O cientista iraniano Shahram Amiri, que acusou os Estados Unidos de terem o mantido sequestrado durante mais de um ano, afirmou nesta quinta-feira, ao retornar ao Irã, que os norte-americanos ameaçaram o entregar a Israel caso não colaborasse.
Amiri fez as acusações ao chegar ao aeroporto internacional de Teerã após os 14 meses que ele diz terem sido de cativeiro, segundo a agência semi-oficial iraniana "Fars".
O cientista, que desapareceu há mais de um ano durante viagem de peregrinação à Arábia Saudita, acusou os serviços secretos sauditas e americanos de terem o sequestrado e levado aos EUA contra sua vontade.
"Os agentes de serviços secretos dos EUA e da Arábia Saudita me sequestraram junto a meu hotel em Medina (Arábia), e depois me levaram a um paradeiro desconhecido e doparam para que desmaiasse antes de ser levado aos EUA em um avião militar", disse.
Amiri também acusou as autoridades norte-americanas de tentar obrigá-lo, mediante tortura, a fazer confissões falsas sobre o programa nuclear iraniano.
"Pediam que dissesse publicamente que tinha pedido asilo nos EUA ao trazer um computador portátil com informações sobre o programa nuclear iraniano com fins militares", disse.
Além disso, disse, o ofereceram US$ 10 milhões por uma entrevista na rede televisiva "CNN" para dizer que tinha pedido asilo nos EUA e outra oferta de US$ 50 milhões por não voltar ao Irã.
O cientista iraniano desmentiu, por outro lado, ter relação com os programas nucleares nas instalações iranianas de Fordu ou Natanz.
"Eu fui um investigador (nuclear) na universidade e talvez uma pessoa normal tenha mais informação que eu sobre Natanz", acrescentou.
Amiri desapareceu em meados de 2009 na Arábia Saudita, e as autoridades iranianas acusaram os serviços secretos sauditas e dos EUA de o terem sequestrado.
No início de junho deste ano, a televisão iraniana transmitiu uma gravação de vídeo de baixíssima qualidade na qual uma pessoa, que afirmava ser Amiri, dizia ter sido sequestrado na Arábia Saudita e levado aos EUA contra sua vontade por agentes de serviços secretos americanos.
Pouco depois, outro vídeo, publicado no "YouTube", mostrava um homem que supostamente seria Amiri, que negava ter relações com o programa nuclear iraniano e afirmava ter viajado voluntariamente para os EUA para seguir seus estudos.