Países da Alba se reúnem na Bolívia para consolidar moeda única


Delegações dos nove países que formam a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) se reunirão na Bolívia a partir desta sexta-feira na tentativa de consolidar um sistema de compensação para as operações comerciais da região, passo essencial para a criação de uma moeda única, o "Sucre", que substituirá o dólar.

O Sucre (Sistema Único de Compensação Regional) deve começar a ser usado em 2010. Segundo Huáscar Ajata, vice-ministro boliviano de Comércio Interno e Exportações, a assinatura do tratado constitutivo do Sucre será um avanço na busca por "soberania econômica e monetária", já que os países do sistema realizariam "as transações mediante um meio de compensação próprio".

Entre os principais benefícios do Sucre, em sua opinião, está "a redução dos riscos provenientes do tipo de câmbio" utilizado, o que facilitará o investimento "através das fronteiras e do intercâmbio" comercial.

A criação de um sistema que postula um comércio justo baseado na compensação, em vez da livre concorrência, será o tema central da reunião da Alba, que ocorrerá até sábado em Cochabamba, a 500 quilômetros de La Paz.

O presidente Evo Morales já declarou que também deseja discutir a situação política da região, em particular a crise em Honduras, que é membro da Alba, além da cessão de sete bases colombianas a tropas dos Estados Unidos e temas relacionados ao recém-criado Banco do Sul, à composição de um Conselho da Mulher, à pesquisa científica e à fabricação regional de medicamentos.

Os nove países que compõem a Alba são Bolívia, Cuba, Venezuela, Equador, Nicarágua, Honduras, Dominica, São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda. Todos enviarão delegações ao encontro, para o qual Paraguai, Rússia e Guatemala foram convidados como observadores.

O lema da reunião entre os presidentes será "Amanhecer dos Povos". Paralelamente, haverá outro encontro, de 420 delegados de organizações sociais de 40 países que buscarão formar uma frente regional.

 "As delegações chegarão com marchas e mobilizações nas ruas. Atuaremos com indígenas, trabalhadores, empresários e almoçaremos com os presidentes para dividir ideias", afirmou Fidel Surco, coordenador nacional das organizações sociais.

 Além dessas atividades, também será realizado um "encontro de complementaridade econômica", que incluirá uma feira em que 200 empresas apresentarão o potencial produtivo e turístico da região. Estão previstas ainda atividades culturais e folclóricas.

Neste contexto, a Bolívia também tentará consolidar um mecanismo regional de arbitragem que substitua o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi), do Banco Mundial, onde existe um litígio entre um grupo italiano de telefonia e o Estado boliviano referente à nacionalização da estatal Entel.

O novo mecanismo serviria para "resolver conflitos dos investidores dos Estados-membros" da Alba, de acordo com a ministra de Defesa Legal do Estado, Cecília Rocabado, responsável pelo processo.

A segurança da reunião da Alba ficará a cargo de 1.600 policiais e militares.