Governo Uribe pode interferir na eleição colombiana


A Missão de Observação Eleitoral, que integra várias organizações civis que acompanharão as eleições presidenciais da Colômbia, acredita que o maior risco no pleito do próximo domingo é a intervenção do Executivo em favor de um candidato.
"O maior risco é o da intervenção na política por parte de funcionários, já que a pressão é muito alta e as porcentagens dos dois candidatos que lideram as pesquisas são próximas", apontou a diretora da missão, Alejandra Barrios.

Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, o governista Juan Manuel Santos — candidato do presidente Álvaro Uribe — e o opositor Antanas Mockus, do Partido Verde (PV), disputam acirradamente a preferência do eleitorado e devem levar a votação ao segundo turno que, se confirmado, ocorrerá em 20 de junho.

Claudia López, coordenadora do Observatório da Democracia da mesma agrupação, declarou ainda que "é o próprio presidente que está realizando esta intervenção indevida. Até a Procuradoria já chamou sua atenção para que deixe de interferir" no processo.

Há algumas semanas, o procurador-geral da nação, Alejandro Ordoñez, pediu a Uribe que se fizesse de "cego, surdo e mudo" diante dos candidatos.

O mandatário teria iniciado sua ofensiva logo após Mockus começar a subir nas pesquisas, no fim do mês de abril. Em uma de suas declarações, Uribe afirmou que na época em que o opositor era prefeito de Bogotá, a cidade "estava tomada" pelas "milícias terroristas", referindo-se às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e aos paramilitares.

Contudo, pouco depois, a imprensa local recordou os elogios feitos pelo presidente a Mockus, que foi prefeito da cidade de 1995 e 1997 e de 2001 a 2003, pelos níveis de segurança conquistados. Uribe chegou inclusive a condecorá-lo por sua atuação.

Segundo Barrios, além dessas expressões, que estão proibidas pela lei eleitoral, também há o risco latente da violência. Nesse sentido, ela recordou os recentes ataques realizados contra a força pública em zonas rurais do país, atribuídos às Farc.

"A coação armada é o segundo risco das eleições, pois lamentavelmente nos últimos 15 dias as Farc deram demonstração de sua violência com atos em seis departamentos [estados] do país", afirmou a representante do órgão de vigilância.

Um terceiro risco seria "a fraude eleitoral, que continua presente na medida que não foram adotadas medidas contundentes para que não haja ações pontuais", completou Barrios, que recordou o ocorrido nas votações legislativas, em março passado, que registrou denúncias nos departamentos de Atlântico e Valle del Cauca.

As eleições presidenciais da Colômbia, programadas para o último domingo de maio, encerrarão um ciclo iniciado em 2002, com o primeiro mandato de Uribe, que conseguiu se reeleger em 2006, e que foi impedido de entrar na disputa deste ano. Além de Santos e Mockus, também concorrem Noemí Sanín, Gustavo Petro, Germán Vargas Lleras, Rafael Pardo, Robinson Devia Gonzalez, Jaime Araujo Rentería e Jairo Calderón Carrero.

Nesta semana, os presidenciáveis estão impedidos de realizar atos em massa ou em espaços públicos e devem apenas manter algumas reuniões. Santos, Mockus, Sanín, Pardo e Vargas Lleras participarão ainda de dois debates, promovidos pelos canais City TV e RCN, na terça-feira e na quinta-feira, respectivamente.