Dispostos a criar um clima de tensão, os Estados Unidos começaram a fazer ameaças e pressões contra a Coreia do Norte, por causa do recente afundamento de um navio sul-coreano, que causou 46 mortes.
Estimulando um conflito, os EUA se apressaram em dizer que "haverá consequências" em relação ao ataque atribuído a Pyongyang. E a secretária de Estado, Hillary Clinton, pediu "forte resposta internacional" ao "ato de agressão". A Coreia do Norte, contudo, negou a acusação e alertou para uma “guerra generalizada” caso haja retaliação.
De acordo com a agência Yonhap, Pyongyang solicitou permissão para inspecionar a embarcação atingida. A comissão de Defesa norte-coreana informou, em comunicado à televisão estatal, que refuta as ameaças de Seul. “Nós tomaremos medidas enérgicas, entre elas, uma guerra generalizada, se forem impostas retaliações à Coreia do Norte”, afirmou a comissão.
Apesar da negativa norte-coreana, em entrevista coletiva durante visita ao Japão, Hillary Clinton afirmou que é importante enviar uma "mensagem clara para mostrar que as ações provocativas de Pyongyang têm consequências" e considerou estar provado que o navio "Cheonan" afundou no último dia 26 de março em consequência de um ataque norte-coreano.
"As provas são arrasadoras. O torpedo que afundou o Cheonan e matou 46 marinheiros foi disparado por um submarino norte-coreano e os Estados Unidos condenam com firmeza esse ato de agressão", disse Hillary, ao lado do ministro japonês de Relações Exteriores, Katsuya Okada.
Numa atitude de ingerência, a secretária de Estado garantiu que o assunto "não será e não pode ser" tratado como um tema regional, mas sim "internacional", embora considere que ainda é cedo para definir qual será a resposta ao incidente.
Hillary lembrou que, nos próximos dias, fará consultas com a China e a Coreia do Sul, os outros dois países que visitará dentro da viagem asiática que começou nesta sexta-feira em Tóquio, e com os quais pretende definir "a resposta" ao regime comunista norte-coreano.
Apesar de ter considerado o incidente um "provocação militar", o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, afirmou que agirá com prudência. Insuflado pelos EUA, ele convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional para discutir medidas contra o país vizinho governado por Kim Jong-il.
Para Lee, o ataque à embarcação é uma violação do armistício que marcou o fim da Guerra da Coreia (1950-53). É a primeira vez que Lee convoca o Conselho de Segurança Nacional – integrado pelo primeiro-ministro, os ministros de Exteriores, Defesa e Unificação, e o chefe dos serviços de Inteligência – desde o ano passado, quando Pyongyang
realizou seu segundo teste nuclear.
A decisão tomada pelo grupo de líderes será divulgada na próxima semana, através de um discurso de Lee que será transmitido ao vivo. O Governo sul-coreano deseja tomar medidas junto à comunidade internacional. A imprensa local descarta uma possível resposta militar da Coreia do Sul devido ao risco de conflito na instável península coreana.
O afundamento está sendo considerado o incidente mais grave ocorrido na disputada fronteira marítima do Mar Amarelo entre as duas Coreias desde o fim da guerra entre as duas nações, em 1953. Espera-se que a Comissão Militar do Armistício, estabelecida pelo Comando das Nações Unidas que negociou o acordo, forme uma equipe especial para verificar o resultado da investigação sobre o "Cheonan", que teve participação de especialistas de vários países.