Líderes do Congresso em Honduras decidiram adiar, nesta terça-feira, a convocação de uma sessão extraordinária que deverá decidir sobre a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya à Presidência, ao pedir, antes de submeter o acordo à votação no plenário, a opinião de três organismos públicos.
Desta maneira, o acordo será submetido à consideração da Procuradoria, Fiscalia e a Corte Suprema de Justiça – organismo que legitimou a deposição de Zelaya – que "oferecerão sua opinião com caráter de urgência", mas sem um prazo pré-estabelecido, informou o vice-presidente do Congresso, Erick Rodríguez.
Essa decisão da Junta Diretiva do Congresso atrasa ainda mais uma possível saída para a crise política hondurenha que se arrasta há mais de quatro meses.
Acordado na sexta-feira, sob mediação do representante do Departamento de Estado, Thomas Shannon, o pacto fechado entre os negociadores de Zelaya e do governo interino deixou nas mãos do Congresso a decisão sobre a restituição do presidente deposto.
O acordo prevê ainda que até a próxima quinta-feira um governo de unidade nacional deverá ser constituído, dia em que Zelaya também disse esperar ser restituído no cargo.
O governo interino, por sua vez, afirma que Zelaya terá de acatar a decisão do Congresso, seja ela qual for. O presidente deposto afirmou que caso não volte à Presidência, "não há acordo".
Comissão
Na tarde desta terça-feira foi instalada a Comissão de Verificação do Acordo, coordenada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e integrada pelo ex-presidente chileno Ricardo Lagos e pela secretária de Trabalho americana, Hilda Solís. Em representação do governo interino está Arturo Corrales, e o de Zelaya, o embaixador hondurenho na ONU, Jorge Arturo Reina.
Solís e Lagos eram esperados na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, na tarde desta terça-feira, para conversar com com Zelaya.
Do lado de fora do Congresso, membros da Resistência organizaram uma vigília para pressionar "dia e noite" os congressistas a votarem a favor da restituição do presidente.
"Convocamos a população também do interior do país que já estão a caminho", afirmou à BBC Brasil, Rafael Alegria, um dos dirigentes da Resistência.
A seu ver, a decisão do Congresso é parte da "estratégia golpista que busca ganhar tempo" para impedir a restituição do presidente deposto.
"Essa medida do Congresso complica outra vez a situação, mas esperamos que esta semana seja decisiva", afirmou.
O secretário geral da OEA. José Miguel Insulza, pediu aos congressistas hondurenhos que "deixem de retórica" e votem a a favor da restituição de Zelaya.
"O ideal será que (os congressistas) o façam já. É hora que deixem de retórica e tomem a sério", afirmou a uma rádio local equatoriana.