Indecisão marca reta final de eleições na Grã-Bretanha


As eleições gerais britânicas entraram nos momentos finais de campanha, com duas pesquisas de opinião confirmando a disputa mais apertada desde 1992.

A três dias das eleições para as 650 cadeiras da Câmara baixa do Parlamento, na quinta-feira, o cenário permanece indefinido entre os três principais partidos na disputa.

Algumas sondagens chegam a indicar que até 40% dos eleitores continuam indecisos.

O Partido Conservador, de oposição, goza de uma ligeira liderança. O líder do partido, David Cameron, que será alçado a primeiro-ministro se a sigla tiver a maioria no Parlamento, disse que está fazendo campanha 24 horas por dia.

Mas os trabalhistas, do atual primeiro-ministro, Gordon Brown, estão animados com a queda na vantagem dos conservadores, o que poderia levar a uma ausência clara de maioria que lhe permitiria permanecer como premiê britânico.

Já o Partido Liberal Democrata, liderado por Nick Clegg, o "azarão" que ganhou destaque depois do primeiro debate televisado da história britânico, continua tentando marcar diferenças tanto em relação ao partido do governo quanto ao principal partido de oposição.

Uma pesquisa do instituto ICM para o jornal Guardian, dá aos conservadores 33% das intenções de voto, com os outros dois partidos somando 28% cada um.

Outra sondagem do instituto YouGov para o jornal The Sun dá 34% para o Partido Conservador, 29% para os liberais democratas e 28% para os trabalhistas.

Todos os cenários apontam para um resultado eleitoral no qual o partido vencedor não terá maioria absoluta sobre os outros partidos – a primeira vez desde 1974.

Se isto ocorrer, o partido Trabalhista acredita que pode forjar uma aliança com o Liberal Democrata e manter os Conservadores longe do poder. No entanto, a interpretação dos Conservadores é que, vencendo, podem tentar governar sem maioria, através de uma coalizão formal ou com alianças de ocasião.

Em qualquer momento, as incertezas podem acabar levando à necessidade de convocar eleições logo após o fracasso de um acordo ou, como já ocorreu na história britânica, após um período de instabilidade dentro de um Parlamento sem clara liderança.

Corpo-a-corpo

Reportagens na imprensa britânica especulam sobre as possibilidades neste cenário, mas David Cameron, à frente nas pesquisas, diz estar "demasiado focado em vencer por maioria na quinta-feira".

"Ainda temos muito para fazer. Vamos trabalhar duro nos últimos três dias, incluindo em uma campanha a partir da terça à noite e até a quarta à noite, viajando o país de ponta a ponta", afirmou o candidato.

Durante a jornada de campanha, espera-se que os Conservadores divulguem planos para reduzir a desigualdade de renda entre homens e mulheres, incluindo uma proposta para obrigar as empresas a promover mais mulheres a cargos de direção.

O campo trabalhista também passará os próximos três dias fazendo corpo-a-corpo e tentando tirar votos do partido Liberal Democrata. O argumento é que votar no partido de centro significa dividir a força dos anti-Conservadores.

Os Liberais Democratas, por sua vez, devem marcar sua diferença com o Partido Conservador.

Em um evento de campanha, Nick Clegg dirá que o partido de Cameron "nunca reformará o sistema bancário nem nossa economia, porque eles são completamente dependentes da City londrina (o centro financeiro de Londres)".

"Só os Liberais Democratas têm um plano positivo para devolver o dinheiro ao bolso do cidadão comum, combater as brechas legais que beneficiam os mais ricos e controlar os bancos para que eles não ponham a arma na nossa cabeça e demitam as pessoas comuns", dirá Clegg, que também já criticou a liderança de Gordon Brown.