A caatinga cearense será objeto de análise técnica do projeto Biomas, que é voltado para a identificação de estratégias para produção de alimentos e preservação do meio ambiente. O estudo compreende os seis biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.
Deles, certamente a Caatinga é o mais vulnerável, compreendendo uma área total de 826.411 km², que vem perdendo por ano uma área equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo. De acordo com o estudo, resta pouco mais da metade (62%) da cobertura vegetal original.
Nos estudos realizados pelo Ministério do Meio Ambiente, sobre a situação da Caatinga, o Ceará é o segundo Estado (o primeiro é a Bahia) a realizar o maior desmatamento desse bioma. Dos 20 municípios que mais desmataram, nesse período, sete estão em território cearense.
Uma das causas principais desse processo é a produção de lenha e carvão para as padarias e olarias. Com isso, fragiliza-se ainda mais o seu ecossistema tornando-o altamente vulnerável aos condicionantes de ordem climática e à intervenção humana. É aí que se concentram os perigos da desertificação.
Combater essa distorção exige uma atuação estratégica das autoridades, compreendendo repressão à ação dos predadores, mas também o oferecimento de alternativas de renda para as faixas da população que sobrevivem através desse recurso. A outra providência diz respeito à educação dos agricultores para um manejo não predador.
Uma experiência alentadora, nesse sentido, é o Projeto Aduba Sertão, que faz parte do Projeto Mata Branca, coordenado pelo Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) e é voltado para o incentivo à reabilitação das áreas degradadas. Está sendo implementado em municípios dos Sertões dos Inhamuns, com resultados animadores, principalmente em Independência e Tauá, onde a caatinga está comprometida em 50%.
Um levantamento feito pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), utilizando metodologia que envolve a análise de imagem de satélite e observações de campo, já indicou o comprometimento grave de três áreas: Sertões dos Inhamuns, Crateús, Irauçuba e as regiões circunvizinhas, além de áreas do Médio Jaguaribe. Nelas, os agricultores estão sendo orientados a abolir agrotóxicos, a prática da derrubada de árvores e as queimadas.
Eles já mudaram a forma de tratar a terra passando a aproveitar melhor o estrume produzido pelos animais. Outras técnicas para o manejo da Caatinga vêm sendo incentivadas não só pelo governo, mas também por ONGs que trabalham especificamente com esse tipo de bioma. Que o exemplo seja seguido em todo semiárido cearense.