Pouco depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas divulgar na noite desta quarta-feira (/9) comunicado em defesa da busca do fim da controvérsia em torno do programa nuclear iraniano, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou por cerca de uma hora com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O encontro ocorreu no intervalo das reuniões da 65ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
Antes da conversa, Amorim confirmou que ia apelar a Ahmadinejad pela libertação dos dois norte-americanos presos em Teerã sob suspeita de espionagem, assim como fez com a jovem Sarah Shourd, de 31 anos. Porém, após o encontro, o chanceler evitou detalhar a reunião. Ele afirmou apenas que o iraniano elogiou a “sinceridade brasileira” e que “as coisas estão avançando”.
“Nós conversamos muito”, disse Amorim. “As coisas estão avançando”, completou. “Temos muito em comum.”
Na semana passada, depois de um ano e quatro meses presa em Teerã, Shourd foi libertada ao pagar fiança no valor de US$ 500 mil. A norte-americana, o noivo dela, Shane Bauer, e o amigo do casal Josh Fattal, ambos com 29 anos, foram presos por iranianos enquanto escalavam as montanhas localizadas na fronteira entre o Irã e o Iraque.
As autoridades iranianas os acusaram de espionagem a serviço dos Estados Unidos. Mas os norte-americanos negaram a acusação. Anteontem (/9), Amorim se reuniu com Shourd, que agradeceu a ajuda brasileira e apelou que a mesma fosse dada em relação a Bauer e Fattal.
Os governos do Irã e Brasil mantêm relações políticas e diplomáticas intensas. Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os iranianos têm direito de desenvolver o programa nuclear desde que para fins pacíficos. Porém, a comunidade internacional acusa o Irã de produzir armas atômicas, versão que é negada pela república islâmica.
Desde junho, o Irã está submetido a rigorosas sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU. As restrições atingem principalmente as áreas comercial e militar do país. A conversa ontem de Amorim e Ahmadinejad, no final da tarde, ocorreu horas depois de o grupo P5 1, integrado pelo membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China) e pela Alemanha discutir a questão nuclear iraniana.
Em declaração conjunta, o grupo defendeu a retomada das negociações com o Irã. Mas não houve sinalizações para a suspensão das sanções ao país. Para o Conselho de Segurança, é fundamental o Irã provar que o programa nuclear desenvolvido no país não tem fins militares. O governo Ahmadinejad nega as suspeitas.