O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje, em Jerusalém, que seu colega israelense, Shimon Peres, faça um "esforço" pela paz e a busque "a cada dia, a cada hora, a cada minuto e a cada segundo".
"Todo ser humano, todo governante tem que fazer um esforço para que as pessoas possam alcançar a paz no mundo", declarou Lula no primeiro ato oficial de sua viagem pelo Oriente Médio, iniciada ontem.
"Existe uma única palavra e um único motivo para a guerra, mas existem milhões de palavras e gestos que justificam a paz, e isso é o que precisamos buscar, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo", acrescentou o chefe de Estado brasileiro em uma rápida entrevista coletiva antes da reunião com Peres na residência presidencial.
Além de ressaltar que "a política é a arte de tornar realidade as coisas que parecem impossíveis", Lula afirmou estar "certo" de que, "se outros presidentes vierem" a Israel "dentro de 140 anos, terão a oportunidade de conhecer um país lindo, um povo trabalhador e uma parte da história da humanidade".
"A história do meu país é uma história de paz. Não conheço nenhum outro país no planeta, outro povo que ame e que exerça a paz como o Brasil", destacou.
Após repassar os vários encontros que teve com seu interlocutor desde 1993, o presidente brasileiro defendeu o aprofundamento das relações entre os dois países.
Já Peres disse que Lula deixou "um novo legado à democracia" do Brasil, que tem uma "história exemplar".
Quanto à paz, reconheceu que "não resta muito tempo" para que Israel e seus "vizinhos árabes e palestinos" a alcancem.
"Talvez haja crises durante o caminho, mas não deixaremos que nenhuma crise detenha o processo", ressaltou, referindo-se à suspensão do diálogo indireto com os palestinos, motivada pelo sinal verde dado à ampliação de uma colônia judaica em Jerusalém Oriental.
Após a reunião, os dois chefes de Estado seguiram para um encontro com cerca de 200 empresários brasileiros em um hotel em Jerusalém.
Os próximos compromissos de Lula são uma reunião com a chefe da oposição israelense e líder do Partido Kadima, Tzipi Livni, um almoço privado e, na parte da tarde, uma visita ao Parlamento israelense (Knesset), onde se reunirá com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Ainda no Legislativo, o governante brasileiro fará um discurso aos 120 deputados israelenses. Durante a sessão, o presidente da Câmara, Reuben Rivlin, utilizará o martelo que o político e diplomata brasileiro Osvaldo Aranha usou na Assembléia Geral da ONU que aprovou a partilha da Palestina em novembro de 1947.
Na última hora da tarde, Lula voltará a se encontrar com Peres, que oferecerá um jantar em homenagem ao visitante.
O presidente brasileiro seguirá para a cidade cisjordaniana de Belém amanhã. Ele passará a noite no local, algo muito que líderes internacionais não costumam fazer.
Na cidade, ele se reunirá com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Depois, visitará Ramala, a capital administrativa da Cisjordânia, onde depositará uma coroa de flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat, que morreu em 2004.