O advogado Ciro Queiroz, defensor da senadora liberal Piedad Córdoba, rechaçou nesta segunda a sanção imposta pela Procuradoria Geral da Nação contra a legisladora, a qual qualificou como "sem precedentes" na história do país.
Queiroz denunciou que na determinação de destituir e desabilitar Córdoba por um prazo de 18 anos, se nota certa brutalidade por parte do procurador geral, Alejandro Ordóñez, contra a parlamentar. O advogado adiantou, na rádio Caracol, que fará uso dos respectivos recursos para impugnar a decisão do Ministério Público, que foi adotada em primeira instância.
"Haverá ações judiciais pertinentes, com vistas a deixar isto sem efeito", sublinhou Queiroz, ao declarar-se surpreendido pela determinação adotada pela procuradoria contra a congressista, que se destacou por seu trabalho na busca pela paz para seu país.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou, nessa segunda-feira, que tem "absoluta certeza" da inocência da senadora colombiana. "Eu estou absolutamente certo que Piedad Córdoba é inocente de qualquer acusação sobre cooperação – e não quero nem falar de terrorismo, falo de cooperação – com a guerrilha colombiana", disse Chávez em Caracas.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público anunciou que destituiu e desabilitou por um prazo de 18 anos a atual senadora por suposta colaboração com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo a entidade, a sanção deciplinar teria sua origem em informações encontradas nos computadores atribuídos ao chefe guerrilheiro Raúl Reyes, morto em 2008, durante uma incursão militar ilegal do exército colombiano em território equatoriano. A senadora, contudo, se declarou "inocente", e afirmou que a medida do Ministério Público é mais uma mostra da perseguição política contra ela.
Chávez se negou a falar "sobre as razões" que levaram a Procuradoria a atuar contra Piedad para evitar se envolver em assuntos internos do país vizinho, mas disse que devia dizer que lamentava muito a situação, pois conhece as preocupações humanitárias da senadora. "O que quero dizer e devo dizer, pois sou um homem vertical e sou amigo de Piedad Córdoba, (é que) se ela ama algo, é a paz", declarou o líder.
Chávez ressaltou que acredita que "são uma infâmia" as denúncias contra a senadora colombiana, pois "essa mulher arriscou sua vida, e eu vi", pela paz de seu país. "Piedad é uma colombiana íntegra, uma latino-americana integral, uma mulher em todo o sentido da palavra, valente, um ser humano", que "arriscando a vida" entrou na selva para colaborar na libertação de sequestrados pela guerrilha.
"E conseguiu. Quantos não recuperaram sua liberdade?" pelas mãos de Piedad, "que negociou junto à guerrilha", destacou Chávez. Chávez e Piedad atuaram como mediadores, em meados de 2007, na troca humanitária de sequestrados pelas Farc por guerrilheiros presos, um processo que foi suspenso pelo então presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Em um comunicado, a procuradoria sustenta que conseguiu mostrar que, entre o cruzamento de documentos entre as Farc e Córdoba, a parlamentar extrapolou suas funções, assim como a autorização do governo de Álvaro Uribe (-2010) de atuar como mediadora do intercâmbio humanitário de prisioneiros entre a administração colombiana e as Farc.
Para o órgão, a senadora emitiu conselhos às Farc sobre o não envio de vídeos de prisioneiros, no lugar de gravações de voz dos mesmos, "com o fim de adotar uma melhor estratégia na busca de seus objetivos".
Esta não é a primeira vez que lançam este tipo de acusações contra a líder do grupo da sociedade civil Colombianos e Colombianas pela Paz, o que, para muitos, constitui uma perseguição por suas posições políticas progressistas.