A justiça italiana condenou 23 norte-americanos pelo sequestro, em 2003, de um clérigo egípcio em uma rua de Milão, durante uma captura realizada pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) na cidade italiana. Citando a imunidade diplomática, o juiz Oscar Magi absolveu outros três norte-americanos.
Vinte e dois dos norte-americanos condenados foram imediatamente sentenciados a cinco anos de prisão, ao fim do julgamento de quase três anos. O outro condenado, o chefe da sucursal da CIA em Milão, Robert Seldon Lady, recebeu uma sentença mais dura, de oito anos. Todos os norte-americanos julgados não estavam presentes e são considerados fugitivos. Magi disse que absolveu cinco italianos, pois as autoridades italianas retiveram dados, argumentando que eram secretos.
Os norte-americanos são acusados de sequestrar Osama Moustafa Hassan Nasr, também conhecido como Abu Omar, em 17 de fevereiro de 2003. O clérigo foi transferido posteriormente para bases dos EUA na Itália e na Alemanha. Em seguida, ele seguiu para o Egito, onde diz ter sido torturado. Nasr foi liberado após quatro anos de prisão, sem ter sido acusado.
Em Washington, um porta-voz da CIA não quis comentar a decisão. Já Joanne Mariner, funcionária do grupo Human Rights Watch (HRW), afirmou que o caso é importante, pois envia um "forte sinal" relativo aos "crimes cometidos pela CIA na Europa". Segundo ela, essas ações da CIA foram "inaceitáveis e injustificadas".