Inácio Arruda homenageia Fortaleza pelos 284 anos


O aniversário de Fortaleza foi lembrado no Senado Federal, com um pronunciamento do senador Inácio Arruda, que destacou a saga dos cearenses, a hospitalidade do povo e a beleza da cidade, que este ano completa 284 anos. “A loira desposada do sol”, como falou o poeta Gustavo Barroso, com praias maravilhosas de águas quentes o dia inteiro, um povo trabalhador e hospitaleiro, nasceu às margens do rio Pajeú, em volta do Forte de Nossa Senhora de Assunção. A cidade, segundo o senador, cresceu de forma vertiginosa. Em 1970, sua população não chegava a 500 mil habitantes; hoje moram na capital 2,5 milhões de pessoas.

Em seu pronunciamento, Inácio ressaltou o êxodo dos cearenses primeiro para a região norte, procurando água – rio Parnaíba, os rios do interior maranhense, Balsas, Tocantins –, “e fomos entrando pelo Pará e ocupamos, tudo, Altamira, Marabá. E fomos para Roraima, fomos para o Amapá, chegamos ao Acre, ao Amazonas. Depois, a borracha, que atraiu milhares e milhares, levas e levas de cearenses e de nordestinos em geral”.

Depois de conquistar o norte, os cearenses procuraram o sul e o sudeste, com a industrialização, que puxou os nordestinos. Talvez a última grande saída tenha sido Brasília, lembra o senador. “Vieram de lá para cá nesse sonho da construção da cidade e para terem um emprego na construção civil daquela época”. O destino dos cearenses agora passou a ser a cidade de Fortaleza. E aquela infraestrutura dos anos setenta teve que receber milhares e milhares de cearenses, em grandes períodos de estiagem.

Inácio destacou também vários movimentos extraordinários que marcaram essa cidade. “Fortaleza é a terra do Dragão do Mar, que junto com outros companheiros e um conjunto de mulheres bravas – entre elas, Francisca Matilde, Maria Tomásia e Francisca Clotilde  – disseram: “Em Fortaleza, não desembarcam mais escravos”. Fortaleza também é a terra da Padaria Espiritual, um movimento literário, “também extraordinário”, precursor da Semana de Arte Moderna, no século XIX, puxado por Antônio Sales. “Um grupo literário que sedimentou-se, dizendo: “Nós vamos cultivar a nossa língua, a nossa natividade, o nosso povo, o nosso pão”.

Então, segundo Inácio, a cidade foi se constituindo, avançando, crescendo. E, nesses últimos 30 a 40 anos, ela passou a ser o centro da atenção do cearense. “Antes, a gente partia para qualquer lugar, pelo mundo afora. Não há canto do mundo que não tenha cearense. Mas agora poucos querem deixar essa terra. Há uma pesquisa feita no Ceará por um instituto que diz que 83% dos cearenses não querem sair do Ceará”.

Ainda em seu pronunciamento, o senador Inácio Arruda homenageou alguns jornalistas cearenses que se destacaram na imprensa nacional, principalmente nos jornais de Brasília, como Lustosa da Costa, Paulo Cabral e Ary Cunha. E prestou uma homenagem especial ao engenheiro João Parente, autor de vários projetos de dragagem dos rios de Fortaleza e da região metropolitana. Ele destacou o projeto de macrodrenagem dos rios Maranguapinho e Coco, o primeiro programa do PAC no Estado do Ceará: uma obra de R$398 milhões. “Considero que os investimentos todos vão somar mais de R$500 milhões. Vão atender 24,2 mil famílias e, no conjunto, vão impactar 350 mil moradores. Sendo que só aí, nessa região, nós vamos tratar de 9 mil unidades habitacionais que vão ser construídas para retirar as pessoas das áreas de risco, de dentro dos leitos dos rios”.

Por fim Inácio parabenizou a prefeita Luizianne Lins e o governador do Ceará Cid Gomes, destacando as obras de infraestrutura em andamento na cidade, como o Metro de Fortaleza e o Transfor. “Parabéns, Fortaleza, por essa longa vida e que possamos te ajudar a dar dias muito bons para o nosso povo”, finalizou.

