Considerado uma situação crônica no país, sobretudo nos grandes centros urbanos, o governo federal decidiu combater de frente o problema do crack. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quinta (20) decreto que cria o Plano Integrado para Enfrentamento do Crack, prevendo o treinamento das equipes de saúde e tratamento dos usuários da droga, dando ênfase aos estudos sobre o crack.
Para viabilizar as atividades, o governo anuncia o investimento ainda este ano de R$ 410 milhões para o combate ao uso da droga no país. “Precisamos acabar com o ‘achismo’ e entender com precisão o problema do crack”, afirmou Lula.
O plano vai envolver treinamento de profissionais na rede pública de saúde e assistência social para atender os usuários e a família.
Permitirá a prevenção e o tratamento de usuários e a reinserção social. Além disso, contempla ações de caráter estruturante com estudo aprofundado e em conjunto com universidades e centros de pesquisa sobre os efeitos do uso da droga e seus efeitos econômicos.
Durante o ato da assinatura, Lula citou a elaboração de estudos aprofundados sobre as consequências do uso do crack e o impacto econômico, além do mapeamento das rotas do tráfico.
“Sabemos que não é uma droga de rico, é mais para pobre, e sabemos que ela está sendo utilizada nas pequenas cidades. É uma droga mais barata e está tendo um efeito devastador. Vamos tentar encontrar um jeito de jogar muito duro para combater o crack em parceria com os prefeitos. Queremos a participação das igrejas, dos sindicatos”, disse Lula, durante o anúncio.
Problema permeia outros extratos sociais
Em declaração dada ao Vermelho, o presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo, afirmou que o consumo do crack não é mais um problema apenas de uma camada social mais baixa. "Pelo seu baixo preço, esta droga ficou por muito tempo conhecida como algo utilizado somente por moradores de rua. Atualmente 40% dos usuários de crack são provenientes da classe média".
"Há uma década as estatísticas relatavam de cada 10 dependentes químicos que procuravam alguma internação em clínicas particulares, apenas dois eram viciados em crack. Hoje, nove são usuários desta droga. No SUS neste mesmo período de tempo, triplicou a assistência a este tipo de dependente: em 1999 eram 20% dos casos, hoje chega a 60%. Existe um apelo da sociedade no sentido de dar solução a este problema", afirmou.
O que é
Crack é uma droga fabricada a partir da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio. Para consumi-la, o usuário queima a pedra e aspira a fumaça. É uma forma impura de cocaína e não um sub-produto.
O nome deriva do verbo "to crack", que em inglês significa "quebrar", devido aos pequenos estalidos produzidos pelos cristais (as pedras) ao serem queimados, como se estivessem sendo quebrados.
A fumaça produzida é aspirada e chega ao sistema nervoso central em dez segundos, porque a área de absorção pulmonar é grande. O efeito dura de três a dez minutos, com resultado mais intenso que o da cocaína. Ao passar o efeito, o usuário é acometido de depressão, tornando a consumir a droga para compensar o mal-estar, gerando intensa dependência.