entre os jovens da América Latina e Caribe; aproximar as escolas e universidades de cinema, audiovisuais e novas mídias da América Latina e do Caribe, promovendo residências e trocas culturais.  O projeto, que conta com o apoio do CBC, será realizado por jovens brasileiros de diferentes classes sociais, de diferentes raças e diversas expressões culturais. Estes jovens estão propondo a criação de “brigadas audiovisuais”, para dar cursos e fazer intercâmbio entre os países. As “brigadas” tomariam diversos nomes: “brigada Sanjinés”, “brigada Gutierrez Aléa”, “brigada Geraldo Sarno”, “brigada Glauber Rocha” etc. Acho muito legal ver a juventude se organizando deste modo. Acho que o futuro do cinema e do audiovisual depende destes jovens que pensam no mundo como uma casa habitada pelo ser humano. Eu realmente gosto disto.

O CBC também tem tido uma grande preocupação com a memória?

– Sim, conseguimos reunir documentos, imagens e fotografias de todos os congressos, desde os primeiro congressos realizados na década de 1950, até os congressos que aconteceram na primeira década do terceiro milênio. Estamos realizando pesquisas e juntando material, inclusive com a gravação de muitos depoimentos de participantes históricos do CBC, para um documentário e também para um livro que reunirá artigos, ensaios, fotografias e resoluções do CBC. Serão dois documentos importantes para os historiadores e pesquisadores do cinema brasileiro. A Cinemateca Brasileira cederá uma sala, para instalação do CBC e do seu arquivo. Pela primeira vez, teremos uma sede, com telefone, arquivos, secretaria. Quero entregar, em janeiro do próximo ano, à nova diretoria, um CBC forte, representativo, articulado e bem estabelecido. O cinema brasileiro merece. Missão cumprida.

 Entrevista com Rosemberg Cariry  sobre o 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.