 

Leia íntegra do pronunciamento:

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, 13 de abril é o dia em que Fortaleza foi elevada à condição de cidade. Hoje é um dia de festa na capital cearense, terra do sol e da luz.
Fortaleza ganhou um apelido carinhoso: a loira desposada do sol. O seu hino, letra de Gustavo Barroso, também parlamentar, intelectual, homem muito conservador, é muito bonita:

Fortaleza, Fortaleza,
Terra do sol e do mar
Fortaleza, Fortaleza,
Sempre havemos de te amar

A letra é de Gustavo Barroso e a música é de Antônio Gondim, de uma família também de muitos músicos e cantores e cantoras.
Essa cidade nasceu ali, às margens do riacho Pajeú, cortada por três rios – rio Cocó, rio Maranguapinho e rio Ceará. Esses três rios formam um conjunto também grande. As suas bacias cobrem todo o território da nossa cidade, uma cidade pequenina que nasceu ali, em torno do Forte de Nossa Senhora de Assunção, e que cresceu de forma vertiginosa. Para se ter uma ideia, em 1970, a nossa cidade tinha uma população que não chegava a 500 mil habitantes; hoje Fortaleza tem uma população superior a 2,5 milhões de habitantes. Contudo, é uma bela cidade de praias maravilhosas, de águas quentes o dia inteiro e de uma hospitalidade também extraordinária, de um povo que acolhe todos, recebe todos, os que vêm de outros Estados, os que vêm do exterior, os que vêm do nosso interior, do interior cearense. A nossa primeira grande saga, digamos assim, dos cearenses, foi para o norte do nosso País, especialmente no Ceará, porque o nosso território, além de sofrer com as longas estiagens, está em cima de um cristalino que aflora 80% do seu território. Então, as condições são inóspitas.

O José Nery é lá do grande interior cearense, Minerolândia, um distritozinho de Pedra Branca muito simpático, numa dessas áreas inóspitas do nosso sertão cearense. Lá nasceu José Nery. Ele é bravo assim porque foi temperado naquele calor causticante da nossa região do Nordeste setentrional, onde os homens e mulheres têm que ser muito valentes para sobreviver àquelas condições.

Hoje, ao completar 284 anos, nós podemos falar dessa saga cearense, primeiro para o norte, procurando água – rio Parnaíba, os rios do interior maranhense, Balsas, Tocantins –, e fomos entrando pelo Pará e ocupamos, tudo, Altamira, Marabá. Aquilo tudo foi ocupado por cearenses; eram as entradas e bandeiras do Ceará, digamos assim. E fomos para Roraima, fomos para o Amapá, chegamos ao Acre, ao Amazonas. Depois, a borracha, que atraiu milhares e milhares, levas e levas de cearenses e de nordestinos em geral. Mas os cearenses tinham aquelas situações mais difíceis. Então, eram mais facilmente conduzidos na busca da água e também da produção.
Depois o sul e o sudeste, com a industrialização, que puxou os nordestinos. Talvez a última grande saída tenha sido Brasília. Hoje tivemos uma sessão de homenagem, embora seu aniversário seja dia 21. Então, também aproveitamos para dar os parabéns pelos 50 anos da cidade de Brasília. Muitos cearenses estão aqui também, nesta saga da construção de Brasília, José Nery. Vieram de lá para cá nesse sonho da construção da cidade e para terem um emprego na construção civil daquela época. Uma boa parte aqui ficou e construiu não só a cidade fisicamente, seus prédios, a Esplanada dos Ministérios, todos esses prédios do genial Oscar Niemeyer da grande obra de Lúcio Costa, como também ficou na cidade para viver, criar seus filhos. Lembro-me de que o recorde de natalidade é de uma cearense e de um cearense. Foram os que mais tiveram filhos na cidade de Brasília, com dezenas de netos e bisnetos. É uma multidão de gente. Daria uma boa passeata só aquela família de cearenses.

A construção da riqueza de Brasília também está ligada, em boa parte, aos cearenses. Não quero citar aqui o nome de muitos construtores, porque se citar um e não citar o outro, vai dar uma confusão que não tem tamanho.

O comando da maior cadeia de jornais que se assentou em Brasília, os Diários e Associados, foi dirigida, durante muitos anos, por Paulo Cabral e Ary Cunha, essa dupla, basicamente. Ary Cunha está aí para contar a história dessa saga do povo cearense.

