A diplomacia brasileira, sob a condução pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acaba de conquistar uma vitória histórica, evitando a ameaça de um novo conflito no Oriente Médio e projetando a imagem do Brasil no mundo, ao obter do Irã a assinatura de um acordo que arranca o compromisso do uso pacífico da energia nuclear pelos iranianos.
O desafio enfrentado pelo presidente Lula foi monumental. No Exterior, o clima era de ceticismo, sobretudo nas grandes potências, e no âmbito interno do Brasil, a galhofa e as tentativas de ridicularizar a missão presidencial pontificaram nos meios políticos adversários do presidente brasileiro e até em certos meios midiáticos. Lula, porém, usou sua extraordinária capacidade de negociação, que tem sido a marca de sua personalidade, tanto no âmbito interno como externo. O fato é que a vitória obtida confirma não só o prestígio internacional que ele já desfrutava, mas o eleva a um nível de projeção incomparável para um país da periferia capitalista.
Não se trata apenas de uma vitória pessoal do presidente e uma conquista nacional da diplomacia brasileira, mas da prevalência de um novo modo de fazer política internacional, apelando para a negociação e não para a força, como se tem visto normalmente na condução da política externa pelas grandes potências. Lula vinha, há muito, clamando por outra orientação, insistindo que ela era possível, desde que se criasse confiança entre os interlocutores. Aliás, esse princípio sempre esteve na base da diplomacia brasileira. O que Lula trouxe de novo foi a ousadia de ser protagonista e criar um espaço próprio para a política externa brasileira, sem alinhamentos automáticos. O que prevalece é o interesse nacional, a partir do qual o Brasil busca meios próprios para obtê-lo.
Um país da dimensão do Brasil tem que ter luz própria e não demonstrar complexo de inferioridade, quando se trata da defesa desses interesses. E ao Brasil interessa um mundo pacífico e mais equilibrado, do ponto de vista militar e comercial. Seu protagonismo não é uma aventura, mas a exigência de sua própria condição como nação de dimensões continentais. A docilidade, no sentido da abdicação de seu protagonismo por temor de ferir suscetibilidades dos "donos do mundo" & como parece ser a opção de alguns segmentos internos brasileiros & jamais permitiria alcançar a projeção e o prestígio atuais. Este, portanto, é um grande momento para o Brasil, o que serve inevitavelmente para elevação ainda maior de sua autoestima, tão favorecida nos últimos tempos, por este governo. É de justiça reconhecê-lo.