O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) comemorou a entrega pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, do petroleiro João Cândido na região portuária de Suape (PE) na próxima sexta-feira (7), após jejum de 13 anos. O senador acredita que o petroleiro de 275 metros de comprimento, simboliza a retomada da indústria naval brasileira, que passou por um longo período de estagnação, sendo o primeiro de um total de 49 embarcações encomendadas a estaleiros brasileiros.
– Esse é um programa muito especial. Um navio entra por Pernambuco, mas está prevista a construção de navios em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Alagoas, no Ceará e, evidentemente, no berço da indústria naval brasileira que é o estado do Rio de Janeiro. Tivemos uma retomada sem precedentes e com geração de empregos sem precedentes na história- celebrou o parlamentar em discurso proferido nesta terça-feira (7).
O parlamentar salientou ainda os altos salários pagos pela construção naval, o emprego de tecnologia nacional e o seu significado para o aquecimento da economia brasileira pela geração de empregos, recolocando a economia em "trilhos adequados". Enfatizou a importância da construção naval para o transporte de mercadorias por meio da cabotagem, especialmente no Nordeste.
Acrescentou a necessidade de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco da Amazônia (Basa) para construir grandes embarcações que possibilitem a pesca oceânica e, com ela, a competitividade brasileira.
Com a iniciativa, disse, diminuem as expectativas negativas do empresariado sobre as dificuldades de financiamento da construção civil de grande porte, segundo ele em decorrência de interferências de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria Geral da União (CGU), com o Ministério Público, entre outros órgãos da administração pública.
João Cândido
Demonstrou também satisfação pela homenagem prestada a João Cândido,marinheiro negro, filho de ex-escravos, que há cem anos liderou a Revolta da Chibata. O movimento, iniciado no Rio de Janeiro no dia 22 de novembro de 1910, pleiteava a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra.
Leia íntegra do pronunciamento:
Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é para anunciar, neste tempo da Liderança do PC do B, que João Cândido, meu caro Senador Paim, volta ao mar na próxima sexta-feira, dia 7, e vai entrar nas águas do Atlântico pelo porto de Suape, em uma homenagem extraordinária da Petrobras, que batiza o primeiro navio de uma série de 49 do programa de modernização e expansão da frota da Transpetro com o nome dessa figura legendária da Marinha brasileira.
Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, fiz questão de informar aos Srs. Senadores, aos Srs Deputados, às Srªs Deputadas, àqueles que ouvem a TV Senado, à população brasileira que, pelas mãos do Governo de Lula – porque é exatamente isso –, retomou-se a indústria naval brasileira, quase liquidada, quase completamente acabada. Estávamos fazendo pequenos barcos de passeio, alguns pequenos barcos de pesca; ainda não retomamos a construção dos grandes barcos de pesca. Agora, vamos iniciar, lançar ao mar os primeiros navios. E o primeiro vai com o nome de João Cândido, numa homenagem especialíssima da Petrobras, da Transpetro, do Presidente Lula, do povo brasileiro a esse grande marinheiro.
Faço referência a esse dado porque ele nos liga a um projeto, mesmo com as dificuldades ainda presentes na economia brasileira – de juros extorsivos, da ganância bancária, da ganância pelos títulos, da gula insaciável do sistema financeiro, que mantém os nossos juros como os altos juros nominais e reais do planeta Terra –, mesmo com isso, conseguimos retomar a indústria naval brasileira.
Isso tem grande significado para a economia, para a geração de emprego, para a distribuição de renda, para a universidade, que gera a tecnologia, que forma profissionais.
Onde se empregaria um engenheiro naval no Brasil sem a aceleração dessa indústria, sem um programa avantajado e robusto como é o programa de modernização e expansão da frota da Transpetro?
Srª. Presidenta, Sr.ªs e Srs. Senadores, esse é um programa muito especial. O navio entra por Pernambuco, mas está prevista a construção de navios em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas, Ceará e, evidentemente, no berço da indústria naval brasileira, que é o Estado do Rio de Janeiro. Tivemos uma retomada sem precedentes, com geração de empregos sem precedentes na história.
Já fomos um País com uma grande indústria naval que os tempos neoliberais conseguiram quase que destruir. Mas, mesmo partindo dessa herança perversa de destruir empregos, de destruir indústrias, de desmontar a economia brasileira, o Presidente Lula consegue retomá-la, consegue colocá-la novamente no trilho.
Este é o dado, esta é a questão central: a economia vai ganhando ares de robustez no Brasil. Vai ganhando um espaço extraordinário. Isso tem repercussão nos salários. Navios sendo construídos no Brasil, sendo construídos no Nordeste brasileiro com tecnologia nacional, com ferro nacional, com engenheiros brasileiros, com operários brasileiros.