Nós temos dezenas de jornalistas que migraram do Ceará para a capital e do Rio de Janeiro para Brasília. São as grandes sagas. Eu cito assim um destacado decano de todos, Lustosa da Costa, extraordinário, ele que é de uma família praticamente de escritores e jornalistas. Ele é, digamos assim, o decano.

Depois dessa grande e última saga, o destino dos cearenses passou a ser a cidade de Fortaleza. E aquela infraestrutura dos anos setenta teve que receber milhares, milhares e milhares de cearenses, em grandes períodos de estiagem. Eu lembro a última estiagem que atravessamos, que percorreu o início dos anos oitenta. Foi uma situação muito difícil, muitas lutas do povo que vinha do interior do Ceará, procurando um pedaço de chão para morar. E é nesse período que o povo do sertão, o povo do interior, basicamente, ocupa várias áreas da cidade. E áreas que antes eram o leito da bacia hidrográfica do Maranguapinho, do Cocó e do rio Ceará se transformaram em local de moradia.

E olha a situação: o povo simples e pobre do interior vinha e ocupava o berço dos rios, mas o Poder Público também o fez. Eu digo que o maior conjunto habitacional, na época, da América Latina era o Conjunto Ceará, construído em Fortaleza, dentro da bacia do Maranguapinho, dentro d’água praticamente. Construído pelo Poder Público, que desapropriou aquelas terras e construiu aquele conjunto habitacional numa área exatamente de risco. E depois, para dragar tudo aquilo, o custo é enorme. Então, tínhamos que investir milhões e milhões de reais para fazer toda a dragagem daquele que é o maior conjunto e, hoje, uma cidade dentro de Fortaleza, que é o Conjunto Ceará.
Nós poderíamos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, destacar os movimentos extraordinários que essa cidade teve depois do período das nossas grandes sagas, mas tivemos outros momentos grandiosos. Fortaleza é a terra do Dragão do Mar ou Chico da Matilde, quando o negro e um conjunto de mulheres – entre elas, Francisca Matilde, Maria Tomás e Francisca Clotilde e tantas outras – se organizaram em torno do Dragão do Mar e disseram: “Em Fortaleza, não desembarcam mais escravos”.

Depois, nós assistimos a um movimento literário também extraordinário, precursor da Semana de Arte Moderna, no século XIX, puxado por Antônio Sales e outros, que foi a Padaria Espiritual. Era um grupo literário que resolveu e sedimentou-se, dizendo: “Nós vamos cultivar a nossa língua, a nossa natividade, o nosso povo, o nosso pão. O pão que nós temos aqui é o pão de milho, é o da farinha de mandioca. É daí que vem o nosso pão”. Por isso, a padaria trabalha com essa massa, trabalha com esse produto. É a mandioca, é o milho, é a natividade, a cultura e a expressão do povo cearense, mas do povo brasileiro. Então, isso é precursor da Semana de Arte Moderna, movimento literário espetacular.
Nós poderíamos citar muitos outros grandes movimentos que resultaram na criação da Academia Cearense de Letras, do Instituto do Ceará. Vieram todos dessa movimentação da Padaria Espiritual.
Então, a cidade foi se constituindo, avançando, crescendo. E, nesses últimos 30 a 40 anos, ela passou a ser o centro da atenção do cearense. Antes, a gente partia para qualquer lugar, pelo mundo afora. Não há canto do mundo que não tenha cearense. Mas por essa realidade. Não porque os cearenses desejassem. Puxa vida!
Eu examinava há pouco… Há uma pesquisa feita no Ceará por um instituto que diz que 83% dos cearenses não querem sair do Ceará. Mas uma boa parte tem que sair do Ceará, porque a realidade impôs a nossa saga, o nosso êxodo pelo mundo afora.
E quantos homens ilustres do Pará, de Roraima, do Amapá, do Amazonas, do Acre, do Maranhão saíram ali do Ceará. E tantos do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Então, Sr. Presidente, ao comemorar esta data de todos os cearenses, porque o aniversário de Fortaleza diz respeito a todos nós, eu destaco também essa situação da realidade. Nós avançamos. A vida, digamos, melhorou na cidade de Fortaleza, melhorou para nós, que tínhamos essa situação paradoxal de vivermos em um Estado em que os longos períodos de estiagem… Ao se falar em seca, no Rio Grande do Sul, sempre se imagina seca com algo parecido com três meses ou dois sem chuva. No Sudeste, a mesma coisa. Na Região Norte, tem-se dois períodos de chuva, na verdade, e as secas têm de ser ou são muito curtas, os períodos de estiagem são muito curtos. Mas, nessa região do chamado Nordeste Setentrional, as estiagens duram, às vezes, três anos. Oito meses é regular, situação regular. Não chove há oito meses, ou há noves meses. E seca é quando passou o ano todo sem chover, entrou no segundo ano, e pode alcançar o terceiro ano sem chover. Isso é que é seca; isso é que é seca. E era essa seca que matava os animais e matava o povo.

