Mudança climática


O Brasil investirá R$ 200 milhões em 2011 para combater a mudança climática e reverter os efeitos do aquecimento global no País. Os recursos já estariam garantidos no Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas (FNMC), informou nesta quinta-feira (19) o Ministério do Meio Ambiente, durante a 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid 2010).

Segundo a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Branca Americano, o Fundo Clima tem recurso garantido todos os anos, pois receberá parte benefícios estatais produzidos pela exploração de petróleo. “Dos recursos, 60% serão da participação do petróleo. Isso não implicou em nova carga tributária. Era um dinheiro que já existia. Foi mudada a lei do petróleo sobre impactos ambientais e o dinheiro foi direcionado para o fundo", disse. A secretária adiantou que um comitê gestor do fundo será instalado ainda este ano.

O Fundo Clima foi criado em 2009 e é o primeiro do mundo a usar recursos do petróleo no combate às mudanças climáticas. Com um orçamento que pode chegar a R$ 1 bilhão por ano, o dinheiro será aplicado em pesquisas e ações de redução e adaptação às mudanças climáticas, ajudando regiões vulneráveis, como o semiárido, que sofre com a seca, e os litorais, com risco de alagamento. Branca afirmou que o Brasil deve aproveitar seu potencial natural para reduzir os impactos ambientais no território, sobretudo no Nordeste.

Devido à mudança climática, advertiu a secretária, "as variantes e os aspectos vulneráveis irão aumentar. As chuvas serão mais concentradas, poderão chegar em momentos muito ruins para as plantações e os anos serão cada vez mais secos". Os pequenos produtores rurais serão os mais afetados e, nesse sentido, o FNMC também prevê a criação de programas econômicos para atuar nesta realidade.

O fundo promoverá ainda atividades sustentáveis, como o sistema de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, que estimula os empresários a compensarem a emissão de gás carbônico através do reflorestamento de zonas degradadas.Em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), o FNMC desenvolverá programas para promover as práticas ecológicas na agricultura que reduzam as emissões.

O Icid 2010 foi aberto na segunda-feira (16) pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, quando afirmou que a degradação da terra pode gerar conflitos mundiais e aumentar tensões."A degradação dos solos acarreta custos sociais cada vez maiores", disse Ban, em um comunicado, no lançamento da Década das Nações Unidas para os Desertos e a Luta contra a Desertificação – 2010-2020.

Uma das atrações do encontro é o economista norte-americano Jeffrey Sachs. Durante uma aula magna nesta quarta-feira (18), ele destacou que a formação de uma aliança entre os países que possuem grandes regiões áridas no Planeta é a saída para garantir a sobrevivência das pessoas no atual cenário de mudanças climáticas. John Redwood III, diretor de Desenvolvimento Sustentável Ambiental e Social do Banco Mundial (Bird) é um dos participantes que redigirá o documento intitulado Carta de Fortaleza, ao término da Icid 18, garantiu que todas as considerações de Sachs serão avaliadas e discutidas durante o encontro.