O Cariri tem fama de ser a terra do artesanato em couro e ferro, dos cordéis, das xilogravuras, dos sanfoneiros de oitos baixos como Januário, dos reisados, das romarias em devoção a Padre Cícero, do simbolismo do beato José Lourenço na luta do Caldeirão e dos encantos da Floresta Nacional do Araripe. Mas poderá também, em breve, ser a terra do petróleo e do gás, contribuindo de forma significativa para o novo ciclo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará.
O anúncio recente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) informa: em junho deste ano serão iniciadas pesquisas que pretendem identificar se a Bacia do Araripe, localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, possui petróleo e gás em condições comerciais de exploração. Já foi homologado o resultado da licitação que escolheu a empresa responsável pelos estudos na região. O trabalho consiste em definir os pontos nos quais serão coletadas 2.000 amostras de solo para análises laboratoriais e interpretação de dados geoquímicos, numa área de 7.500 Km2. Visa à identificação de possíveis acumulações de hidrocarbonetos em superfície e a delimitação de áreas com maior atratividade
exploratória.
O debate sobre a possibilidade de existência de petróleo e gás na bacia do Araripe é antigo. Algumas pesquisas começaram antes mesmo da existência da ANP, que foi criada em 1993. No entanto, a sua viabilidade só se concretizou no Governo Lula, em função de sua preocupação com o desenvolvimento mais equilibrado de todas as regiões brasileiras e da firme determinação da ANP.
Em junho de 2009, colocamos esse debate na ordem do dia, levando a Juazeiro do Norte o próprio diretor geral da ANP, Haroldo Lima, para um grande seminário sobre o tema “Os projetos de desenvolvimento do Brasil – energia e petróleo no Cariri”. O evento contou com a participação de professores e estudantes da Universidade Regional do Cariri (URCA), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET) – campus de Juazeiro do Norte.
A inclusão das Bacias do Ceará e Araripe no Plano Plurianual de Geografia e Geofísica da ANP, com investimento previsto ainda para 2009, foi uma sugestão nossa, acatada pela direção da ANP após várias reuniões com Haroldo Lima, buscando sensibilizá-lo para a necessidade de estudos mais profundos na região.
Argumentos não faltam. Hoje, com a descoberta das reservas de petróleo e gás natural na camada de pré-sal, o Brasil se credenciou para entrar no restrito rol de potências energéticas. Trata-se de uma enorme oportunidade de desenvolvimento nos campos econômico e social que estimulam as potencialidades de cada região do País.
Na estratégia de desenvolvimento nacional, o Nordeste — onde vive um terço da população brasileira — e o Ceará precisam estar incluídos. Daí a importância de se pesquisar e encontrar petróleo e gás do Cariri, como alguns estudos indicam, principalmente porque vamos ter uma refinaria. Se o fato se concretizar, o Ceará ganhará com novos investimentos, melhoria da infraestrutura, o que significa mais recursos, emprego e renda para os seus municípios.