A Venezuela rejeitou e qualificou de "grosseira" a proposta que os Estados Unidos fizeram para ser mediador da crise que este país enfrenta com a Colômbia, acusando o governo norte-americano de tentar "desviar a atenção de sua responsabilidade".
"A proposta [da Casa Branca, ndr.] tem o claro intuito de desviar a atenção de sua responsabilidade primária na crise e resulta grosseira aos olhos dos povos conscientes do mundo", disse o governo venezuelano, por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores.
O texto também reiterou que a "instalação de bases militares na Colômbia sobre o controle irrestrito dos Estados Unidos constitui a origem desta situação inaceitável e de inquietude regional".
Bogotá assinou no mês passado um acordo militar com Washington que permite o envio de um contingente de até 1.400 norte-americanos para operarem em sete bases colombianas.
O tratado gerou mal-estar entre os países da América do Sul, que acreditam que isto é uma "ameaça" à soberania e à segurança. Em agosto passado, o governo de Hugo Chávez apresentou, inclusive, um documento norte-americano, que revelava que esta era uma estratégia dos Estados Unidos para combater seus "inimigos" na região.
Nesta semana, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ian Kelly, anunciou a disposição de seu país para mediar a tensão entre Venezuela e Colômbia.
Dias antes, Chávez pediu que a população e as Forças Armadas do país se preparassem "para uma guerra", diante de uma eventual agressão a partir das bases militares colombianas. As duas nações também têm enfrentado problemas por conflitos e aumento da violência na fronteira comum.
"Se os Estados Unidos têm um interesse em colaborar para promover o diálogo e a estabilidade regional, devem desistir da intenção de converter a Colômbia em uma base de operações de sua estratégia regional de dominação", ressaltou o comunicado da Chancelaria.
O texto também pontuou que os argumentos utilizados pela Colômbia de que o acordo com os Estados Unidos visa combater o narcotráfico e o terrorismo "são falsos e não dissipam as dúvidas e inquietudes dos países da região sul-americana".