A Defensoria Pública da Bolívia determinou nesta terça-feira (23) que as Forças Armadas do país acatem a decisão da justiça sobre a abertura de seus arquivos ao Ministério Público, para que investigue o paradeiro de presos políticos durante as ditaduras militares.
No texto que anuncia a decisão, a defensora Rielma Mencías pede que o comandante das Forças Armadas, general Ramiro De la Fuente, "cumpra com a resolução ministerial que dispôs pelo livre acesso aos documentos, além da decisão judicial".
Na semana passada, De la Fuente não permitiu que o fiscal do Ministério Público Milton Mendoza ingressasse no comando da sede militar.Acompanhado de familiares de desaparecidos durante as ditaduras, Mendoza portava uma ordem emitida pelo juiz Roger Valdéz e acatada pelo ministro da Defesa, Rubén Saavedra.
Apesar de negar a entrada do fiscal, o general garantiu que entregaria a informação requerida, que precisava "ser organizada" devido ao seu volume e quantidade, ao Poder Judiciário.
O ministro da Defesa indicou que "a ordem judicial exige, com precisão, que se permita o acesso à informação", mas "não estabelece a entrada em recinto militar". O Ministério Público solicita detalhes sobre as funções desempenhadas pelo alto comando das Forças Armadas entre julho e agosto de 1980, quando o general Luís García Meza liderou um golpe de Estado contra a presidente Lydia Gueiler.
Na ocasião, três pessoas foram assassinadas, entre elas o então líder do Partido Socialista, Marcleo Quiroga Santa Cruz e dois dirigentes sindicais, cujos restos não foram encontrados até hoje.
Segundo a Associação de Familiares de Desaparecidos e Mártires pela Democracia, há 156 denúncias de pessoas desaparecidas durante as ditaduras entre as décadas de 1960 e 1980.