O SR. PRESIDENTE (Geovani Borges. PMDB – AP) – Se V. Exª me permitir uma pequena intervenção no seu pronunciamento…

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Pois sim.

O SR. PRESIDENTE (Geovani Borges. PMDB – AP) –…apesar de não ser bem regimental, não querendo atropelar, muito pelo contrário, só lhe dando um testemunho. Eu nasci no meu querido Estado do Amapá, no interior do Amapá, na cidade de Mazagão, mas meus pais vieram do Nordeste, lá do Rio Grande do Norte, vizinho com o Ceará.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – E Santana, praticamente podemos dizer, é uma terra de cearenses lá no Amapá.
O SR. PRESIDENTE (Geovani Borges. PMDB – AP) – É mesmo. No Amapá. É, está certo. V. Exª está bem informado.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Nós conhecemos, porque os cearenses estão rodando por aí. E chegam dizendo: “Nós somos dali”.

O SR. PRESIDENTE (Geovani Borges. PMDB – AP) – Aliás, no planeta.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Rodando pelo planeta inteiro.
Então, a situação, digamos assim, melhorou nos últimos anos.
Eu falava do paradoxo de você viver na seca, mas, ao mesmo tempo, quando chove, termos problemas cruciais. Veja o problema do Nordeste e das grandes cidades brasileiras. Sem a infraestrutura adequada, sem drenar os rios, os riachos, sem ocupar adequadamente o solo, sem haver um desenvolvimento equilibrado do solo, sem entender a força da natureza, a força gigante da natureza, o homem foi ocupando lagoas, riachos, etc. Então, você tem períodos de chuvas que levam Fortaleza a inundações terríveis.

E agora, fruto de um trabalho conjunto que nasceu ainda nas mãos de uma figura também extraordinária chamada João Parente, a quem eu homenageio neste meu pronunciamento… Ele começou a trabalhar um projeto para dragar os rios de Fortaleza, fazer um trabalho de macrodrenagem em Fortaleza e na região metropolitana. Pois esse trabalho que nós preparamos, inclusive o seu projeto básico – até os primeiros projetos de engenharia nós trabalhamos –, entregamos ao Governador Cid Gomes, que, já eleito em 2006, entregou para o Lula. Esse projeto foi, talvez, o primeiro programa do PAC no Estado do Ceará: a obra de macrodrenagem do rio Maranguapinho, do rio Cocó e do rio Ceará – uma obra de R$398 milhões. Considero que os investimentos todos vão somar mais de R$500 milhões. Vão atender 24,2 mil famílias e, no conjunto, vão impactar 350 mil moradores. Sendo que só aí, nessa região, nós vamos tratar de 9 mil unidades habitacionais que vão ser construídas para retirar as pessoas das áreas de risco, de dentro dos leitos dos rios, porque não é lugar de o povo morar, não é adequado. Mas que o povo, nas dificuldades, na tragédia social, não tinha opção: foi morar dentro dos rios. Então, agora, nós estamos nessa obra extraordinária.

Retomou-se um projeto significativo, para que se tenha uma mobilidade mais adequada dentro da sua cidade, que é exatamente a construção do metrô. Uma cidade que alcança uma população de 2,5 milhões habitantes não pode deixar de ter um transporte de massa de grande qualidade e de grande envergadura, e esse transporte é o trem. E, sem trem, essas grandes cidades vão viver de forma caótica. Basta olhar as grandes cidades do mundo. Elas passaram a ter metrô no final do século XIX, início do século XX. Os grandes metrôs foram construídos nessa época. Paris, Moscou, Londres, esse povo todo, Nova York, grandes cidades alemãs, essas grandes cidades desse porte, bem menores, já tinham metrô.

