Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner conversarão na tarde de hoje () sobre as relações bilaterais entre o Brasil e a Argentina, logo após o encerramento da 39ª Cúpula do Mercosul. Durante a reunião, serão anunciados oficialmente acordos e projetos comuns ao bloco, que é composto ainda pelo Uruguai e pelo Paraguai.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, Lula e Cristina Kirchner vão tratar da evolução dos investimentos e das relações comerciais entre Brasil e Argentina.
Durante entrevista coletiva na tarde de ontem (), Amorim disse que o comércio entre os dois países tem evoluído positivamente. Pequenos "engasgos" ocasionais, afirmou o chanceler, não têm impedido que o comércio bilateral cresça nos dois sentidos, tendo, inclusive, retomado os níveis pré-crise internacional.
O chanceler disse também que "seguramente os presidentes Lula e Cristina Kirchner vão conversar sobre outros projetos como, por exemplo, na área de ciência e tecnologia. Possivelmente, eles falarão sobre temas políticos da região e também sobre a área nuclear, um assunto que está em discussão entre o Brasil e a Argentina. É provável que o tema seja incluído em declaração conjunta ou integre o documento final da Cúpula de San Juan".
A área nuclear sempre foi um pilar central da parceria estratégica entre o Brasil e a Argentina, disse Amorim. "Foi negociada desde meados do governo do presidente Sarney. Na parte produtiva da área nuclear, a cooperação entre os dois países andou menos. isso é natural porque eu diria que dos dois lados existe um certo zelo com relação às tecnologias desenvolvidas pelos dois países".
Segundo Celso Amorim, no caso do Brasil este zelo está relacionado ao enriquecimento de urânio e, no caso da Argentina, à tecnologia dos reatores nucleares. "Há uma discussão muito importante atualmente sobre a ideia de um reator para pesquisas ou outros usos que possa ser feito em conjunto pelo Brasil e pela Argentina. Não se trata de ser fabricado, mas desenhado em conjunto".
O desenho do reator nuclear, de acordo com o chanceler, é muito importante pois necessita de engenharia sofisticada. Para ele, o trabalho conjunto entre o Brasil e a Argentina nesta área traz confiança recíproca. O acordo nuclear entre os dois países ainda será detalhado. "Espero que os presidentes Lula e Cristina Kirchner possam, quem sabe, firmar alguma coisa ou, pelo menos, caminhar neste sentido".