A família de Ondina Farias da Silva foi uma das beneficiadas com a desapropriação decretada pelo Projeto de Melhorias Urbana e Ambiental (Promub) Maranguapinho. Conta a costureira que ela e seus cinco filhos tinham um barraco praticamente dentro do manancial que corre na comunidade Ilha Dourada e agora moram em uma das casas já entregues do Conjunto Habitacional Leonel Brizola, no Grande Bom Jardim.
O decreto que declarou de utilidade pública para fins de desapropriação, a área de 19,4 hectares que vai da Avenida Mister Hull até a comunidade Ilha Dourada, foi publicado no Diário Oficial do Estado no último dia 21. De acordo com a determinação, a retirada das famílias se deve a necessidade de execução das obras de dragagem e controle das cheias, que já iniciaram.
Ondina e seus filhos foram um dos primeiros a sair da área. Quem ainda aguarda, espera com ansiedade e apreensão. É o caso do desempregado José Pedro Moreira. Ele diz que preferia ficar, mas entende que é para o bem de muita gente. "Se for assim, tudo certo, mas se for ficar pela metade já tem gente de olho nesse local", alerta.
Outro que vê o projeto com desconfiança é o eletricista Manoel José dos Santos. Para ele, se tudo for feito "como manda o figurino", é positivo. "Do contrário, ficará uma bagunça e com mais invasões", afirma.
Melhorias
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria das Cidades, o Promub – Maranguapinho está dividido em cinco grupos de intervenção com o objetivo de acabar com cerca de 17 áreas de risco e melhorar as condições de cerca de 350 mil famílias que residem na faixa de alagamento do Rio Maranguapinho. Ao todo, serão investidos R$ 497,5 milhões do Governo Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e contrapartida do Governo do Estado.
A barragem, entre os municípios de Maranguape e Maracanaú, já está com 30% de sua totalidade concluída. São 306,84 hectares, com o volume de acúmulo de 9,3 milhões.
O valor do investimento é de R$ 6,8 milhões e contribuirá para a redução da faixa de alagamento do rio em períodos de cheia, evitando que cerca de 20 mil famílias tenham as suas casas invadidas pelas águas do Maranguapinho.
"O meu sonho é ter uma moradia e sair de dentro do rio, mas se não tiver ajuda do governo, não tenho como mudar", confessa o ajudante de pedreiro, Raimundo Silva. Para isso, garante a Secretaria das Cidades, estão sendo construídos 11 residenciais para receber 6.543 famílias que residem dentro da faixa de preservação do rio.
O investimento nos residências será na ordem de R$ 168,9 milhões. Ainda serão realizadas 1.283 permutas assistidas e 1596 indenizações. No total, serão 9.422 famílias reassentadas em condições dignas de moradia. "Seiscentas famílias retiradas desde o Genibaú à Ilha Dourada irão, em parte, para casas já erguidas no Conjunto Leonel Brizola", informa a assessoria.
A obra envolve ainda a construção de vias paisagísticas nas duas margens do rio, ciclovia e passeio, delimitando a faixa de preservação do Maranguapinho. Também serão implantadas ao longo do rio áreas urbanizadas dotadas de espaços para convivência e equipamentos de lazer e esporte, como playgrounds, pistas de skate.
O projeto total do Maranguapinho prevê a implantação do sistema de esgotamento sanitário nas sub-bacias adjacentes a área do manancial. As obras beneficiarão famílias dos bairros: Granja Portugal, Autran Nunes, Bom Sucesso, Dom Lustosa, Henrique Jorge, João XXII, Bela Vista, Demócrito Rocha, Couto Fernandes, Jóquei Clube, Panamericano, Pici, Conjunto Ceará, Genibaú, Parque São José, Bom Sucesso, Vila Pery, além da Vila Manoel Sátiro.
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