Isso tem impacto, isso tem novo significado, isso é um passo adiante na história do nosso País que nós não devemos – é evidente que nos dirigimos ao povo brasileiro – nós não devemos deixar retroagir, devemos dar uma passada ainda mais larga, adiante, para expandir ainda mais. Nós ainda somos carentes da construção naval para atender a cabotagem no Brasil. Nós ainda transportamos produtos do Rio Grande do Sul para o Ceará de carreta; ou para Belém, ou para o Piauí, ou para o Maranhão, ou para o Amazonas. Você está transportando essa mercadoria de carreta. Isso é um abuso contra a economia brasileira. Por quê? Porque destrói a indústria naval. Nós precisamos retomá-la e garantir que a bandeira que transporta nos mares seja a Bandeira brasileira, com empregos brasileiros, com engenharia brasileira.
Nós ainda estamos carentes de a indústria naval atender adequadamente, com meios, com recursos do BNDES, do Banco do Nordeste, do Basa, a construção de grandes barcos para que possamos disputar a pesca oceânica em alto mar. Ainda estamos carentes da execução desse programa.
Mas nós demos um passo decisivo: a passada que está sendo dada e que vai ao mar nesta sexta-feira, no Estado de Pernambuco, Srªs e Srs. Senadores, é uma passada firme, robusta e que deve ser seguida pelo nosso povo.
Daqui a pouco, queremos lançar também ao mar navios da Transpetro lá pelas águas do Ceará. Ainda estamos gestando os meios para garantir que isso ocorra também no nosso Estado. Mas essa possibilidade começa a se materializar com programas especiais como esse, que devemos ressaltar.
Todo dia se fazem aqui mil e uma declarações sobre as dificuldades do Brasil, sobre as temeridades em áreas tais ou quais, sobre os problemas de financiamento, as relações da construção civil de grandes obras, de obras de porte, com o Tribunal de Contas, com a Controladoria-Geral da União, com o Ministério Público, mas é importante dizer aquilo que é positivo, aquilo que tem significado, aquilo que vai ter impacto na economia nacional e que vai bater fundo no meio do povo porque gera emprego, distribui riqueza. E a área industrial na questão naval paga salários muitíssimos maiores do que a indústria em geral.
Então isso tem resposta do povo, o povo sente, o povo sabe o que é isso, sabe qual é o significado de retomar a economia brasileira, de colocá-la novamente em trilhos adequados.
Acho que aqui, Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, nós marcamos um gol de placa. João Cândido merece essa homenagem. Foi feita a escolha pelo Presidente Lula, pelo Presidente da Petrobras, da Transpetro, de dar a este primeiro navio da retomada o nome de João Cândido. E essa retomada é uma retomada do Brasil. O Brasil volta a ocupar o seu lugar de destaque na indústria naval brasileira.
Parabéns! Parabéns, povo brasileiro!
Nós tínhamos consciência da capacidade do Brasil. Há pouco se disse que não dava para construir sondas no Brasil. Estamos construindo, e vamos fazer de grande qualidade no nosso País, com a nossa engenharia, com a nossa ciência, com a nossa tecnologia, e absorvendo a tecnologia dos demais, dos outros, das outras nações, dos outros países, que evidentemente é bem-vinda para o nosso País.
Daqui a pouco, vamos oferecer a nossa, Srª Presidenta, a outras nações. Pode ser que Obama chame a Petrobras para socorrê-lo no Golfo do México para atender e resolver aquele desastre ambiental. Nós temos capacidade e estamos demonstrando isso. Parabéns a todos que conhecem João Cândido e sabe que ele é merecedor dessa grande homenagem, tendo um navio de grande porte batizado com seu nome, para o bem do Brasil.
Muito obrigado, Srª Presidente.
A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT – MT) – Obrigada, Senador Inácio Arruda.
Com a palavra, Senador Mozarildo Cavalcanti, por permuta com o Senador Valter Pereira.
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA) – Srª Presidente, pela ordem.
A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT – MT) – Pela ordem, Senador Flexa Ribeiro.
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB –- PA) – Pediria a V. Exª que me inscrevesse para uma comunicação inadiável.
A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT – MT) – Para uma comunicação inadiável, há três inscritos, mas o senhor está em quarto lugar.
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA) – Primeira suplência.
A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT – MT) – Primeira suplência.
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB – PA) – Está ótimo.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT – MT) – Com a palavra op Senador Mozarildo, por permuta com o Senador Valter Pereira.