Só agora nós estamos concluindo a primeira etapa do nosso metrô dentro de Fortaleza, também um obra que é conduzida pelo Governo do Estado, mas financiada pelo Governo Federal basicamente. Está dentro do Plano de Aceleração do Crescimento.

Ali se estendeu todo o projeto de saúde. Estamos fazendo também um trabalho chamado Transfor, conduzido pela Prefeitura de Fortaleza. Começou na administração anterior, de Juraci Magalhães, mas está sendo materializado na administração de Luizianne Lins, que é ampliar aqueles corredores da cidade, dar melhores condições a esses corredores, dar uma visão arquitetônica para aquilo, para que a cidade possa ter o porte que seu povo merece, que 2,5 milhões de pessoas merecem na nossa cidade.

No início, as favelas no Brasil eram pequenas, e o Pirambu, no Ceará, era considerada uma das maiores favelas do Brasil. Estava ali colado dentro da área central da cidade. Era a cidade dos trabalhadores, dos operários o Pirambu. E o Pirambu, que era dos operários e trabalhadores, era também um celeiro cultural. Muitos artistas espetaculares. Chico da Silva, um dos maiores artistas plásticos do Brasil, é um artista que veio do Acre, nasceu no Acre e veio parar no Pirambu, de onde se transformou num grande artista plástico do Brasil. Ali hoje se faz um grande projeto chamado Vila do Mar. É um projeto de urbanização, criando uma via para deixar o mar ser apreciado pelo povo simples, pelo povo pobre da cidade que ainda mora ali, que trabalha, que ajudou a construir a riqueza, para que ele não seja retirado dali. Vamos urbanizar ali, vamos dar condições dignas e boas para o povo do Pirambu poder olhar e admirar aquela beleza fantástica do mar. Segundo José de Alencar, Iracema saía da cidade, a 320 quilômetros de Fortaleza, e vinha a Fortaleza para namorar, tomar banho na Lagoa de Messejana e apreciar o mar. Então, o povo simples, pobre e humilde da cidade, que ganha a vida com o suor do seu rosto, tem direito também àquela imagem fantástica da nossa praia, da nossa beira-mar. Ali, está sendo feito um trabalho incrível, que vai cobrir 5,5 quilômetros do litoral, da nossa costa. É um trabalho espetacular.
Estamos nos preparando para receber, na cidade de Fortaleza, um dos maiores eventos para o nosso povo, que é a Copa do Mundo. Fortaleza vai sediar uma das chaves, e espero que também uma etapa seguinte da Copa do Mundo, o que está sendo discutido ainda. Estamos nos preparando: o Governo do Estado, preparando o Castelão, e a Prefeitura de Fortaleza, preparando o Presidente Vargas. São os dois estádios que vão servir de espaço para a realização da Copa do Mundo em nossa cidade.

Estamos num esforço extraordinário, também dentro do PAC, recuperando áreas de risco. Cito uma das áreas de risco dentro de um riacho, chamado riacho Tauape, que vai da Bacia do Rio Cocó… Ali, muito antigamente, quando se construiu o quartel da base aérea da Aeronáutica, em parte de um terreno da Prefeitura, do qual, depois, a Aeronáutica quase se apropriou, digamos assim, legitimando-se como proprietária para o futuro, ali, vizinha, nasceu uma pequena comunidade nas margens do trilho. Estava aqui o quartel da Aeronáutica, estava aqui o trilho que ia para o Porto do Mucuripe, e aquele espaço foi ocupado por uma pequena comunidade que, ao longo dos anos, passou a ser chamada de Comunidade Maravilha. Só que a Comunidade Maravilha cresceu bastante e transformou-se numa favela às margens do riacho Tauape. Quando o riacho sobe, inunda toda aquela área, o que cria um problema gravíssimo. Essa favela, que era a Favela Maravilha, agora transformou-se, com a construção de 606 casas, numa comunidade – digamos assim – verdadeiramente maravilha, onde o povo tem casa digna, a área está urbanizada, há espaço para o esporte, para o lazer, para a escola. Tudo isso dentro do Plano de Aceleração do Crescimento, num investimento de R$19,9 milhões. Cito-a como exemplo porque tivemos que enfrentar muitos problemas na cidade, já que as áreas de risco eram muito grandes e chegavam a 150. Hoje, ainda há 96 áreas de risco na cidade de Fortaleza. Todas estão indicadas, sabemos onde se encontram, e os gestores têm sempre que estar de olho e tomando providência para que, numa situação de dificuldade, não tenhamos que dizer que sabíamos e não tomamos conta direito da realidade do nosso povo.

