Eu sou da Federal!


Ao saber que tinha passado no curso de Economia Doméstica na Universidade Federal do Ceará (UFC), Juliana Alexandre, 17, recebeu um banho de champanhe. Na casa de Aila Alves, 17, a vitória por ter entrado no curso de Letras/Espanhol foi comemorada com bolo e refrigerante. Hitalo da Silveira, 17, não conseguiu fugir dos amigos e teve o cabelo raspado nos primeiros minutos que soube da aprovação em Ciências Contábeis. A estudante Marcela da Silva, 18, passou para Matemática e mal conseguiu dormir tamanha a felicidade.

Esse ano, a emoção de passar no vestibular da UFC foi vivido por 149 alunos de escolas públicas de Fortaleza. Segundo a Superintendência de Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), quase o dobro do número de aprovados do ano passado, quando registrou 78.

A Escola Estadual Adauto Bezerra reuniu o maior número de campeões. Foram 25 alunos. Em seguida, veio o colégio da Polícia Militar, com 24 aprovados. A escola Justiniano de Serpa teve 16. E o Liceu do Ceará registrou 12. Segundo o diretor da escola Adauto Bezerra, Humberto Mendes, a conquista é fruto de intenso trabalho de motivação. “Há cinco anos, poucos alunos da rede pública se interessavam em fazer vestibular. Hoje, 90% tentam uma vaga“.

Ele acrescenta que na primeira fase da UFC, a escola teve 134 aprovados, de um total de 280 candidatos. “Estamos mostrando que com força de vontade é possível mudar a realidade“, ressalta.

Barreiras vencidas
Aila é a caçula de seis irmãos e a primeira da família a conquistar vaga na universidade. “Até agora não acredito que é realidade“, diz. Já Marcela lembrar tudo que precisou enfrentar para chegar à 39ª vaga em Matemática. Ela precisou conciliar os estudos com o trabalho e aulas de reforço escolar que dava para complementar o salário. “Esse é o resultado de muito estudo e esforço para conquistar um sonho. Valeu a pena“.

Para a diretora do Liceu, Amélia Landim, os números são satisfatórios ao analisar as barreiras enfrentadas, como greve, transição do núcleo gestor e mudança de professor. “Eles são campeões. A família e a escola deles estão orgulhosos“, destaca.