Depois de disputar uma refinaria – e ganhar apenas na repescagem – agora o Ceará está diante de uma nova e iminente briga com o vizinho Pernambuco. Novamente a pivô é a Petrobras. A estatal vai precisar muito em breve de um centro de negócios para atender as refinarias a serem operadas no Nordeste. A primeira, Abreu Lima (PE), já em 2011.
Na sequência, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte. O Centro seria uma espécie de núcleo de indústrias de peças e equipamentos, além de prestadoras de serviços. No corpo técnico da Petrobras, a Coluna apurou que a preferência é pernambucana, mas a intenção já provoca incômodos na Bahia, onde a Petrobras concentra a infraestrutura de logística no Nordeste, em função da Refinaria Landupho Alves-Mataripe. A despeito da tendência e da reação já existente, é na verdade no Ceará a localização mais adequada.
E POR QUE O CEARÁ SERIA MAIS INDICADO?
O senador Inácio Arruda (PC do B) defende que o Ceará se mobilize para reverter a tendência da Petrobras. Inácio avisa que está caindo em campo para conversar com lideranças políticas e empresariais do Estado. O argumento, porém, não é político, mas técnico, como deve ser em se tratando de uma companhia de capital aberto. Dado o mapa das novas refinarias (Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão) o Estado é o que possui a localização mais estratégica. Equidistante, o Ceará poderia abrigar com mais eficiência as empresas a serem contratadas como fornecedoras das novas plantas industriais. No rol de empresas a se instalarem, fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços, como empresas de engenharia (mecânica, elétrica e civil). A escolha do local a receber o Centro será determinante para que as empresas locais se habilitem para disputar os contratos. O consultor da área de petróleo e derivados Bruno Iughetti concorda com a tese a favor do Ceará. Para ele, a equidistância é razão de sobra para sustentar o Ceará como melhor opção. A despeito de Pernambuco ser a sede da primeira das refinarias, Bruno lembra que o investimento deve ser feito em função das quatro.
CENTRO NÃO SERIA UNIFICADO
A intenção da Petrobras é não concentrar as empresas numa única área, como Suape ou Pecém. Haveria diversas localizações num mesmo estado. O motivo, segundo o senador Inácio Arruda, seria evitar congestionamentos, dado a grande quantidade de material a ser movimentado. Para Bruno Iughetti, que também é conselheiro na Companhia Docas do Ceará, eis uma boa oportunidade de dividir a movimentação entre Pecém e Mucuripe. “Se concentrar tudo no Pecém, poderia sim congestionar e, portanto, gerar ineficiência”. Para ele, a concorrência não faz sentido entre os dois portos e Mucuripe poderia ser um porto complementar. Ele não vê risco de impacto urbano não contornável. “No Brasil portos como Santos (SP) e Itajaí (SC) convivem bem com as cidades”.