Entre os nove estados nordestinos, o Ceará apresentou os melhores resultados de crescimento da economia nos quatro primeiros meses do ano. De 22 indicadores econômicos avaliados pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste (BNB), o Estado esteve acima da média da região em 12 deles, segundo levantamento apresentado ontem.
Desta forma, os resultados cearenses ficam entre principais responsáveis pelo crescimento projetado de 6,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da região para 2010, pouco acima dos 6,8% esperados pelo escritório para o Brasil.
Entre os destaques da economia local, está o volume de vendas do comércio varejista, que teve a maior variação positiva do Nordeste, de 17,3% (este dado considerando o período de janeiro a março), acima ainda da média nacional, que foi de 12,8%. Se considerado o comércio varejista ampliado, que inclui ainda os segmentos de veículos e material de construção, o incremento é ainda maior: 23%, frente aos 15,5% do resultado nacional. Este dado, segundo o Etene, é reflexo das melhorias nos níveis de emprego, massa salarial, volume de crédito e da desoneração fiscal sobre vários produtos.
Além do Ceará, somente o Maranhão registrou um maior número de variações acima da média do Nordeste, com expansão superior em nove indicadores. De acordo com o Etene, a estimativa de crescimento do Nordeste levou em consideração a predominância de indicadores regionais acima da média nacional, à exceção de dois: a produção industrial e de grãos.
Em relação à indústria, a produção cearense cresceu 15,3% de janeiro a abril, abaixo dos 18% do Brasil, mas acima da média nordestina, que ficou em 13,7%. Neste indicador, o Etene só apresenta os resultados do Ceará, Bahia e Pernambuco, entre os quais o desempenho cearense foi o menor. Mesmo Pernambuco, que teve o maior crescimento entre os nove estados, de 17,7%, não conseguiu alcançar o índice nacional.
Safra
A produção de grãos é a principal responsável por uma estimativa menos promissora para a região. Utilizando os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Etene mostra que a produção nordestina para a safra 2009/2010 poderá alcançar a marca de 12,4 milhões de toneladas, ou seja, 5,8% a mais que o obtido na safra anterior, mas inferior à previsão para a produção brasileira, que é de acréscimo de 8,7%. "Mais uma vez, os prognósticos de chuvas no Nordeste abaixo da média histórica, entre os meses de abril a junho, poderão causar quebras de safra nas produções de milho, de arroz e de feijão", analisa o estudo.
Neste ponto, o Ceará prevê a segunda maior quebra da região: -40,4%, previsão só menos negativa do que a da Paraíba, onde se espera uma redução de 53,6%. Seis estados têm projeção de uma safra menor. "O aumento previsto para a produção regional deverá ficar por conta das expansões que deverão ocorrer no Maranhão (8%) e na Bahia (5%), estados responsáveis por quase três quartos do total de grãos produzidos no Nordeste", esclarece a análise do Etene.
Comércio externo
O indicador que revelou o melhor desempenho do crescimento nordestino frente ao nacional se refere às exportações. Entre janeiro e abril, as vendas ao exterior realizadas pelos nove estados da região atingiram US$ 5,3 bilhões, com incremento de 57% sobre o mesmo período de 2009, mais que o dobro da média nacional, que foi de 25%.
Todavia, neste indicador, a participação cearense não foi tão impactante. O Estado ampliou as exportações em 19,3%, abaixo da média da região. O Maranhão, por sua vez, cresceu 155,9%; Pernambuco, 56,6%; a Bahia, 49,8% e Alagoas, 33,7% .
As importações do Estado, em igual período, cresceram 95%, somando US$ 5,2 bilhões, acima do índice das compras internacionais do País (8%).
Diante destes resultados, a economista do Ipece, Eloísa Bezerra, destaca que há tempos que o Ceará vem crescendo acima da média nacional. "Inclusive fechou o ano de 2009 com uma taxa positiva de 3,10%, enquanto para o país a taxa foi negativa de 0,2%", diz. "Dos estados nordestinos, Ceará, Bahia, Maranhão, para citar os principais, de 2002 a 2007, últimos dados de PIB disponíveis por unidades da federação, registraram as maiores taxas de crescimento acumulado, acima de 22%, acima da média nacional.
Pernambuco ficou em torno de 19%, abaixo da média nacional. Estes resultados mostram que o Ceará está crescendo não só economicamente, mas tem tido reflexo nos indicadores sociais. Vem registrando acentuado processo de desenvolvimento socioeconômico, sobretudo nas duas últimas décadas".
De acordo com ela, este desenvolvimento é marcado, pelo lado econômico, pelas diversidades de áreas como serviços, onde se sobressaem o comércio, sobretudo o varejista, e as atividades ligadas ao turismo; indústria, com destaque para a construção civil; agronegócio; e comércio exterior. "Pelo lado social, destacam-se as quedas sucessivas da taxa de mortalidade infantil; distorção de idade, no Ensino Fundamental e Médio; taxa de escolarização, redução no número de pobres".