Em um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, que foi ao ar ontem (25), o presidente do Chile, Sebastián Piñera, encerrou a polêmica sobre a concessão de indulto a militares que participaram da ditadura, como propôs a Igreja Católica do país. Piñera rejeitou a sugestão dos religiosos alegando que a medida não é “prudente nem conveniente”. O Chile viveu uma das ditaduras mais rigorosas da América Latina por 17 anos.
As informações são da Presidência da República do Chile. “[Observando] especialmente os interesses da pátria e o bem-estar dos chilenos, em tempos e circunstâncias, não é prudente nem conveniente promover a concessão de um perdão geral”, disse o presidente.
Piñera acrescentou que, em casos específicos, como de doentes terminais ou de portadores de doenças degenerativas, o governo poderá conceder o indulto.
De 1973 a 1990, o Chile viveu sob o regime ditatorial do general Augusto Pinochet. No período, segundo entidades não governamentais chilenas, cerca de 3 mil pessoas morreram por razões políticas, e 28 mil sofreram tortura, inclusive a ex-presidente Michelle Bachelet. O pai dela morreu nos porões da ditadura.
Desde o último dia 22, quando a proposta da Igreja Católica foi entregue a Piñera, organizações de direitos humanos e outros grupos sociais e políticos iniciaram uma campanha nos meios de comunicação contra o eventual indulto, a ser decidido por Piñera ou pelo Congresso.
O presidente, que tomou posse em março, é o primeiro governante conservador do Chile desde a redemocratização no país. Católico praticante e de uma família em que há vários religiosos, Piñera foi bastante pressionado para conceder o indulto.