Então, ao cumprimentar a nossa Prefeita Luzianne Lins, o nosso Governador Cid Gomes, a população do nosso Estado e do nosso Município de Fortaleza, eu o faço remetendo para o futuro, olhando para o futuro. É uma população gigantesca – 2,5 milhões de habitantes – para as condições da cidade de Fortaleza, que tem a maior densidade demográfica do Brasil, meu caro Presidente, e tem também a maior concentração da renda. Então, nós temos a maior densidade demográfica, num território considerado relativamente pequeno para a população. Foi isto que nos tornou a maior densidade demográfica do Brasil: o território é pequeno para 2,5 milhões de habitantes. Três rios cortam aquela cidade, que precisa ser cuidada com um carinho muito especial. É uma cidade relativamente plana, tem regiões de dunas, tem áreas de manguezais, que são a nossa riqueza ao mesmo tempo. Então, preservar aquilo preserva a riqueza da cidade, preservar as dunas preserva a riqueza da cidade. Saber cuidar bem desta realidade é que torna Fortaleza uma cidade agradável de se viver mesmo em condições inóspitas no conjunto do Estado pelas condições climáticas, as longas secas. E são inóspitas em Fortaleza pela condição da concentração brutal da riqueza. Então, há uma brutalidade ainda para ser resolvida na nossa cidade.
Tenho muita expectativa com os investimentos grandiosos na cidade e fora, na região metropolitana, porque ajudam as cidades vizinhas a se manterem naquele local, a não precisarem migrar para Fortaleza ou para outras regiões do Brasil. Então a nossa expectativa é para a frente, olhando adiante, partindo deste espaço que Lula está nos deixando. Grande parte dos problemas cruciais que nós vivenciamos foi a explosão demográfica da cidade de Fortaleza num período de estagnação.
Passamos o período da quebradeira do final da ditadura militar e os governos que se seguiram na Nova República; depois a estagnação do chamado neoliberalismo nas mãos do Governo Fernando Henrique – foi durante todo o seu Governo que o Brasil quebrou várias vezes, não quebrou só uma vez; vivia aqui o FMI para tudo quanto é lado, dando ordem no nosso País. Durante este período do Lula, nós conseguimos nos livrar do FMI; agora somos credores do FMI. O FMI já deve ao Brasil. Eu considero que nós devemos partir deste ponto em que Lula está nos deixando para avançar, para avançar mais. E nós temos, sim, condições de avançar mais. As condições estão dadas.
Imaginem esta obra de dragagem de Fortaleza, de toda a região metropolitana, o que isso vai significar de melhorias para nossa cidade! As habitações que hoje estão sendo construídas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Então o trabalho e o esforço conjugados. A ampliação das escolas, das creches. Há um movimento muito grande do Poder Público. E associe-se a esse movimento – se nós continuarmos cuidando da nossa infraestrutura, porque governo tem que cuidar disso – o setor empreendedor da cidade, porque também o sentimento do povo é este, de empreendedor, ele quer trabalhar, ele quer se dedicar a construir a riqueza da cidade. Toda a área de serviço da cidade de Fortaleza, toda esta área de turismo será beneficiada. E esses setores são os grandes geradores de emprego da nossa cidade, da cidade de Fortaleza. Digamos que o nosso parque industrial em Fortaleza foi se reduzindo, foi diminuindo, foi se espalhando pelo Estado do Ceará, pela região metropolitana. Isso é importante. Fortaleza está se transformando na grande cidade de serviços, na grande cidade do turismo; e esse movimento turístico e de serviço, eles ocupam grande parte da nossa população. Se nós cuidamos da infraestrutura, se os nossos governos cuidam de governar corretamente, a cidade melhora, a cidade ganha qualidade, e o povo se alegra e pode cantar com muito mais força porque somos, sim, a terra do sol e do mar e nós haveremos sempre de te amar, Fortaleza. Acho que esse é o sentimento de todos da nossa cidade, dos que a conhecem, dos que a visitam e que sempre querem voltar àquela cidade.
Sr. Presidente, eu quero registrar, no dia em que o Congresso Nacional, na Casa da representação dos Estados e dos Municípios – porque os Municípios são entes federados – homenageou a nossa capital, esta construção também de homens extraordinários: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, juntamente com Juscelino Kubitscheck, na sua visão de futuro espetacular, comandando um conjunto gigantesco de brasileiros, entre eles milhares de cearenses, neste dia da homenagem à capital, da homenagem a Brasília – quando também se homenageou Tiradentes – eu não poderia deixar de homenagear também Tancredo Neves, que nos deixou que nos deixou há 25 anos, depois também de um movimento épico, que foi a sua eleição no Colégio Eleitoral, neste dia de grande homenagem a essa cidade, também aproveito para marcar a passagem dos 284 anos da cidade de Fortaleza, a loira desposada do sol.
Meu caro José Nery.

O Sr. José Nery (PSOL – PA) – Senador Inácio Arruda, de forma muito breve, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento em que registrou de forma muito peculiar a história e a luta do povo cearense, especialmente de Fortaleza, que hoje celebra 284 anos de sua elevação à categoria de cidade. E ao fazer referência à história, à saga do cearense na construção do próprio Estado do Ceará e também à presença dos cearenses nas diversas regiões do Brasil, sem dúvida V. Exª homenageia o povo lutador, do qual V. Exª é um dos grandes exemplos por sua força e capacidade de interpretar o sentimento e de estar junto ao povo do Ceará ao longo de décadas, fazendo a luta política pela construção de um Brasil melhor , de um Ceará melhor, de uma Fortaleza melhor. E a Fortaleza que V. Exª tanto se esmera em reconhecer, em homenagear é a mesma que V. Exª cotidianamente, ao longo de muitos anos, exerce com maestria a representação política dos setores populares desde quando Vereador de Fortaleza, quando Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador da República. V. Exª fala da luta do povo de fortaleza, dos bairros populares, da luta por moradia, da luta por reforma urbana, que constitui um capítulo especial da sua atuação. Ao falar da sua cidade, com certeza V. Exª merece também receber uma palavra de reconhecimento e de elogio à sua capacidade de luta para transformar desigualdades, dificuldades, desafios em conquistas para o povo do Ceará, especialmente para o povo do Fortaleza. Então, quando V. Exª homenageia Fortaleza pelos seus 284 anos de elevação à categoria de cidade e conta um pouco dessa rica história, V. Exª é na verdade um dos partícipes mais ativo da construção daquilo que o povo de fortaleza almeja, luta, espera e constrói com seu esforço, com sua luta por uma cidade melhor. Portanto, parabéns a V. Exª por essa memória e por esse registro histórico da Capital cearense. Em todas essas conquistas que V. Exª acaba de mencionar, em muitas delas V. Exª é parte muito presente e muito proativa na construção daquilo que o povo quer dos seus representantes. Como representante não só de Fortaleza, mas também do Ceará, V. Exª presta aqui uma homenagem muito significativa ao povo e aos cearenses em geral. Parabéns a V. Exª.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Agradeço a V. Exª. Sei que sempre ali, no Pará, está em contato com o povo do Ceará e com o povo de Fortaleza. V. Exª, mesmo distante, está sempre olhando para sua Mineirolândia, para sua Pedra Branca, para o povo daquele sertão, para Independência, para Crateús, para Quiterianópolis, que V. Exª conhece muito bem. Então, agradeço a ilustrada participação de V. Exª, as informações, e concluo – Santa Quitéria, não é, Zezinho? Lá também do sertão cearense, terra do urânio, fosfato, de riqueza – agradecendo, Sr. Presidente, esta oportunidade de podermos contar brevemente um pouquinho da história dessa cidade de 284 anos.

Parabéns, Fortaleza, por essa longa vida e que possamos-te ajudar a dar dias muito bons para o nosso povo.
Muito obrigado.